E ao contrário?
Segundo o Público, cerca de 30% dos investidores acredita que Portugal entrará em incumprimento da dívida.
Quer dizer que cerca de 60% acredita que não entrará.
Se apenas um terço dos investidores (e quando digo apenas não estou a ignorar as circunstâncias e as consequências de tal se verificar) "acredita" no incumprimento, porque é que tantos analistas nos pretendem fazer crer que isto quer dizer que ele se verificará? Porque é que os analistas que tanto acreditam no "mercado", acreditam mais nos trinta por cento do que nos sessenta por cento?
E se fosse ao contrário, isto é, se cerca de 60% acreditassem no incumprimento da dívida por parte de Portugal?
....e se 60+30=90...
....onde foram parar os 10 que faltam?
Posted by Anónimo | 1:55 da manhã
...38 por cento são "cerca" de 40%, não são "cerca" de 30%.
Mas o mais importante é isto: não se trata de chegar a 50% e ganhar uma votação qualquer. Não interessa se é a maioria ou não. Os juros sobem à medida que a confiança desce. Se a percentagem que acredita no incumprimento fosse de 10% teríamos juros mais baixos, se é 38% então naturalmente os juros sobem, e se eles sobem então a probabilidade de incumprimento é maior, e portanto a percentagem sobe de novo, etc; a partir de um certo momento o processo entra em feedback e estamos tramados. É um processo semelhante a uma corrida aos bancos. A sua análise é inválida precisamente porque não toma essa realidade em conta.
Posted by Anónimo | 2:08 da manhã
obrigado pelos comentários, a que só estou agora a responder por ter estado ausente no fds.
os 10% andam nos "cerca de" e o segundo anónimo tem razão em criticar o facilitismo de assumir 38% como 30% e até "um terço" como refere a notícia do público.
Mas julgo que a questão essencial não é essa. Também concordo que não se trata duma votação, embora me pareça que existe um tipping point catastrófico no momento em que mais de 50% dos investidores "acharem" que não vamos cumprir. Se o risco de desencadeamento de feedback positivo existe com 38% de "descrentes", a partir dos 50% seria (será?)quase absurdo pensar-se nalgum investidor interessado em emprestar-nos dinheiro.
Percebendo razoavelmente os mecanismos de feedback, interessa-me apenas questionar o papel que desempenham, no desencadear desses mecanismos, aqueles que, não percebendo nada de economia ou finanças, nem sendo, sequer, investidores(embora não seja de excluir que alguns funcionem como agentes de alguns deles), não perdem qualquer oportunidade para notícias bombásticas (ou títulos bombásticos- ver o meu post abaixo sobre o relatório do fmi e como foi relatado na imprensa) sugerindo a inevitabilidade de acontecer aquilo em que apenas uma minoria de investidores, por enquanto, acredita. E certamente que os 38% são o resultado do evoluir de uma situação que se arrasta há algumas semanas.
Posted by rui | 12:39 da manhã