OMO
O i publica hoje uma capa que descaradamente se insere na campanha branqueadora (ou de deslinchamento) do Dr. Jardim.
O título Carlos Moreno: "O buraco na Madeira é normal em todo o Estado", sugere que o antigo Juiz do Tribunal de Contas relativiza o buraco madeirense. Considera-o "normal".
Esta opinião tem particular relevo porque Carlos Moreno, com a autoridade e conhecimento de ter acompanhado esses projectos como Juiz do Tribunal de Contas, publicou ainda há pouco tempo o utilíssimo livro "Como o Estado Gasta o Nosso Dinheiro", em que explica como foram geridos de forma ruinosa diversos grandes projectos públicos das duas últimas décadas e o contributo que isso teve na situação actual.
E não o escreveu, certamente por achar esses casos "normais".
E esse livro, que curiosamente não analisa projectos desenvolvidos na Madeira, foi importante na consciencialização do grande público de algumas "anormalidades" graves na gestão desses projectos.
E isso teve repercussões nas opções eleitorais dos portugueses.
A dívida pública portuguesa, pode ter explicações mais ou menos convincentes, ser alvo de críticas mais ou menos consistentes ou contundentes, mas não é, e não tem assim sido tratada pelos meios de comunicação e em particular, o "i", "normal".
E alguém, e muito particularmente Carlos Moreno, classificar como "normal" em letras garrafais de primeira página, um grande buraco a nível relativo e um extraordinário buraco que diz respeito a uma região com uma área irrisória, cavado pela gestão absoluta ao longo de mais de três décadas, do grupo liderado por Jardim, só pode ser uma afirmação muito descontextualizada, ou uma relativização que não é inocente e que nunca deveria ser feita por alguém com sincera preocupação com a gravidade do problema da dívida pública.