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segunda-feira, novembro 19, 2007 

Despeitos inconsequentes

No Público de hoje, um texto incongruente de Alexandra Teté sobre o aborto.
Aparentemente as estatísticas demonstram que o recurso ao aborto nos hospitais públicos depois da despenalização, é muito inferior ao que se esperava.
A Alexandra poderia congratular-se com esse facto e reconhecer que a normalização que decorreu do resultado do último referendo desmente as previsões catastrofistas dos partidários do "não" que nos prometiam raios e coriscos, rios de sangue e restos de bracinhos e perninhas a juncar as ruas logo que fosse dado o tiro de partida para o novo enquadramento legal.
Infelizmente isso seria pedir demais. O que ela prefere é repetir os processos de intenção do costume ao sugerir que alguém ficou triste por os números estarem abaixo do esperado.
Alguém ficou?
Ao que parece a Alexandra ficou contente. Mas não foi por haver poucos abortos, foi por as previsões da campanha do "sim" estarem erradas. Vendo bem, é triste.
Por outro lado, parece que os níveis de "objecção de consciência" dos médicos foram mais elevados do que se esperava.
E então? Mantiveram-se assim artificialmente baixas as taxas de aborto, negando a tese que ela começa por defender ou isso é um mero paliativo para o orgulho ferido da minoria derrotada no referendo, que não interessa para a questão de fundo?
Contra a própria coerência da sua argumentação brande seguidamente o fantasma da possibilidade da generalização do acto trazida pela legalização, não vá alguém esquecer-se, não vá alguém ainda ignorar que sim, a legislação já está em vigor.
Baseada em que estatísticas desta vez? Népia.
Enfim, os pés pelas mãos, não interessa debater ou analisar seja o que seja, o que interessa é demonstrar que o "sim" estava errado.
Até quando vai esta gente ocupar as mente(zinhas) em desforras estúpidas contra um adversário que só existe na cabeça deles e delas?