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terça-feira, setembro 11, 2007 

Ils sont partout

O José da Grande Loja, levou-nos nos últimos dias numa interessante viagem através dos últimos quarenta anos.
Escrito por alguém que se assume como não de esquerda, defendendo que esta é sempre portadora de uma "matriz" totalitária que se manifesta sob várias matizes através da história, a série de textos surpeeende porque ao contrário de outras tentativas de caracterização da vida intelectual portuguesa do mesmo período que negam à esquerda qualquer influência cultural, esta atribui-lhe uma quase total e asfixiante preponderância.
A mim parece-me que esta análise peca por um certo exagero, embora os exemplos alinhados (e scanerizados) para suportar a argumentação se possam considerar como bastante representativos. É um trabalho muito bem feito que envergonharia facilmente a maioria dos sujeitos que se dedicam a este tipo de análise nos jornais.
Claro que o José faz um bocadinho de batota quando até o PSD pretende meter no caixote da esquerda. Tem a mesma raiz do PS. Ora o PS, está, segundo ele entranhado das mais entranhadas ideias ( e personagens) maximalistas. Tem a mesma matriz do PC... não só nas pessoas como também nas ideias... e por aí adiante.
A determinada altura quase que parece que vamos assistir a um jogo do empurra:
O Jerónimo de Sousa a empurrar o PS para "a direita", o José a empurrá-lo para próximo do PC.
A questão que parece interessante, no entanto, é a de saber o "porquê".
Porque é que a esquerda assumiu tal preponderância?
Por causa do PC?
Como reacção ao antigo regime? Mas como se ao que parece o antigo regime nem era tão mau como o Pintam, tanto que permitia que nos seus últimos anos e apesar da censura, que se afirmasse nos meios de comunicação essa predominância?
Por uma espécie de controle totalitário? É certo que a partir de determinada altura era impossível pensar em entrar em certos nichos sem se ser simpatizante ou militante do PC. Mas era isto verdadeiramente efectivo para a generalidade da imprensa? Não era até perigoso para os "habitantes" dos tais nichos?
Porquê? Apesar dos crimes, das purgas... várias gerações de portugueses cada uma à sua maneira, cada uma com as suas manias e contradições próprias, "sente-se" à esquerda.
Eu poderia tentar responder a isto, mas duvido que seja capaz de fazê-lo de uma forma desapaixonada.