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domingo, outubro 04, 2009 

IN and OUT

Na Cordoaria Nacional, em exibição INSIDE [arte e ciência], uma exposição de arte do Século XXI.
É um conjunto de trabalhos de algumas figuras de referência de correntes de arte de vanguarda representando diversas abordagens das multiplas sinteses possíveis entre a tecnologia e a arte.
Alguns artistas, de que são exemplos Leonel Moura e Carlos Fernandes, trabalham no sentido de facilitar os meios que permitam a entidades artificiais, criar "arte não humana".
Isto é, aceitando que a Vida Artificial gerada tecnologicamente possui inteligência, criam dispositivos capazes de proceder com um certo grau de autonomia e de cuja interacção com o meio emergem criações que os humanos podem admirar como Arte. É um caminho para a "ultrapassagem do homem", na medida em que o aperfeiçoamento das máquinas poderá levar, no futuro, à irrelevância do olhar humano que actualmente ainda sanciona o objecto produzido, quer fornecendo os meios, o tempo e os locais de produção e exibição, quer, talvez, a própria noção de "arte".
Outros artistas, como são os casos de Eduardo Kak e Marta Menezes têm uma "démarche" oposta que se baseia nas tecnologias desenvolvidas pelo homem para "criar" seres vivos através de manipulações genéticas.
Se os dispositivos de Leonel Moura e outros artistas, como Bill Vorn e os seus "robots histéricos", se baseiam na electrónica e nos algoritmos informáticos, Eduardo Kak e Marta Menezes trabalham sobre tecidos vivos e o código genético.
Se estas correntes suscitam interrogações importantes nos domínios da estética, mas sobretudo da Ética, alguns dos participantes optam por técnicas, quer de manipulação cirurgica do corpo, quer de manipulação genética pura e simplesmente aberrantes.
No primeiro caso, a instalação de Stelarc consiste num filme da operação de enxerto de uma orelha no antebraço feita recentemente. Julgo que Stelarc virá à exposição fazer uma conferência.
No segundo caso, Catherine Chalmers exibe fotografias de ratos manipulados genéticamente em laboratórios "da especialidade". A exposição destas figuras de pobres animais anónimos transformados e desfigurados, num contexto "artístico", neutraliza o impacto moral e cauciona uma aberração que mais apropriadamente deveria figurar numa página de jornal denunciando práticas hoje comuns e que nada garante que não possam ou não sejam já ser usadas em humanos.
Para os interessados, no próximo Sábado às 17:00, na Cordoara, Conferência de Natasha Vita-More sobre "Trans-humanismo".