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domingo, setembro 20, 2009 

À procura da rolha

No incontornável CM, uma notícia de luxo:
"A Presidência da República desconfiava mesmo de que estava a ser vigiada por membros do Governo e chegou a pedir aos serviços de informação de carácter militar (que não o SIS) para que fosse feita uma ‘limpeza’ aos gabinetes no Palácio de Belém. Procuravam aparelhos de escutas que pudessem sustentar as suspeitas de Cavaco Silva e dos que lhes são próximos. O que foi efectivamente descoberto é uma incógnita que fonte oficial do Presidente da República não quer confirmar. Apenas refere que não foram encontrados quaisquer dispositivos de escuta.
O CM sabe que o pedido de verificação sobre eventuais vigilâncias ilegais ao mais alto responsável do País não foi feito às instâncias policiais habitualmente vocacionadas para a investigação deste tipo de casos. O assunto não foi tratado nem ao nível do Ministério Público nem da Polícia Judiciária, por a Presidência da República entender que as mesmas poderiam não garantir a 'confidencialidade' do acto.
As conclusões da investigação e as eventuais descobertas que confirmarão os receios de Cavaco Silvadeveriam só ser tornadas públicas após as eleições, já que o Presidente da República não queria ser acusado de interferir com o resultado das eleições legislativas, caso as mesmas fossem desfavoráveis ao PS.
"
Lê-se e ficasse baralhado.
Primeiro, só agora se fazem buscas independentes, passados quase dois anos sobre as suspeitas.
Segundo, é insinuado que se encontrou "qualquer coisa", que não pode ser agora revelado, mas que esse qualquer coisa não são aparelhos de escuta.
(nota: Ferreira Fernandes diz na sua crónica no Diário de Notícias que " os militares, tendo sido convidados pelo Presidente a passar o palácio de Belém a pente fino, NÃO encontram nada")
Terceiro, que o "qualquer coisa" (que não são aparelhos de escuta) que confirmará (futuro? condicional?) as "suspeitas de Cavaco"... deveria só ser revelado ... depois das legislativas, para não prejudicar o PS .
Aqui pasma-se... Para não prejudicar o PS? A que título? É líquido que, no caso de existirem escutas, foi o Governo ou o PS que as colocou?
Quer dizer que o Presidente, tendo encontrado indícios que incriminavam inequivocamente o PS num assunto deste calibre, optava por "ser bonzinho", para não "prejudicar"?
E assim se dá uma "notícia" habilidosa que partindo de um único facto, o de um assessor presidencial ter confirmado que uma busca efectuada por serviços de informação militares não encontrou quaisquer aparelhos de escuta, vira o bico ao prego sugerindo que há mais "qualquer coisa" a revelar depois das eleições "para não prejudicar o PS"...
Quem é que falou em "clima de condicionamento"?
Vá lá que a crónica "A Conspiração", de Emídio Rangel, salva a honra do Correio da Manhã.