O Bom Senso
À sua maneira, pode dizer-se que o PP fez uma campanha inteligente, ignorando os casos que encheram as parangonas e focando-se nos temas que percebeu que lhe dariam ganhos.
Com excepção do Partido Socialista e de José Sócrates, que venceram claramente as eleições, pode dizer-se que o grande vencedor, em todos os aspectos, foi Paulo Portas.
Claro que a votação em Portas assenta em diversos equívocos, sendo o principal dos quais a pretensão de que os portugueses que votaram no PP manifestaram uma preocupação por "menos estado".
Nada mais enganador.
Para a maioria dos portugueses que engrossaram o contingente eleitoral do PP, "menos Estado", um mantra que colhe sobretudo nos guettos ultra liberais e minoritários da blogosfera, é tão chinês como o gimmick onomatopaico, masturbatório-compulsivo das "micro-pequenas-e-médias-empresas" do Jero, à esquerda.
Os portugueses que votaram no Portas, só ouviram o discurso quanto às questões de segurança.
Esses portugueses, querem MAIS Estado, querem polícia nas ruas que efectivamente imponha a segurança no espaço público e um Estado que imponha e faça cumprir as leis que são aprovadas.
Atributos essenciais da democracia, diria.
Um discurso de bom senso que a esquerda, presa de um pavor atávico à autoridade legítima do Estado, como se ainda não estivesse convencida de que vivemos efectivamente num regime democrático, ignora e minimiza de forma suicidária.
As questões da Justiça e da Autoridade do Estado são precisamente alguns dos aspectos onde o governo socialista perdeu terreno junto de grande parte do eleitorado, estão na base de muito descontentamento gerado contra o sistema político, tolhem o nosso desenvolvimento como País e têm forçosamente que ser melhorados durante a próxima legislatura.