Fait divers
Para além do fait divers, as circunstâncias do ataque a Vital Moreira no desfile da CGTP do 1.º de Maio, obrigam a reflectir na relação que existe hoje entre a esquerda e as comemorações do 25 de Abril e do 1.º de Maio.
A perspectiva de alguma esquerda, sobretudo aquela mais ligada ao PCP, do que é a comemoração do dia da Liberdade é simples: vai à manifestação do 25 de Abril quem se identifica com a "conquista da liberdade". Mas se lá for carecendo do reconhecimento dessa qualidade por parte dessa esquerda, e sabemos como ela é avara em atribuir essa honra a quem não faz parte da sua órbita, é tratado como visita, desprezado, ou mesmo agredido. Se lá não voltar, é porque não valoriza a Liberdade. Como Queria Demonstrar.
Por consequência, o que se comemora no dia 25 de Abril actualmente, não é a Liberdade alcançada no dia 25 de Abril de 1974 e celebrada euforicamente por todo o País durante aquela semana até ao 1.º de Maio, mas sim a liberdade de alguns dos que se opuseram ao anterior regime ou dos seus continuadores garantirem um forum onde podem auto-congratular-se em paisagem simbólica tranquilizadora e sem perigo de contraditório como pano de fundo .
Esta visão do que é "preservar", palavra já de si suspeita quando aplicada a algo que se pretende vivo e dinâmico, como a Liberdade e a Democracia, a "pureza" do legado do 25 de Abril, é a melhor forma de o isolar, matar e fossilizar.
Se quem tem a "legitimidade" para desfilar é apenas quem trabalhou para "tornar possível" o 25 de Abril, a consequência é que o 25 de Abril deixará de ter significado quando o último dos sobreviventes "legítimos" desse momento histórico deixar de poder andar. Na melhor das hipóteses desfilará ainda, sózinho, por mais uns anos, de cadeira de rodas ou ligado a uma máquina operada por enfermeiros de pedigree assegurado.
Ao invés de ser inclusivo, e significar a liberdade para todos os portugueses, incluindo os que não se opuseram activamente ao anterior regime e aqueles que vieram depois, o desfile e as comemorações tornar-se-ão cada vez mais sectários e gerontocráticos.
Tornar-se-ão numa fantochada deprimente, um ritual vazio, traduzido já hoje por tiques como palavras de ordem da idade da pedra, (fascismo nunca mais...haja Deus) e a persistência do patético quadrado dos "ilustres".
A comemoração do dia da Liberdade e do Primeiro de Maio, pelo significado particular que este último tem no caso português, como o dia em que efectivamente se celebrou a Liberdade com a participação entusiástica de todo o povo português num momento único e irrepetível de unidade que ultrapassa em anos luz o âmbito das CGTPs ou da UGTs ou de outra qualquer força política ou sindical, só fará sentido se for aberta a todos os que se identificam com o facto de o 25 de Abril ter aberto uma porta e ser, relativamente às liberdades (e não apenas no conceito de liberdade de Álvaro Cunhal) um corte total com o regime anterior. Sejam eles da esquerda, da direita ou do centro. Guardiões, mesmo que em nome da Liberdade, não podem nem devem ser tolerados.
A perspectiva de alguma esquerda, sobretudo aquela mais ligada ao PCP, do que é a comemoração do dia da Liberdade é simples: vai à manifestação do 25 de Abril quem se identifica com a "conquista da liberdade". Mas se lá for carecendo do reconhecimento dessa qualidade por parte dessa esquerda, e sabemos como ela é avara em atribuir essa honra a quem não faz parte da sua órbita, é tratado como visita, desprezado, ou mesmo agredido. Se lá não voltar, é porque não valoriza a Liberdade. Como Queria Demonstrar.
Por consequência, o que se comemora no dia 25 de Abril actualmente, não é a Liberdade alcançada no dia 25 de Abril de 1974 e celebrada euforicamente por todo o País durante aquela semana até ao 1.º de Maio, mas sim a liberdade de alguns dos que se opuseram ao anterior regime ou dos seus continuadores garantirem um forum onde podem auto-congratular-se em paisagem simbólica tranquilizadora e sem perigo de contraditório como pano de fundo .
Esta visão do que é "preservar", palavra já de si suspeita quando aplicada a algo que se pretende vivo e dinâmico, como a Liberdade e a Democracia, a "pureza" do legado do 25 de Abril, é a melhor forma de o isolar, matar e fossilizar.
Se quem tem a "legitimidade" para desfilar é apenas quem trabalhou para "tornar possível" o 25 de Abril, a consequência é que o 25 de Abril deixará de ter significado quando o último dos sobreviventes "legítimos" desse momento histórico deixar de poder andar. Na melhor das hipóteses desfilará ainda, sózinho, por mais uns anos, de cadeira de rodas ou ligado a uma máquina operada por enfermeiros de pedigree assegurado.
Ao invés de ser inclusivo, e significar a liberdade para todos os portugueses, incluindo os que não se opuseram activamente ao anterior regime e aqueles que vieram depois, o desfile e as comemorações tornar-se-ão cada vez mais sectários e gerontocráticos.
Tornar-se-ão numa fantochada deprimente, um ritual vazio, traduzido já hoje por tiques como palavras de ordem da idade da pedra, (fascismo nunca mais...haja Deus) e a persistência do patético quadrado dos "ilustres".
A comemoração do dia da Liberdade e do Primeiro de Maio, pelo significado particular que este último tem no caso português, como o dia em que efectivamente se celebrou a Liberdade com a participação entusiástica de todo o povo português num momento único e irrepetível de unidade que ultrapassa em anos luz o âmbito das CGTPs ou da UGTs ou de outra qualquer força política ou sindical, só fará sentido se for aberta a todos os que se identificam com o facto de o 25 de Abril ter aberto uma porta e ser, relativamente às liberdades (e não apenas no conceito de liberdade de Álvaro Cunhal) um corte total com o regime anterior. Sejam eles da esquerda, da direita ou do centro. Guardiões, mesmo que em nome da Liberdade, não podem nem devem ser tolerados.
Plenamente de acordo .
Capitão de Abril
Posted by Anónimo | 12:06 da manhã