O Desejado
No Público de hoje, um artigo de São José Almeida intitulado "Comunistas, sem vergonha!" , sobre o estalinismo re-emergindo sem complexos entre os militantes do PCP.
Se o diagnóstico está certo e pode ser facilmente comprovado pelo teor claramente social-fascista de diversos posts de alguns dos colaboradores do 5 dias e alguns seus comentadores, não deixa de causar estranheza o tom de regozijo de algumas passagens do artigo, tal como a que reproduzo abaixo:
(bolds, notas, sublinhados meus)
Tirando o pormenor de São José Almeida, uma das jornalistas mais respeitadas e respeitáveis do Público, achar necessário garantir-nos que embora de origem operária, Lopes "nada tem de operário", como quem diz que não é labrego nenhum, o que é claramente uma afirmação de gosto duvidoso, é algo surpreendente ler num jornal independente (e quem diz "independente", diz vale-tudo-menos-tirar-olhos-para-atacar-o-Primeiro-Ministro) uma garantia tão assertiva de que Fulano se trata "claramente" de um "dirigente político operário", uma classificação que implica uma adesão à prática política desse Fulano e que seria de esperar encontrar-se num jornal militante.
Por outro lado, o ênfase posto, neste contexto, nos comunistas que "não têm medo de dizer que são comunistas", parece sugerir que outros comunistas (os "normais"? aqueles a que estamos mais habituados nas últimas décadas? E aqui recordo que o Jerónimo de Sousa, por exemplo, é um político considerado "simpático" por um leque abrangente de adversários políticos) são uma cambada de poltrões e revisionistas.
O certo é que Francisco Lopes, a avaliar pela entrevista que deu recentemente à TVI 24horas, tem todos os atributos para aspirar a ser claramente um "dirigente político operário" na acepção do PCP, pois maneja com mestria soberana a arte da cassette. Na referida entrevista, dada na qualidade de candidato às eleições para a Presidência da República, deu uma resposta idêntica a cada uma das perguntas que lhe colocou a jornalista, baixando apenas ligeiramente a guarda quando confessou gostar de ler romances (por exemplo, do Saramago)...
Tirando o pormenor de São José Almeida, uma das jornalistas mais respeitadas e respeitáveis do Público, achar necessário garantir-nos que embora de origem operária, Lopes "nada tem de operário", como quem diz que não é labrego nenhum, o que é claramente uma afirmação de gosto duvidoso, é algo surpreendente ler num jornal independente (e quem diz "independente", diz vale-tudo-menos-tirar-olhos-para-atacar-o-Primeiro-Ministro) uma garantia tão assertiva de que Fulano se trata "claramente" de um "dirigente político operário", uma classificação que implica uma adesão à prática política desse Fulano e que seria de esperar encontrar-se num jornal militante.
Por outro lado, o ênfase posto, neste contexto, nos comunistas que "não têm medo de dizer que são comunistas", parece sugerir que outros comunistas (os "normais"? aqueles a que estamos mais habituados nas últimas décadas? E aqui recordo que o Jerónimo de Sousa, por exemplo, é um político considerado "simpático" por um leque abrangente de adversários políticos) são uma cambada de poltrões e revisionistas.
O certo é que Francisco Lopes, a avaliar pela entrevista que deu recentemente à TVI 24horas, tem todos os atributos para aspirar a ser claramente um "dirigente político operário" na acepção do PCP, pois maneja com mestria soberana a arte da cassette. Na referida entrevista, dada na qualidade de candidato às eleições para a Presidência da República, deu uma resposta idêntica a cada uma das perguntas que lhe colocou a jornalista, baixando apenas ligeiramente a guarda quando confessou gostar de ler romances (por exemplo, do Saramago)...