Mascarada grotesca
A cimeira de Copenhaga acabou finalmente e foi, como era inevitável, um tremendo fracasso.
Só podia ser.
Só com grande irresponsabilidade e desprezo pelas regras democráticas se pode imaginar que decisões como as que se pretendia tomar, envolvendo o destino de milhões de empresas e pessoas com interesses contraditórios por todos os continentes, se alcançam em treze dias de reuniões e balbúrdia.
Para a mascarada ser completa nem faltou o Obama, nem faltaram as chamadas "organizações ambientalistas" que não se percebe o que lá foram fazer para além de contribuirem para aumentar a pegada ecológica e cumprirem alegremente o papel que lhes está destinado e assumiram como seu, de "alternativos" que armam a barraca do lado de fora em contraponto minuciosamente coreografado ( tom simpático e colorido inicial, o endurecimento que vai em crescendo das manifs e confrontos com a polícia, ao momento orgástico das "tentativas" de invasão) com o que se passa do lado de dentro, como os países "pobres", dirigidos na sua maioria por criminosos corruptos, dispostos a todas as danças do ventre para acederem a mais dinheiro, mais dinheiro para "salvar o ambiente", supostamente à custa dos países "ricos". O Sudão, aflito com as emissões de CO2 provenientes da carbonização de dezenas de aldeias inteiras ao longo da guerra civil que ali grassa, teve até honras de porta voz dos países "pobres".
Para que a hipocrisia fosse completa, salvou-se alguma coisa. Com o "evento", ganhou dinamismo a indústria hoteleira escandinava, ganharam as companhias petrolíferas e de aviação, ansiosas por albergar e transportar o maior número de "verdes", jornalistas e políticos.
Houve, apesar de tudo, um lado positivo: não se decidiu nada e os países mais poluidores estabeleceram um vago compromisso que pelo menos não estabelece que não querem estabelecer compromisso nenhum.
Pode ser que isto abra a porta a discussões mais sérias.
Mas era preciso todo este charivari?
Alguns lunáticos gritaram "traição", que se "alcançou pouco". Pensavam que os governos que alguns acham dominados pelo "grupo Bilderberg" e até, extra-terrestres, chegavam ali e decretavam a salvação do Mundo à vista de toda a gente? Por acaso, até foram, ao que parece, os governos mais suspeitos de envolvimento com organizações secretas que manejam o mundo como se tratasse de um programa de computador, que tentaram dar passos mais "avançados". Foram os Governos europeus. Mas como notaram alguns comentadores de direita com nítida satisfação, a Europa tem cada vez menos peso no Mundo.