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sábado, setembro 05, 2009 

A grande evasão

O editorial do Correio da Manhã, "Um apagão desastrado", é bem um produto dos "tempos interessantes" que atravessamos.
Até ontem, as teses do Chomski sobre o perigo dos poderes discricionários das administrações dos grandes meios de comunicação, eram motivo de ridículo. Hoje, os mais veementes defensores da "iniciativa privada" como garante da independência jornalística, indignam-se com as consequências desse poder.
E porque se indigna Octávio Ribeiro, logo secundado pelos habituais comentadores para quem "É triste que neste Pais tinhamos chegado a este ponto"?
Porque o aparente mandante da pressão que levou à demissão foi "um espanhol".
Qualquer dia "seremos uma província da ibéria", geme outro comentador do Correio no espartilho dos 120 caracteres de comentário permitido...
Mas espera, nos últimos parágrafos da crónica, Octávio Ribeiro, depois de sabiamente cogitar(apresentar factos resultantes de investigação jornalística está quieto...) sobre as razões de decisão tão tresloucada , encontra uma "explicação lógica": "Nenhum argumento ditado pelas leis de mercado pode ser chamado para justificar o apagão da pluralidade que se deu no ecrã da TVI. A decisão do grupo Prisa só pode ser entendida à luz da política." Passando de largo sobre a questão essencial nada ter a ver, para Octávio, com critérios informativos mas sim com "Leis de mercado", o que faz sentido, porque até agora nenhum jornalista ou opinador dos jornais apresentou um único facto credível que nos informe sobre o porquê do que se passou e os jornais, quais "anónimos" blogs, limitam-se a divulgar biscas e bocas, parece que afinal reside aqui, cá bem no fundo do túnel, alguma luz que nos aqueça: é que afinal os espanhóis mandam na TVI, sim, mas a mando do nosso Primeiro Ministro. Foi o Sócrates quem deu a ordem, está tudo claro, e eles limitaram-se a cumprir. O Sócrates é muito malvado, isso confirma-se, mas salva-se a independência ao País. Afinal, a invasão deles é aparente, somos nós, nózinhos quem dita as regras dos critérios informativos na Ibéria.
Com calma, ainda vamos ser a Capital, a Castela do século XXI.