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sexta-feira, outubro 05, 2007 

Influenza

O título da notícia do Sol que já referi no post abaixo é capcioso porque ilude que na realidade não há nenhuma prova directa do envolvimento de Sócrates.
A notícia baseia-se meramente em conversas entre terceiros.
Ou seja, o conceito de "investigação" deste "jornalismo de referência" resume-se ao farejar parasita das transcrições das escutas telefónicas ordenadas por um juiz, à procura de assuntos colaterais ao âmbito em foi ordenada a escuta. O juiz torna-se assim numa espécie de "hospedeiro" do "jornalista de referência".
Ainda quanto a este caso, e já que veio a público, falta acrescentar que de acordo com o testemunho indirecto de um dos escutados, a "influência" que Sócrates terá "movido" para "pressionar" Sampaio, foi nem mais nem menos do que... Portas, o Paulo (ver nota).
Como a realidade ultrapassa normalmente a ficção, este é um dos casos em seria preferível uma noticia relativamente honesta que revelasse a um país dividido que
"Sócrates pediu a Paulo Portas para tentar convencer o seu grande amigo Jorge Sampaio que substituísse o Procurador Souto Moura, não pelo preferido do Presidente, mas pelo protegido do Secretário Geral do PS".
De tão delirante e inverosímil era mais apelativo do ponto de vista comercial e prestaria aos leitores ingénuos o serviço de lhes mostrar como funcionam os bastidores da vida política portuguesa.
Com este grau de tabloidização da imprensa, devidamente sintonizado com o grau zero da política, não é difícil imaginar qual vai ser o tom da próxima campanha eleitoral.
Há uns meses perderam-se semanas a discutir, num país alegadamente em crise profundíssima, e na sequência de uma OPA falhada, os detalhes de uma licenciatura.
Claro que na altura tratava-se de um assunto que "interessava ao povo". Tinha que ver com a bisbilhotice mais rasca, e tratava-se de demolir um indivíduo "poderoso". Nada a ver com populismo, portanto.
Desta vez, se não pegou fogo à pradaria, foi porque a populaça está vidrada no caso Madeleine e o assunto à primeira vista não mete sexo, futebol ou dinheiro e portanto não dá para discutir na pastelaria.
Mas há-de haver mais oportunidades.
(Nota: Se tivesse sido o Miguel, já se sabia que tinhamos dissertações sobre as ligações entre o PS e o BE, do género tudo a mesma coisa, a mesma raiz totaliária, etc...)