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domingo, junho 08, 2008 

O crescimento ilimitado

A Wired é uma vibrante revista americana.
É uma tribuna dos apóstolos de uma espécie de capitalismo anarquista, libertário no que respeita a costumes e incondicional da ciência e de todas as novidades tecnológicas que tenta conciliar informação sobre tecnologia avançada, negócio e as boas causas da moda sem se enlear nas paranóias moralistas dos neoconservadores.
Nos anos 90 do boom económico da era Clinton, atravessou uma fase de euforia quando alguns dos seus editorialistas descobriram na configuração das forças produtivas marcada pela explosão da net, da globalização das então chamadas novas tecnologias e do comportamento brilhante em bolsa das empresas porta bandeira do movimento, muitas delas centradas em Silicon Valley, a concretização simultânea de um patamar acima do "fim da história" e do mito thatcheriano do "capitalismo popular".
Isto produziu delírios sobre a radiosa era de "crescimento ilimitado do mercado" que se seguiria, vertidos para artigos que fizeram época, como "The long boom" de Peter Schwartz e Peter Leyden e "New rules for the new economy", de Kevin Kelly, este último memoravelmente ridicularizado pelo circunspecto Paul Kruger nas páginas da Slate.
Das figuras da época merece referência especial o alucinado pastor evangelista do mercado livre, George Gilder, que fez fortuna a pregar a liberalização dos mercados e a vender conselhos de investimento na bolsa e acabou totalmente arruinado quando estoirou a bolha dotcom. Pelo menos, este pode gabar-se de ser um "liberal" coerente.
Passados cerca de 10 anos de tudo isto, com o planeta imerso numa série de crises graves vale a pena reflectir um pouco sobre o estilo messiânico e "de fronteira" que contaminou uma geração de ideólogos.
Uma passagem do artigo de Krugman sintetiza o estado de espírito dos "revolucionários".
As loucuras da Wired são relativamente benignas e agradáveis de ler, mas o mesmo não se pode dizer de outras consequências do sindroma Luke Skywalker.