sábado, setembro 30, 2006 

O inimigo principalzinho

O pessoal perdeu ( de certo modo compreensivelmente) a pachorra para os islâmicos, e toca a erigi-los como inimigo principal, como se alguém acreditasse verdadeiramente que os muçulmanos pudessem alguma vez na puta das suas vidas pretender sequer empreender uma "conquista do oeste".
Quer dizer... pretender eles pretendem muita coisa.
Por muito desprezo que possamos ter pela retória repulsiva desse pessoal e as suas práticas habituais, parece evidente qual o lado onde está a força militar por mais "fraca" que aos mais exaltados pareça actualmente a nossa civilização.
Ameaça terrorista no ocidente? Sim senhor, há que combatê-la e é o que parece que se tem estado a fazer, a julgar pelas redes que sucessivamente têm sido desmanteladas, raramente ( ou melhor dizendo, nunca) tendo oportunidade de fazerem mais do que um atentado bem sucedido e ala para a choça ou para a morgue.
Comparar isto com a segunda guerra mundial por exemplo, é um rotundo absurdo.
Enquanto o pessoal anda entretido com isto, os nazis renascem com força na Alemanha.
Oxalá que a pensar no pesadelo de irmos parar à mesquita, não vamos todos mas é directos de novo para "os campos".

 

Sake

Uma discussão acalorada num almoço (divino) regado com sake, obrigam-me a algumas clarificações sobre esta história do Papa e todo o circo que a rodeia.
Enquanto não arranjo tempo para escrever sobre isso de forma mais desenvolvida aqui no blog, continuo a propor como aperitivo leituras retiradas de meios de comunicação insuspeitos de simpatias esquerdistas para que se perceba que não sou só eu quem não tem muita pachorra para "o mito do inimigo omnipresente" .
Uma passagem divertida, que realço aqui porque se refere a um argumento que eu próprio, com estes olhinhos que a terra há-de comer, já vi o Pacheco Pereira papaguear num programa qualquer de televisão:
"... Americans are told -- often by the same people who had once predicted imminent attacks -- that the absence of international terrorist strikes in the United States is owed to the protective measures so hastily and expensively put in place after 9/11. But there is a problem with this argument. True, there have been no terrorist incidents in the United States in the last five years. But nor were there any in the five years before the 9/11 attacks, at a time when the United States was doing much less to protect itself. It would take only one or two guys with a gun or an explosive to terrorize vast numbers of people, as the sniper attacks around Washington, D.C., demonstrated in 2002. Accordingly, the government's protective measures would have to be nearly perfect to thwart all such plans. Given the monumental imperfection of the government's response to Hurricane Katrina, and the debacle of FBI and National Security Agency programs to upgrade their computers to better coordinate intelligence information, that explanation seems far-fetched. Moreover, Israel still experiences terrorism even with a far more extensive security apparatus."
Bon apetit.

sexta-feira, setembro 29, 2006 

Re-Vamping the Babe

O Dr. Pitanguy ( e o progresso) ao serviço da Babe

 

Babes de Babe

 

Burn, Babe, burn

A high-life de Babe

 

I got you Babe

A terra mais quente de Trás-os-Montes

terça-feira, setembro 26, 2006 

Sobe sobe, balão sobe

Em debates sobre a arquitectura da cidade, para além de argumentos de ordem subjectiva, é frequente ouvir defender-se a vantagem da chamada "construção em altura" com o argumento de que assim se "concentraria a cidade" e se "pouparia espaço" que sobraria, claro está, para jardins e outras utilizações ecológicas e sustentáveis.
A consequência mais provável, porém, seria a explosão dos preços do terreno urbano e da especulação imobiliária, o que, complementando-se com outros factores contribuiria para degradar a qualidade de vida das nossas cidades.
A obsessão pela "vivenda" low budget em terrenos baratos porque desqualificados quer pela ausência de planeamento e deficientes infra-estruturas, manifestação de individualismo mesquinho e paroquial talvez enraizada no nosso imaginário (e origem) rural renitente a assumir plenamente uma civilização urbana e cosmopolita e responsável pela degradação urbanística ocorrida nos últimos trinta anos nos subúrbios das nossas cidades com particular incidência em Lisboa e no Porto, encontraria novo alento como resposta/fuga à desertificação do centro das grandes cidades, devido à explosão dos preços dos terrenos e da construção.
Para já não falar da forma como os valores paisagísticos de uma cidade como Lisboa, por exemplo, serão feridos de morte se essa tendência alastrar à zona ribeirinha ( o projecto de Norman Foster em Santos...).

 

O preto e o branco

Uma conclusão surpreendente e que não deixará de interessar os portugueses fanáticos pró-sionistas.

segunda-feira, setembro 25, 2006 

Morra o Urânio, viva o Tório

A nova esperança do nuclear... é o tório.
É só vantagens:
- Produz energia barata e não contribui para o efeito de estufa
- Não corre o perigo de desencadear por si reacções em cadeia
- Não é prático para utilização em armas de destruição maciça de bolso
- Pode utilizar lixo radioactivo "convencional" como combustível
- O seu lixo radioactivo permanece activo apenas umas centenas de anos
Se funcionar é o maná, por isso vamos esperar umas décadas para (tentar) ver...

 

Do relativismo

Os laboratórios ideológicos da direita passaram umas boas décadas e muito dinheiro a financiar a produção de argumentos contra o que chamam de "relativismo".
Com tal sucesso que hoje em dia é de novo possível argumentar que há religiões melhores do que outras, e que civilizações, há sem dúvida uma que é tão melhor do que todas as outras juntas ( excepto, ao que parece, o Império Romano...) de forma tão natural e evidente que é dever dos seus defensores bombardearem as outras e é dever das outras concordarem com esse facto.
Hoje em dia até começa a fazer sentido para algumas franjas mais radicais dessa gente avaliar o comportamento de cada um na sua esfera privada, basta ler as bacoradas dos professores Espada e Monteiro.
Não deixa assim de ser estranho assistir à tentativa de "contextualização" (palavra tão detestada quando aplicada noutros... contextos) de uma frase que não podia ser mais clara:
Mostra-me o que Maomé trouxe de novo, só vês coisas más e desumanas, tal como a sua ordem de espalhar pela espada a fé que pregava.
Imagine-se que alguém tentava fazer o mesmo tipo de contextualização com algumas das tiradas revisionistas e racistas do presidente iraniano?
Se não se quizesse ferir a susceptibilidade dos muçulmanos não estaria tão mais à mão ir procurar textos produzidos por cristãos, como por exemplo aquelas tiradas sobre a dilatação "da fé e o Império" enaltecendo a "jihad católica" com que grande parte dos portugueses foram brindados na sua juventude?
Poderei concordar que a "intenção" do Papa não fosse agredir os muçulmanos.
E é isso que perturba: o sentimento de superioridade e impunidade é tal que se acha que uma frase deste tipo possa ser proferida "naturalmente", sem intenção de ofender, sem que os atingidos se lembrem sequer de achar-se atacados.

 

Privilégio elitista como o caraças

Percorrer sózinho a fantástica exposição de Jorge Martins, um dos maiores pintores portugueses ( só?) contemporâneos ( e vivos) no CCB.
Sózinho, repito.
E depois dizem que o CCB está decadente.
Por mim apreciei o privilégio e até vou tentar voltar.
Mas o que anda o restante público a fazer?
Não é preciso puxar muito pela cabeça.

 

O distraído


Nesta história do Papa, é mais fácil aceitar que o homem nem se apercebeu bem da asneira que fez, do que perceber os espertos que tentam impingir-nos a todo o custo que o que ele literalmente disse, não foi o que quiz dizer.
Por outro lado, se é claro que o Papa, como homem, é "livre" de dizer o que acha mais conveniente, deveria esperar-se também que fosse mais responsável como líder político e religioso, sobretudo quando se pronuncia publicamente no exercício do seu cargo, no contexto de uma situação política internacional cuja instabilidade ele conhece.
Mais "diplomata", mais "sentido de Estado".
Será que na história das religiões e da filosofia não haveria(haverá?) uma outra citação mais apropriada para ilustrar o que se diz que ele pretendeu transmitir que não refira expressamente o "outro" de forma crítica?

domingo, setembro 24, 2006 

Liberal bias

Current World Affairs publica uma breve análise e um extracto:

Number of peer-reviewed articles dealing with “climate change” published in scientific journals during the previous 10 years : 928
Percentage of articles in doubt as to the cause of global warming : 0%
Articles in the popular press about global warming during the previous 14 years : 636
Percentage of articles in doubt as to the cause of global warming : 53%

do livro do Al Gore.

nota: para o Al Gore, a amostra da "popular press" é constituída por:
New York Times
Washington Post
LA Times
The Wall Street Journal.

 

Festa na aldeia

O problema da "Guerra ao Terrorismo" pode ser debatido de muitas formas.
Mas documentos como a entrevista dada por Zbigniew Brzezinski à Der Spiegel, mostram bem o que são as argumentações na base do "anti-americanismo", do "anti-semitismo" e do "conluio com a Al-Qaeda e o Hezzbollah" .
Atirar os foguetes e apanhar as canas.
nota: encontrei o link "original" para a entrevista através de um link no blog AI'd...continued , num post do próprio Brzezinski.

sábado, setembro 23, 2006 

Ler os bonecos

O triunfalismo dos promotores do SOL, é com certeza sol de pouca dura.
Passada a curiosidade inicial, as vendas vão baixar abruptamente.
Esta semana, vão amontoar-se nas lojas as pilhas de exemplares para devolução.
Simultaneamente, o decadente Expresso desapareceu das bancas.
Parece que foi desde que mudou de formato... e passou a oferecer ao povo uma boa selecção de DVDs (patrocinados pelo novo Ford Galaxy!) a um preço ridículo.
Na Loja Select do meu bairro, às 10 da manhã de Sábado, é de admirar desde há três semanas, o espectáculo de uma bicha de pessoas, cada uma com o seu exemplar do Expresso debaixo do braço.
Para evitar açambarcamentos, o jornal já não está previamente organizado num saquinho com o DVD lá dentro.
Os diferentes cadernos estão dispostos sobre um tampo de fórmica para que os clientes o "auto-organizem" (lá está, a participação do público na feitura do jornal, preconizada entre outros pelo presciente director do SOL).
O funcionário da caixa, verifica depois se tudo está devidamente organizado, quer dizer, se nenhum cliente tenta cometer o crime improvável de roubar um caderno principal ou uma revista a mais, e junta-lhe o DVD que tem junto a si, bem protegido por detrás do balcão.
Não é por nada, mas os editores do Expresso demonstrariam um grande realismo e consciência ecológica se passassem pelo menos durante o período desta promoção, a limitar a edição do simpático semanário a uma folhinha com o seu logotipo a acompanhar o DVD.
Seria ir ao essencial de uma ideia brilhante para acabar com a iliteracia em Portugal e desenvolver a leitura. Das legendas, é claro. Assim como assim, o pessoal já pouco mais faz do que ler os bonecos...

 

Caça às bruxas?

No resumo das conclusões do Compromisso Portugal do caderno de Economia da edição escrita do Sol ( numa primeira visita pareceu-me um site muito bem organizado) , o antigo Secretário de Estado da Energia do Governo do Cavaco, Nuno Ribeiro da Silva, é referido como o "delator Nuno Ribeiro da Silva". Prenúncio do regresso do PREC à Imprensa portuguesa?

 

Back to the future

Yes, I am a Communist,” he says. “Communism is a very beautiful theory, the most human theory. The teaching of God, the Creator, is the same. Communism teaches you to love each other, not kill each other. The only way to do this is for everyone to become brothers, which might take a million years. It is utopian, but it is beautiful.
Será?

domingo, setembro 03, 2006 

O próximo é o Público

Depois do fim do Independente, chega a hora do Público.
As "alterações" anunciadas ontem no jornal incluindo um "rearranjo" incompreensível dos vários suplementos e que são um mero pretexto para aumentar o preço do jornal, indicam esse facto triste.
A meu ver, é a indicação clara de que a gestão adoptou uma linha de "fuga para a frente" para fugir à crise.
Em vez de melhorar e dinamizar conteúdos e de procurar credibilizar-se mais como grande jornal de referência, eventualmente cortando com a palha que constitui grande parte de alguns suplementos, eventualmente concentrando-os, em vez de disponibilzar parcialmente conteúdos na Internet (por exemplo o arquivo das crónicas de opinião e editoriais dos vários cronistas, seguindo uma das variadissimas e por vezes contraditórias estratégias adoptadas por outros grandes jornais e revistas), mesmo com recurso a publicidade, em vez de optar por um diálogo com outras formas de comunicação como os blogs, a gestão aumenta os preços...
Talvez a minha "solução" seja simplória demais, mas a deles, vai levar ao desastre.
É pena.

 

Demarcação de territórios

Como qualquer animal, uma certa espécie de português sente a natural necessidade de demarcar território.
Os animais irracionais normais, fazem-no por processos naturais, com materiais bio-degradáveis.
Essa espécie de português, anormal e com acesso irrestrito aos produtos de consumo da civilização industrial, demarca o seu território de forma indelével.
nota: esta foto foi tirada no mesmo local isolado que a foto do post anterior, e dá uma imagem parcial do que era possível observar.
Mas poderia ter sido tirada em qualquer outro local isolado do País.

 

Flying

Ao longo do Douro Internacional, a caminho de Freixo de Espada à Cinta.

 

Direita amiga, o povo está contigo

A "morte" do Independente, tal como as rábulas do Manuel Monteiro e as "movimentações" de Ferraz da Costa, têm sido pretexto para as mais variadas especulações sobre a "crise" da Direita, uma Direita que há tão pouco tempo parecia tão viçosa que os seus entusiastas apregoavam (sobretudo na blogosfera, valha a verdade) uma outra "morte", a da Esquerda.
Para mim não há razões para alarme.
O voto maioritário no Partido Socialista oculta a realidade de que Portugal é um país maioritariamente de direita, onde o individualismo mais mesquinho, a demissão de qualquer espírito de solidariedade colectiva e para parafrasear esse grande líder da classe operária que foi (é...) Carlos Carvalhas, o "salve-se quem puder" são traços profundamente enraizados.
Basta olhar para a catástrofe urbanística que é o nosso território, para o desprezo votado ao nosso património colectivo.
Mais prosaicamente, basta olhar para a javardice que são as bermas das nossas estradas.
Portugal vota maioritariamente à esquerda por uma razão simples: a esquerda agora no poder, trouxe uma mensagem conservadora de "normalização" e "segurança", ainda por cima sob a égide mais ou menos benevolente de uma figura tutelar e com laivos de autoritarismo austero como o Presidente Cavaco. É preciso dizer mais ?
Se parece prevalecer uma atitude civilizada quanto às questões internacionais, tal deve-se essencialmente ao facto de não querermos chatices.
O mérito da Direita das sociedades industrializadas em ter dominado a esquerda através da estupidificação cultural das massas e da generalização do consumo, acto que conduziu a uma maior estabilidade social permitida pela disseminação alargada da ilusão de uma maior autonomia e até de inclusão nas classes dominantes, incompatíveis com as necessidades de coesão colectivista, virou-se contra ela quando chegou a hora de reclamar, por sua vez, apoio popular para uma cruzada, nada mais natural.
O problema da Direita em Portugal, não é, assim, tanto de influência como de "coerência de sistema".
É um sistema de Direita e os políticos de Direita (ou os aspirantes) sentem a agonia de não fruir inteira e sobretudo exclusivamente dele e das benesses permitidas.
O que é coerente com ser de Direita.
Continuamos pois, no caminho certo.

 

Ponto.Final.

O Independente acabou e quase todos carpiram a sua lágrima.
Se o Independente "acabou" agora, já tinha "morrido" à muito tempo, facto que pouco ou nada teve a ver com o putativo intuito do Paulo Portas o usar como o seu Izvestia.
Foi quando, derrubado o Cavaco ( como o ridículo não mata, alguns atribuem agora ao Indy a portentosa faculdade de principal responsável por essa benção), os leitores, entre os quais eu me incluía desde o princípio, deixaram de encontrar as reportagens sobre as coisas sérias que afectaram a fase final do descalabro cavaquista e se começaram a deparar com mexericos ridículos sobre ivas e sizas (os casos Lacão, Murteira Nabo, Vitorino...), num intuito demasiado óbvio de abandalhar à nascença o primeiro governo do Guterres .
A "morte" foi aí.
De então para a frente apenas se seguiu a rampa descendente até às chafurdices em que o semanário patinhou no caso Casa Pia que o trouxeram para o patamar de credibilidade do Crime e do Diabo.

 

União ibérica

O envio de tropas para o Líbano é um passo na direcção do atoleiro em que os americanos e os seus proxys estão ansiosos por enterrar a europa.
É tão óbvio e irritante que nem vou perder mais tempo com isto, pelo menos por agora.
No meio disto tudo, sempre o ridículo:
a forma como os telejornais têm tratado a hipótese do contingente português ficar sob comando espanhol (ui!! mãezinha, horror! unidade europeia sim, "eficácia operacional" sem dúvida, europa a "falar a uma voz" de acordo, mas tudo menos isso !!!) .
Montagens de depoimentos livremente "interpretados" pelos jornalistas em flagrante extrapolação do que acabou de ser dito, procuram a martelo evidenciar supostas contradições entre os ministros da defesa português e espanhol, na tentativa de fabricar mais um "caso" ao estilo da imprensa desportiva.
Para quê? O mal já está (a ser) feito.

 

O carro à frente dos bois

Ainda não recebi o reembolso do IRS relativo a 2005 e já ando a receber cartinhas das Finanças notificando-me para fazer pagamentos por conta relativos a 2006.
É o que se chama moralização fiscal.