O lado bom de Sarah Palin
O triunfo de Sarah Palin é o mais claro indício de que se atingiu um novo patamar na luta pela libertação da mulher.
O facto de uma pessoa cujo traço principal é o desejo de poder se ter convertido tão rapidamente numa das figuras a ter em conta na política americana dos próximos anos, dispensa de vez o discurso redutor e paternalista do tipo "se fossem as mulheres a mandar no Mundo..." e a necessidade de encontrar determinados traços de carácter que o estereótipo associa às mulheres para legitimar o argumento pela imprescindível e indiscutível igualdade de direitos, incluindo o desejo de Poder.
Nesse aspecto ela tem um papel mais importante do que Hillary Clinton, uma política legitimada porque "inteligente" e vagamente simpática à esquerda americana e europeia mas que por oportunismo não resistiu a cometer o profundo erro político e ideológico de jogar a cartada da "mulher".
As mulheres devem ter os mesmos direitos e deveres dos homens e ponto final, sem considerações sobre o seu carácter particular e independentemente das formas como esses direitos e deveres se exercem na vida de cada pessoa.
Em última análise esta questão só poderá ser entendida no dia em que seja plausível e "normal" conceber a existência de um Pinochet mulher ainda que nos repugne a figura e devamos fazer tudo para impedir tal cenário.
Sarah Palin, não é certamente um Pinochet, embora a possibilidade de vir a ocupar o cargo de Presidente americano torna plausível que possa vir a controlar uma capacidade de destruição com que o repulsivo chileno nunca poderia sonhar; é apenas uma lider populista e ambiciosa que como qualquer líder populista e ambicioso se agita freneticamente para concretizar a sua ambição, e é nesse perfil neutro do ponto de vista do género que reside a sua grande vantagem como afirmação da igualdade de direitos entre os sexos.