Dos dois lados da barricada
Na revista Der Spiegel, que com uma certa frequência serve de porta-voz aos escribas mais conservadores e ao bushismo mais primário, um artigo de um tal Matthias Küntzel defendendo a intervenção israelita no Líbano.
Começa com a repetição do argumento patético que temos lido, com resultados brilhantes ao longo dos últimos cinco anos:
"The natural reaction to the current violence in the Middle East is one of horror. It's time for a cease-fire, right? Not necessarily. Pacifism would only help the radicals."
O pacifismo "só ajuda os radicais".
"The natural reaction to the current violence in the Middle East is one of horror. It's time for a cease-fire, right? Not necessarily. Pacifism would only help the radicals."
O pacifismo "só ajuda os radicais".
É? Então vamos ser belicistas. E qual o resultado que tem dado?
Matthias enumera de seguida umas razões infantis e lapalissianas para suportar a sua tese, colocando-se do ponto de vista do Mossad.
"Israel's military operation has already resulted in positive effects."
Efeitos positivos!
Parece que são marcianos a falar.
Percebe-se quais os efeitos positivos da acção de Israel quando se virem as fotos que ilustram o artigo. Vale a pena para quem tenha estômago.
Na Mother Jones, surpreendentemente, e mostrando que há sempre razões para acreditar nalguma coisa, Mario Vargas Llosa em The Lebanon Blitz consegue fazer uma análise decente da situação no Líbano, algo que eu imaginava estar fora do seu alcance .
" Israel is a nation that stands for moral rectitude. But how can it win people over when it uses means that make a mockery of those very principles?"
O Líbano estava curar as feridas da guerra civil, a reencontrar a tolerância inter étnica e inter religiosa graças ao dinamismo económico de uma classe média forte e cosmopolita.
Seria uma questão de tempo até o Hezzbollah e grupos afins pudessem começar a ser isolados pelo desenvolvimento económico.
Tudo isso foi agora por água abaixo, engrossando as perspectivas do reacendimento da guerra civil e do triunfo do extremismo. Estaca zero.