A "morte" do Independente, tal como as rábulas do Manuel Monteiro e as "movimentações" de Ferraz da Costa, têm sido pretexto para as mais variadas especulações sobre a "crise" da Direita, uma Direita que há tão pouco tempo parecia tão viçosa que os seus entusiastas apregoavam (sobretudo na blogosfera, valha a verdade) uma outra "morte", a da Esquerda.
Para mim não há razões para alarme.
O voto maioritário no Partido Socialista oculta a realidade de que Portugal é um país maioritariamente de direita, onde o individualismo mais mesquinho, a demissão de qualquer espírito de solidariedade colectiva e para parafrasear esse grande líder da classe operária que foi (é...) Carlos Carvalhas, o "salve-se quem puder" são traços profundamente enraizados.
Basta olhar para a catástrofe urbanística que é o nosso território, para o desprezo votado ao nosso património colectivo.
Mais prosaicamente, basta olhar para a javardice que são as bermas das nossas estradas.
Portugal vota maioritariamente à esquerda por uma razão simples: a esquerda agora no poder, trouxe uma mensagem conservadora de "normalização" e "segurança", ainda por cima sob a égide mais ou menos benevolente de uma figura tutelar e com laivos de autoritarismo austero como o Presidente Cavaco. É preciso dizer mais ?
Se parece prevalecer uma atitude civilizada quanto às questões internacionais, tal deve-se essencialmente ao facto de não querermos chatices.
O mérito da Direita das sociedades industrializadas em ter dominado a esquerda através da estupidificação cultural das massas e da generalização do consumo, acto que conduziu a uma maior estabilidade social permitida pela disseminação alargada da ilusão de uma maior autonomia e até de inclusão nas classes dominantes, incompatíveis com as necessidades de coesão colectivista, virou-se contra ela quando chegou a hora de reclamar, por sua vez, apoio popular para uma cruzada, nada mais natural.
O problema da Direita em Portugal, não é, assim, tanto de influência como de "coerência de sistema".
É um sistema de Direita e os políticos de Direita (ou os aspirantes) sentem a agonia de não fruir inteira e sobretudo exclusivamente dele e das benesses permitidas.
O que é coerente com ser de Direita.
Continuamos pois, no caminho certo.