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terça-feira, novembro 20, 2007 

Discutir seriamente

Há uns meses atrás fazia uma tarde de sol, encontrei-me numa roda de amigos numa casa algures no Alentejo.
As crianças brincavam na piscina e à mesa petiscava-se e discutiam-se os assuntos candentes do momento.
Para não variar, estava na berlinda a localização do novo aeroporto.
Cada um dos presentes elaborou longamente sobre os malefícios da Ota, essa catástrofe anunciada.
Eram os ventos, o nevoeiro, o terreno pantanoso... enquanto gabava as evidentes vantagens da localização alternativa que era na altura Rio Frio. Tal como certamente todos os outros convivas dessa tarde, já não me lembro das vantagens de Rio Frio.
Para ser franco acho que já ninguém se lembra de Rio Frio. Ninguém se lembra "do" que é Rio Frio.
Porém, naquela agradável tarde soalheira, uma dúzia de pessoas, parte, tal como muitos milhares de outras espalhadas pelas esplanadas do país de Expresso e Público ao colo, da classe média, a classe autoconfiante por excelência que pretende representar o sentir "d'o País" que pensa e decide, estaria disposta a esquecer as preocupações habituais com os milhões que o Estado malbarata em obras faraónicas e subscrever a aprovação dessa localização caso fosse decidida por um qualquer Ministro (o actual já tinha sido demitido, quanto mais não fosse por desagravo à população da Margem Sul por causa daquela terrível história do "deserto").
Foi pena Rio Frio deixar passar em vão os seus cinco minutos de fama. Dificilmente voltarão.
Há milhares de pequenas localidades espalhadas de Norte a Sul do País dotadas de Presidentes da Câmara e empresários atentos às oportunidades de desenvolvimento, todos convencidos das suas possibilidades como alternativa à Ota e dispostos a financiar estudiosos competentes de curriculo irrepreensível capazes de elaborar estudos que o comprovem.
E num País democrático todos têm direito a iguais oportunidades. Temos muito tempo.