Inimigo Público (2)
Duarte Lima é um homem com valor. O seu percurso, de jovem miserável do interior do Nordeste Transmontano, à proeminência que adquiriu no PSD e na vida política nacional em cerca de uma década, é digno da maior admiração e faz corar de inveja os seus colegas de profissão e da política que partiram, na sua esmagadora maioria, de situações infinitamente mais favoráveis.
Duarte Lima é desde há muitos anos suspeito de envolvimento em negócios pouco claros, foi investigado, mas nunca foi condenado.
Agora foi formalmente acusado pelo Ministério Público brasileiro, de assassinato de uma cliente.
Apesar de não ter existido condenação formal, a opinião pública portuguesa foi quase unânime na aceitação passiva da sua culpabilidade. Por paradoxal que pareça à primeira vista, a acusação de assassinato feita a um ex-deputado, figura importante do partido do governo e advogado destacado, não provocou particular emotividade no País, nem sequer um sobressalto patriótico por um dos "nossos" ser assim acusado pela justiça de outro País.
A explicação para isto, a meu ver está no seguinte:
1- Toda a gente já percebeu que Duarte Lima é intocável. Os brasileiros não podem vir cá buscá-lo e a Justiça portuguesa não mexerá uma palha (e se mexesse seria para rapidamente se perder num labirinto de contradições até o caso se extinguir, ou, na remota pior da hipóteses para Lima, no percurso maçador dos degraus dos recursos até chegar, daqui a cinquenta anos, e se ainda necessário, depois do inevitável recurso para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, à absolvição final). Não há, portanto, circo a montar à volta desta história.
2- O crime foi um mero assassinato de uma velhota que se queria abotoar à fortuna de um ricaço. Não envolveu, que se saiba, dinheiro "nosso", dinheiro "do povo", e portanto é pouco passível de se verem as manchetes emocionais do Correio da Manhã ou do Público mantendo o caso em fogo brando. O Crime, quando muito, continuará a vasculhar o caso para gáudio da sua plateia de outsiders e tudo ficará por aqui.
3- O esclarecimento do crime tem nulo interesse político para os órgãos de comunicação, totalmente dominados pela maioria no Poder, e é pouco relevante para a Oposição, a braços com mais do que fazer do que se preocupar com as rábulas de um antigo deputado, ainda que feroz cavaquista.
Em resumo: prendam o Sócrates, para ver se há descanso no País.
Duarte Lima é desde há muitos anos suspeito de envolvimento em negócios pouco claros, foi investigado, mas nunca foi condenado.
Agora foi formalmente acusado pelo Ministério Público brasileiro, de assassinato de uma cliente.
Apesar de não ter existido condenação formal, a opinião pública portuguesa foi quase unânime na aceitação passiva da sua culpabilidade. Por paradoxal que pareça à primeira vista, a acusação de assassinato feita a um ex-deputado, figura importante do partido do governo e advogado destacado, não provocou particular emotividade no País, nem sequer um sobressalto patriótico por um dos "nossos" ser assim acusado pela justiça de outro País.
A explicação para isto, a meu ver está no seguinte:
1- Toda a gente já percebeu que Duarte Lima é intocável. Os brasileiros não podem vir cá buscá-lo e a Justiça portuguesa não mexerá uma palha (e se mexesse seria para rapidamente se perder num labirinto de contradições até o caso se extinguir, ou, na remota pior da hipóteses para Lima, no percurso maçador dos degraus dos recursos até chegar, daqui a cinquenta anos, e se ainda necessário, depois do inevitável recurso para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, à absolvição final). Não há, portanto, circo a montar à volta desta história.
2- O crime foi um mero assassinato de uma velhota que se queria abotoar à fortuna de um ricaço. Não envolveu, que se saiba, dinheiro "nosso", dinheiro "do povo", e portanto é pouco passível de se verem as manchetes emocionais do Correio da Manhã ou do Público mantendo o caso em fogo brando. O Crime, quando muito, continuará a vasculhar o caso para gáudio da sua plateia de outsiders e tudo ficará por aqui.
3- O esclarecimento do crime tem nulo interesse político para os órgãos de comunicação, totalmente dominados pela maioria no Poder, e é pouco relevante para a Oposição, a braços com mais do que fazer do que se preocupar com as rábulas de um antigo deputado, ainda que feroz cavaquista.
Em resumo: prendam o Sócrates, para ver se há descanso no País.