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A chamada crise do capitalismo está a redundar, a vários níveis, num gigantesco retrocesso civilizacional.
À conta desta crise "do capitalismo", Portugal, para apenas dar um exemplo, ganhou um governo que deixou de ser autónomo para se auto-condenar a tentar agir como proxy de uma Comissão Europeia não eleita, mas dominada pelas forças mais reaccionárias da Europa, na esperança, que cada vez mais se constata como vã, de "limitar desgastes".
À conta desta "crise do capitalismo", a sociedade europeia e americana parece condenada a seguir, sem qualquer "sobressalto cívico", a lógica militarista e anti-igualitária do poder triunfante do capitalismo renovado à força dos "bail outs" incontestados dos grandes bancos e instituições financeiras e à custa da "racionalização económica" feita sobre as costas dos desprotegidos e despossuídos, uma minoria dos quais estrebuchando sem rumo em propostas de soluções utópicas que fizeram sentido há cem anos atrás e uma maioria "invisível", sem meios de representação ou expressão.
Teóricos como Hervé Kempf, podem vender muitos livros e dissertar sobre a necessidade de "limitar" o capitalismo.
Infelizmente, tudo isto não passa de retórica vazia destinada a alimentar almas cheias de lirismo. A realidade que estamos a viver, em que de um lado se assiste diariamente à imposição de medidas cada vez mais gravosas sobre a maioria da população e do outro a total impotência das forças sociais sequer para reagir, quanto mais para "propôr alternativas", mostra que estamos ainda muito longe de isso ter alguma hipótese de acontecer.
Dadas a forma como funciona a Comissão Europeia, em que a pretexto das "regras da livre concorrência", se tenta descaradamente obrigar os Estados, e a maioria dos cidadãos europeus, a "optar livremente" pela gereralização irrestrita de Organismos Geneticamente Modificados, a "questão ecológica", sobre a qual Portugal é frequentemente pressionado, parece cada vez mais como uma forma de chantagem adicional que impede o nosso desenvolvimento e nos condena a ser "bons alunos" nessa matéria específica, enquanto o desenvolvimento "norma" prossegue, sem limitações, no resto do mundo.