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domingo, setembro 13, 2009 

Opaco ruído

Helena Matos admirou-se por não encontrar na Imprensa uma notícia sobre a saga de Balbino Caldeira para tentar, debalde, publicar uma investigação sobre a vida académica de José Sócrates de verdadeiro interesse nacional neste momento de crise e de necessidade de modernização do nosso sistema político.
Segundo os critérios de Helena, rigorosamente objectivos, não se justifica a dificuldade em publicar o livro uma vez que nada faz supor que seja pior do que as restantes toneladas de lixo inútil publicado continuamente em Portugal.
Constatando o "opaco silêncio" à volta da saga, a nossa "muckraker" viu a vantagem competitiva.


Evidentemente que para fugir à Censura Rosa foi preciso usar de uma linguagem metafórica que iludisse o famoso "lápis rosa", realidade bem presente em contraste com os exageros pouco objectivos com que uma certa esquerda procura minimizar o trabalho notável da Comissão de Censura pré-74, foi preciso usar habilmente o ardil de negar o que se pretende afirmar:


"Não me parece provável que as editoras pelas quais passou O Dossier Sócrates tenham recebido algum recado do gabinete do primeiro-ministro desaconselhando a publicação do livro, quanto mais não seja pela prosaica razão de que tal não é necessário: o país é pequeno, os negócios não vão bem..." para evidenciar o que todos os portugueses (pelo menos os de boa vontade...) sabem: O Primeiro Ministro tem um Gabinete Secreto (pago pelos contribuintes) cuja missão é precisamente essa, a de impedir a publicação de qualquer livro incómodo para o Governo, em particular os de António Balbino...

Foi difícil, trouxe chatices.

Para concluir o corajoso artigo, Matos sofreu "pressões", enfrentou o espectro do desemprego e do exílio... foi necessário fintar as brigadas de esbirros socialistas que invadiram o jornal e apreenderam edições...

No fim, tudo acabou em bem:

Balbino, um idealista pragmático disponibilizou o livro na Internet.

De borla, conseguindo até agora para cima de 10.000 downloads, o que permite ajuizar do êxito editorial que seria se vendido no Super ou nas bombas de gasolina, um novo Equador, é bem possível.

Matos publicou o artigo no Público, não se sabendo se recebeu a respectiva avença ou se recebendo-a a terá destinado ao Balbino e às outras vítimas da "quase ditadura" de Sócrates, ou destinado a apoios ao Movimento Manuela Volta em homenagem a uma heroína tombada na luta pela "liberdade de expressão" em Portugal.