« Home | Mútuas ilusões » | Frontalidade » | Técnica e política » | Até quando, a complacência? » | No Le Monde, no contexto de uma interessante série... » | Lenine, volta » | Turvo » | Matem o homem... » | Power Rangers » | Dar à sola » 

segunda-feira, abril 04, 2011 

Luta de classes

O aberrante confronto entre clubes de futebol (e já não são só as famigeradas claques), as peripécias ridículas e o nível de confrontação a que se assistiu recentemente nas eleições internas de um clube (alegadamente representante das "elites"), mostram várias coisas (para começar):
1- Parece que a política ainda é um refúgio de paz e tranquilidade (e até de respeitabilidade).

2- Houve cerca de trezentos mil voluntários para desfilar um dia contra a precaridade, há milhares de voluntários para se esventrarem mutuamente semana após semana a pretexto de um espectáculo, muitas vezes de má qualidade.
3- A geração à rasca é um oasis de conformismo e inconsequência que nem competência tem para organizar um movimento social de combate à precaridade depois de ter podido confirmar nas ruas as suas potencialidades, mau grado a gritaria revolucionaresca, alienada da realidade e inconsequente, de meia dúzia de agitados.

4- A enorme violência latente na sociedade está, por enquanto, maioritariamente canalizada para o futebol e, do mal o menos, espera-se que continue assim. Nem quero pensar no que acontecerá quando acabar de contaminar a política.
5- Por uma vez a imprensa não pode acusar nem o Sócrates nem "este governo", nem sequer "os políticos" ou mesmo "esta política" pelo desenrolar da novela grotesca a que, com a sua participação empenhada de mexeriqueira, amplificador e go between entre protagonistas, temos vindo a assistir sem se ver o fim à vista.
6- Fora da política convencional e das instituições democráticas, a alternativa disponível na "sociedade civil", por muito que custe admiti-lo, é a Costa do Marfim (país, aliás, de grandes tradições futebolísticas).