Medo de quê?
Achei estranho o tom da entrevista de Manuela Moura Guedes de ontem.
Apesar de a notícia do DN dar como certo o regresso do noticiário que apresenta, a frase "Só se fossem estúpidos é que me tiravam do ar" soou-me a tentativa de condicionamento de algo de que já se suspeita que está prestes a acontecer, tal como se pode depreender desta outra notícia.
A posteriori, não deixa de ser curioso o timing da entrevista, o tom da notícia..., mas enfim, como em Portugal só o Governo é que actualmente monta cabalas e monta-as sobre tudo...
Na minha opinião, que não percebo nada de audiências e shares e o que me interessa é o que consigo ou não suportar, a Manuela Moura Guedes é das pessoas que mais contribuiram em Portugal nos últimos anos para o abandalhamento de um serviço noticioso para gáudio ou anestesia do público mais imbecilizado. Uma palhaçada que nem tem sequer a ver já com "informação espectáculo" e que se transformou nos últimos tempos numa obsessão, em que parte da classe política portuguesa se revê apenas pelo mais rasteiro oportunismo.
Aparentemente é agora vítima de uma guerra que tem mais a ver com lógicas empresariais em Espanha do que com condicionamentos da opinião pública em Portugal.
Deveria parecer lógico para quem o conceito de "liberdade" é antes do mais um conceito de liberdade empresarial.
A Manuela Moura Guedes é um ícone desta forma de ver a imprensa.
O que não impede que se possa discordar do processo usado para a substituir, o que fizeram de forma coerente o Sindicato dos Jornalistas e a ERC, entidades que ela tratou, a seu tempo, de ridicularizar à boca cheia.
Mas para a ralé, o principal não está aí. Noutas alturas, o problema seria o da "independência Nacional", mas na conjuntura actual, como não podia deixar de ser, vamos agora aturar a histeria de que foi mais uma manobra do Sócrates, seria assim se a senhora fosse atropelada, tivesse um enfarte ou partisse um salto.
Criou-se em Portugal a paranóia de que o Sócrates é assim uma espécie de "Illuminati".
Sempre cavalgando a onda do ridículo mais pimbalhoso, Paulo Rangel arregala os olhos à Manuela Moura Guedes, urgindo por uma espécie de levantamento nacional, não hesitando em pedir apoio às pessoas "de todos os quadrantes políticos"...
Parece que estamos em dia de votação do Big Brother.
Um despedimento numa empresa privada vais ser agora mais uma bóia para que se mantenha à tona a patética campanha eleitoral do PSD.
Só me apetece imaginar um cenário em que o patrão de Manuela não cede e o PSD forma Governo. Irá a outra Manuela manter o "levantamento popular" para a recondução desta?
A esquerda, está claro, tem também tem culpas no cartório nisto, porque há uns anos atrás não hesitou, também por puro oportunismo, em ir a reboque da rábula das "pressões" ao Professor Marcelo.