Não quiz entrar em 2010 sem ver o filme de
2009 que toda a crítica profissional e amadora classificou como "de génio":
Inglorious Basterds do
Quentin Tarantino.
Eu sei que as minhas credenciais cinéfilas são zero, mas sofri uma profunda decepção com este gigantesco barrete.
A historieta, sem pés nem cabeça, (há quem aprecie o "delicioso" revisionismo histórico proposto na cena final) regurgita de "referências" e "citações", "piscadelas de olho" aos entendidos que o decifram como uma charada ou quizz show visual para cinéfilos de sorriso beatífico nos lábios a cada trecho da banda sonora saído de um western spaghetti, a cada menção a realizadores alemães de culto, a cada fachada de cinema berlinense, a cada enchumaço corleonesco nas bochechas do Brad Pitt. Só não sei de onde vem o pormenor sórdido do corte de escalpe, talvez de algum documentário sobre um talho famoso.
Depois de realizar um filme realmente genial como o "
Pulp Fiction" (que na realidade é um mundo de filmes e histórias entretecendo-se com mestria dentro de um filme cronograficamente circular),
QT tem-se afundado em coisas como a saga/seca do "Kill Bill" de onde apenas se aproveita a prestação retro/kitsch das
5.6.7.8's, e agora este "inglorious" cujas mais valias parecem ser a pronuncia apalachiana cerrada (versão americana do grunho mais grunho da mais profunda parvónia) do
Brad Pitt e o supostamente inesquecível actor alemão que interpreta o nazi caçador de judeus.
Cinema ou palavras cruzadas?
Para sair de casa ou fazer um serão prefiro o cinema. As palavras cruzadas dão-me sono.