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quarta-feira, março 16, 2011 

Nem consigo dormir

Eu não quero ser chato.
Suponho que para além dos sacerdotes do culto do nuclear, ninguém em seu perfeito juizo se atreveria a congratular-se com os sucessos (e muito menos com os insucessos) do "teste último" às centrais japonesas.
O problema começou de mansinho no Reactor 1 e foi-se desenrolando como um thriller muito negro ao longo dos últimos três dias.
Estoirou o topo do edifício em que o reactor se encontra(va), mas este ficou protegido pela já famosa casamata.
Quando se esperava o anúncio de que tudo estava controlado, nova explosão, desta vez no reactor 3.
Seguiu-se uma nova e espectacular explosão no reactor 2, sendo visível no filme o clarão e a chuva de destroços projectados a grande distância.
No intervalo, os promotores do nuclear em Portugal prestaram um serviço público ao País ao resolverem lembrar-nos, precisamente neste momento, o que entendem por "segurança", e que ainda têem na manga um projecto. Ainda mais "seguro" como os que o são e fazem ão ão.
Entretanto foram-se sucedendo os episódios diversos e confusos. Emissões de gases, subidas e descidas de níveis de radiação, o alarme em crescendo lento, primeiro do governo japonês, depois de (quase) todo o mundo.
Bom, veio em seguida o primeiro fogo no Reactor 4, fogo que já foi controlado a que se seguiu, já hoje, um segundo fogo de que nada se sabe ao certo.
É a conversa redundante, obstinadamente empenhada em recusar enfrentar o problema de fundo: é sempre tudo muito seguro, mas...
Agora a coisa começa a parecer mesmo preta. As autoridades estão a tentar... enfim, as autoridades andam a tentar coisas há três dias e as coisas parecem empenhadas por escapar ao seu controle.
O Homem parece encostado à parede por um mecanismo maravilhosamente potente e eficiente ao ponto de cegar, mas com um potencial destrutivo latente e permanente, na mesma proporção.
Não se sabe, ou pelo menos, não é divulgado, quando, ou se, vai parar.
Eu acho que deveriamos ficar todos muito quietinhos, meditando em silêncio para que isto não termine de uma forma ainda mais desastrosa.
Pensar nos 50 trabalhadores, provavelmente condenados, que dão tudo por tudo no interior da central.
É claro que o Eng. Sampaio Nunes nos lembrará diligentemente que acidentes e mortos há-os todos os dias. Nos hospitais, então... e os hospitais são locais onde é suposto salvarem-se pessoas.
Mas eu estou a falar só para humanos.