A fraude
Certamente que numa imprensa livre existe lugar à expressão de todo o tipo de opiniões.
Mas quando a imprensa, sem deixar de ser livre, pretende apresentar-se como "de referência", parte-se do princípio de que são cumpridos determinados critérios de exigência intelectual que unem os produtores e os consumidores.
Torna-se assim incompreensível que no último Sábado se tenham gasto, no Expresso, quase 3 mil caracteres com uma tontice inconsequente intitulada A fraude global. (1)
Trata-se de uma conversa irresponsável, sem qualquer fundamentação, sem qualquer argumento que não seja o de pretender que o problema do aquecimento global é uma espécie de conspiração de uma entidade obscura que o autor designa genericamente como "os socialistas", uma espécie de "Grupo Bilderberg" de sinal contrário, de que se fará eco o suspeitissimo Al Gore, com o objectivo de promover "um dos mais insidiosos ataques à economia dos Estados Unidos"...
Nem mais... nem menos...
Coitados dos socialistas... não bastava andarem já a braços com as acusações de "neoliberalismo", vem agora este original acusá-los de quererem demolir a economia americana...
Nem mais... nem menos...
Coitados dos socialistas... não bastava andarem já a braços com as acusações de "neoliberalismo", vem agora este original acusá-los de quererem demolir a economia americana...
Mais grave ainda, parece que os tais socialistas que controlam ferreamente a imprensa nos "países de cultura latina", impedem a divulgação de "visões alternativas", como a do autor e restantes putativos defensores dessa brava economia americana. Ó da Guarda!!!
Graças ao Expresso e ao autor, porém, podem os portugueses amordaçados saber algo do que se passa no "mundo exterior" (sic...).
Um mundo exterior, repare-se, onde não existe sombra das polémicas sobre o aquecimento global.
Não são dados passos em todo o mundo para prevenir uma tendência que até meios de comunicação insuspeitos de "socialismo", como o Economist, reconhecem. Nah! na estranja ninguém fala disso, é só cá!
Descontando o estado de confusão intelectual de alguém que em pleno século XXI, em que até os miseráveis do Egipto usam o twitter, ainda supõe que "os portugueses" precisam da sua presciente (e por supuesto "imparcial") clarividência para saberem do que se passa no "mundo exterior", uma pessoa quase que tem vontade de perguntar, mas se então ninguém lá fora, dá troco à questão do aquecimento global, "qual é o grilo"? Qual a necessidade de gastar latim com o assunto?
A alternativa é a interrogação: como é que é possível que o Expresso albergue uma visão lunática deste calibre? Quem impingiu o homem à redacção?
Será que um dia destes teremos direito às elocubrações do "estigmatizado" Irmão Caetano ou outros "illuminati"?
Valha a verdade que nem tudo é mau no artigo: sendo o autor um dos signatários do famoso Manifesto por uma nova politica energética e entre eles, um dos que frontalmente assume que o objectivo subjacente a esse Manifesto é a promoção da energia nuclear, a argumentação aduzida tem o mérito clarificador de mandar às urtigas a caução "ecológica", em particular no que respeita à emissão de gases causadores do efeito de estufa, com que alguns pretendem vender a opção nuclear.
(1) - Não tendo conseguido encontrar o link do artigo no Expresso, linkei a sua reprodução integral no Blog " O último dos Moicanos".
Graças ao Expresso e ao autor, porém, podem os portugueses amordaçados saber algo do que se passa no "mundo exterior" (sic...).
Um mundo exterior, repare-se, onde não existe sombra das polémicas sobre o aquecimento global.
Não são dados passos em todo o mundo para prevenir uma tendência que até meios de comunicação insuspeitos de "socialismo", como o Economist, reconhecem. Nah! na estranja ninguém fala disso, é só cá!
Descontando o estado de confusão intelectual de alguém que em pleno século XXI, em que até os miseráveis do Egipto usam o twitter, ainda supõe que "os portugueses" precisam da sua presciente (e por supuesto "imparcial") clarividência para saberem do que se passa no "mundo exterior", uma pessoa quase que tem vontade de perguntar, mas se então ninguém lá fora, dá troco à questão do aquecimento global, "qual é o grilo"? Qual a necessidade de gastar latim com o assunto?
A alternativa é a interrogação: como é que é possível que o Expresso albergue uma visão lunática deste calibre? Quem impingiu o homem à redacção?
Será que um dia destes teremos direito às elocubrações do "estigmatizado" Irmão Caetano ou outros "illuminati"?
Valha a verdade que nem tudo é mau no artigo: sendo o autor um dos signatários do famoso Manifesto por uma nova politica energética e entre eles, um dos que frontalmente assume que o objectivo subjacente a esse Manifesto é a promoção da energia nuclear, a argumentação aduzida tem o mérito clarificador de mandar às urtigas a caução "ecológica", em particular no que respeita à emissão de gases causadores do efeito de estufa, com que alguns pretendem vender a opção nuclear.
(1) - Não tendo conseguido encontrar o link do artigo no Expresso, linkei a sua reprodução integral no Blog " O último dos Moicanos".