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quinta-feira, janeiro 05, 2006 

Ao crava

No Portugal Contemporâneo, uma referência cheia de candura ao processo em curso de refundação da Direita, que nem o mais delirante adepto do Bloco de Esquerda se atreveria a "propalar":

"(...)Depois, no seguimento disto, começaram a surgir alguns indícios dessa eventual renovação: uma fundação que aglutinaria liberais, conservadores e democratas-cristãos com Paulo Portas, patrocinada (paga) por dinheiros provenientes de instituições ligadas ao Partido Republicano dos EUA; uma revista (a Atlântico) que se propunha representar uma nova geração de gente de direita que pensaria para além da política do dia-a-dia; uma intensa actividade blogosférica, com algumas extrapolações públicas, concretizadas em meia dúzia de conferências e debates(...)" (bolds e sublinhados meus)

Descansem que não vou já desatar a incomodar com o "partido do Bush", etc...
O que acho divertido neste texto é comprovar que a teoria de que "não há almoços grátis", é só para "inglês ver". A não ser que para almoçar umas côdeas do partido republicano americano, a direita portuguesa refundida, garante da dignidade e da independência nacionais e sobretudo a verdadeira defensora dos interesse dos "mais necessitados", esteja disposta a pagar o que seja necessário.
Por menos do que isto seria o Partido Comunista certamente acusado de "alta traição" ao procurar no tempo da ditadura apoio do PCUS, tal facto converteria imediatamente os seus dirigentes em "espiões soviéticos".
É evidente que os direitistas da refundação o farão com alguma dose de inocência (enfim...). Acreditam tanto num sistema que identificam com "a verdade" e "a liberdade", que nem concebem que outros teriam esperado o mesmo tipo de apoio apenas em função do "internacionalismo proletário" e não exactamente para "prejudicar o país".
Em termos de táctica política, os protagonistas da refundação reproduzem com um seguidismo impressionante (com um século de atraso) as técnicas leninistas "da revista". Neste caso a Atlântico. Fazendo parte de "uma estratégia", para chegar a um sítio qualquer...
Mas o que me deixa mesmo deveras desesperançado, é constatar que descontando o episódio irrisório da revista, a nossa direita mais "liberal", voluntariosa, inundando as colunas de opinião com "receitas de sucesso", como se estas estivessem acessíveis "a qualquer um" disposto a trabalhar "ao virar da esquina", não conceba sair do buraco em que se encontra sem ser ao crava dos americanos, caramba.
Arranjem kermesses, vendam o corpo, metam-se no imobiliário, vão para as obras, vendam badges, façam bolos para fora, mas tentem pelo menos, tentem sair da crise vendendo o paleio que tentam impingir como solução para os problemas do país.

Grande Rui,

se não tivesse lido aqui, nem terias sabido destas exóticas ideias.

gostei do blogue.

um abraço

"teria" ao invés de "terias", obviamente. fica registada a correcção.

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