« Home | Os rabis, Olmert e a corrupção » | Encruzilhada democrata » | Tudo e o seu contrário » | Fuga para a frente » | Olha quem fala » | O crescimento ilimitado » | A solução biológica » | A privatização do ambiente » | O dilúvio » | Aristocracia » 

domingo, junho 29, 2008 

Obsolescência

Ontem à noite, depois da apresentação do livro de Slavoj Zizek na Cinemateca, mais uma discussão sobre a actual crise energética e o fim anunciado da civilização tal como nós a conhecemos...
Fim da civilização, ou melhor, um retrocesso para uma espécie de Idade Média.
Para os conservadores poderá ser o regresso a um estado "natural" pré-Revolução Francesa, sem teorias utópicas a prejudicar o equilíbrio das coisas "no seu devido lugar"; para alguns esquerdistas e ambientalistas poderá significar o regresso a um passado idealizado de maior "comunhão" do "homem com a natureza" ainda longe da alienação capitalista.
O fim da história será assim, não a democracia burguesa ou liberal, não o comunismo depois da passagem pelo socialismo, mas uma espécie de alternativa entre o feudalismo e o comunalismo consoante a predisposição genética faça uns mais pessimistas e outros mais optimistas, já que não há como enquadrar a discussão num nível mínimo de racionalidade...
Se a conclusão é a de que a humanidade está prestes a crescer até aos 8 biliões de indivíduos pelo crime de ter abusado dos combustíveis sólidos, e uma relação mais "natural" implica regredir para níveis demográficos da ordem do bilião no espaço de alguns anos ( se este número será ou não suficiente depende da monomania de cada sábio e dos crentes dispostos a seguir as variadissimas possibilidades alternativas que os sábios procurarão vender) estamos perante um cenário de tal forma apocalíptico ( Hitler, Staline, Mao, são responsáveis pela morte de meros milhões ou dezenas de milhões, aqui estamos a falar de uma escala de biliões...) que é fútil qualquer espécie de reflexão política.
Por outro lado, este alarmismo torna mais plausíveis soluções desesperadas como o nuclear e em menor grau os transgénicos. Se a alternativa é o desaparecimento de sete oitavos da humanidade em poucos anos, que espécie de louco recusará uma solução péssima desde que ela apareça como capaz de impedir a catástrofe imediata?
Talvez esteja aqui uma hipótese para se entender parte da discussão sobre a crise energética actual.