quinta-feira, julho 31, 2008 

O fundo do Túnel Nuclear?

A Comissão Reguladora do Nuclear (The Nuclear Regulatory Commission - NCR), tradicionalmente conhecida pela sua docilidade perante o lobby pro-nuclear americano declarou que "os projectos standard em que se baseava o regresso em força do nuclear estão afectados por deficiências muito graves e provavelmente não estarão em condições de ser aprovados por muitos anos".
Será que esta contribuição da NCR terá utilidade para o "debate" que os Eng.ºs Santo e Mira Amaral pretendem relançar?

 

Falso alarme

Cheguei a pensar refugiar-me em Espanha temeroso de que Cavaco, enfrascado de revanchismo messiânico instilado pelo seu valoroso conselheiro Espada, tivesse decidido relançar a epopeia sebastianista declarando guerra ao Irão.
Afinal só declarou guerra aos Açores.

quarta-feira, julho 30, 2008 

Mofo

O post/artigo de Sousa Tavares que linkei ali em baixo bem merece os eflúvios de saudosismo caquético e pimbalhoso, tremelicante de senilidade e tacanhez que se derramam pelos comentários por ali abaixo.
Eles perdem a cabecinha sensível de campista com cheiros a "mar" ou a "polvo".
Mas não é,
Cheira a mofo.

 

Batalha perdida?

Por vezes interrogo-me sobre se a questão dos OGM não será uma batalha perdida.
Afinal, "eles" já estão por todo o lado e contam com a ingenuidade de muitos técnicos e governantes para se ir insinuando, com tanto mais força quanto são tábua de salvação da agro-indústria americana, completamente contaminada e dominada por dois ou três gigantes do sector.
Enquanto não acontecer um desastre, o público e muitos especialistas vão continuar a desprezar a questão.
Veja-se o caso das florestas:
É desporto nacional de Verão o acompanhamento diário dos mais variados incêndios florestais que ocorrem no País, proporcionando imagens de acção, dor e sofrimento em todos os telejornais enchendo o espaço vazio criado pelas férias dos políticos.
Já a peste do nemátodo, uma praga que vai acabar com o pinheiro bravo em Portugal e ficaremos felizes se não se transferir depois para o pinheiro manso, é uma catástrofe nacional que reduziu a quase zero um sector económico, o da exploração florestal, mas como não proporciona imagens excitantes por actuar silenciosamente, quase ninguém fala do caso.
É por isso que acho importante, numa altura em que os jornais se encarregam de divulgar notícias animadoras sobre a penetração dos tais OGM, transcrever aqui este comunicado da "Plataforma Transgénicos Fora" que desmonta o tal optimismo, nomeadamente quanto ao milagre económico que representa para os agricultores a sua adesão à peste geneticamente modificada.
ALENTEJO DISTANCIA-SE DOS CULTIVOS TRANSGÉNICOS
Foram divulgados este mês pelo Ministério da Agricultura os dados oficiais para 2008 do cultivo de milho transgénico em Portugal.(1) Embora a área total tenha aumentado 11% (486 hectares) em relação a 2007, esta subida está muito longe dos 240% (3009 hectares) verificados de 2006 para 2007 e representa uma desaceleração significativa no interesse que os agricultores vêm na única variedade geneticamente modificada que está autorizada para cultivo.
As regiões do Alentejo e de Lisboa/Vale do Tejo apresentam as reduções mais significativas. Desde 2005, ano em que começou o cultivo em Portugal, estas eram as duas regiões com maior adesão ao milho transgénico e em 2007 representavam 86% de toda a área cultivada com OGM em Portugal. Este ano, no entanto, deu-se uma redução de 11% no total de hectares cultivados em cada uma delas. No Alentejo, em particular, este abaixamento torna-se ainda mais significativo se se considerar que a área total dedicada ao milho aumentou 10 a 15% no mesmo período, de acordo com estimativas provisórias do Ministério da Agricultura.
A experiência que os produtores alentejanos estão a ter com o milho transgénico fica claramente aquém das expectativas. De todas as explorações agrícolas do Alentejo que em 2007 cultivaram OGM, 48% (23 explorações em 48) já abandonaram tal opção em 2008. Este recuo significativo está em contraste com o quadro optimista que o Ministério da Agricultura tem apresentado e mostra que, apesar da forte promoção, os agricultores preferem preferem tecnologias e práticas mais eficazes, que apresentem menores riscos para o ambiente, para a saúde humana e para a sua própria economia. (...)
(1) Disponíveis online em http://www.stopogm.net"

segunda-feira, julho 28, 2008 

In illo tempore

Como memória nostálgica, esta crónica merece simpatia. Partilho, aliás, algumas experiências de época, nestes ou noutros lugares. É sobre o encantamento que um jovem urbano sentia quando se aventurava pelos campos ou pelas vilas de província, os locais, os tipos humanos, os cheiros, os sabores, as roupas e os costumes tão exóticos como os que por enquanto alguns turistas afortunados ainda têm o privilégio de encontrar num trilho perdido de Marrocos.
Alguns ainda os são capazes de encontrar em recantos perdidos de Portugal...
Como comentário político, porém, seria meramente reaccionário se não revelasse uma tão grande angústia existencial pela inelutabilidade da passagem do tempo.
A corrupção essencial que angustia Sousa Tavares é a do seu próprio corpo e da sua cabeça, não é a das "autarquias" ou dos "interesses" que ele agita como um fantasma omnipresente.
Um ex-jovem envelheceu mas recusa-se a aceitar que um país atrasado se tenha transformado e se não tenha mantido congelado no seu atraso, na sua miséria, na sua fome que obrigava à emigração, numa imagem de bilhete postal eternamente bucólico e "puro" para deleite ocasional de um jovem urbano sofisticado maravilhado com a simplicidade "do povo".
Este facto relativamente simples é pretexto para elocubrações que teriam algo de justificado se não se tivessem tornado numa monomania obsessiva que se opõe a tudo porque "é corrupto", sem distinção.
Uma coisa é a actividade fundamental de criticar os erros de planeamento (ou a sua ausência) lidando mal com as necessidades galopantes de urbanização, o mau gosto crasso eleito modelo canónico por arquitectos por vezes cheios de boas intenções democráticas e promotores oportunistas, denunciar a corrupção e os casos concretos em que se manifesta, sem dúvida.
Outra é a postura cabotina do "velho desencantado" com as "coisas do mundo", uma pose/cliché que já paga direitos de autor, mas que mantém os seus protagonistas e o seu público fidelíssimo.
Outra ainda, é pretender que esta pose materializada numa litania repetitiva sem qualquer preocupação de aprofundamento dos argumentos tem um conteúdo cívico de "denúncia" cega de sabe-se lá o quê, agora são os PIN que se puseram a jeito, amanhã logo se verá.
Do que posso concluir é que acho estranho que alguém se possa manter pacatamente escrevendo crónicas numa imprensa que coabita e convive com "o sistema" se realmente e intimamente estiver convencido de que os níveis de corrupção dos nossos governantes e autarcas insultados gratuitamente e na maioria das vezes apenas com base em argumentos ad ominem, são tão generalizados como os de qualquer cleptocracia terceiro mundista.

 

Curta e seca

Um dos melhores artigos que tenho lido sobre a agitação à volta do nuclear foi escrito por Aníbal Fernandes e publicado na edição do passado Sábado do Público em resposta ao texto "Nuclear, pois claro!" do eurodeputado José Ribeiro e Castro publicado no mesmo jornal em 22 de Julho. O artigo é curto e incisivo e procede a uma demolição sistemática da conversa mole e superficial com que os adeptos do nuclear (por vezes, talvez, cheios de estouvadas boas intenções e senso comum de adepto desportivo) pretendem "debater" um assunto sério.

domingo, julho 27, 2008 

O culto do cogumelo

Aperta o preço da gasolina e crescem como fungos os adeptos do grande cogumelo.

É ponto assente que em teoria o pessoal é todo "verde", mas como aguentar o aperto?

Nada melhor do que agarrar-se à primeira miragem e convertê-la num milagre. Se nuclear não vai ao verde porque não vai o verde ao nuclear?

Pondo a questão de outra forma, aperta o calor e o pessoal quer que chova, mesmo que seja esterco.

É, assim, tempo de mais um round do famigerado "debate" sobre o nuclear e as últimas semanas trouxeram-nos uma série de movimentações e tomadas de posição públicas nesse sentido incluindo as do Governador do Banco de Portugal .

O Expresso da Meia Noite da última sexta-feira promoveu mais uma achega para esse debate.
Desta vez não veio a terreiro em defesa do nuclear nenhum dos espadachins que têm promovido a central do empresário Monteiro de Barros. Os lidadores de serviço foram o Bastonário da Ordem dos Engenheiros e o ex-Ministro da Indústria Mira Amaral.
Os argumentos dos defensores do nuclear no programa foram surpreendentemente frágeis:
Mira Amaral referiu generalidades:
que o mundo de hoje não é o mesmo de há vinte anos, grande novidade, e que provavelmente as contas a fazer hoje, seriam diferentes. Inexplicavelmente, não as fez, limitou-se a apresentar um número do "insuspeito", segundo ele, Financial Times... o que tranquiliza quanto ao alto gabarito das preferências jornalisticas do ex-Ministro mas é revelador da seriedade com que se pretende debater uma questão tão séria para Portugal.
O Bastonário da Ordem dos Engenheiros, esse, pelo seu lado, está preocupado em manter as cabeças dos engenheiros portugueses ocupados em projectos desafiantes, e chamou à colação o caso da experiência portuguesa em barragens que arrancou do zero em 1950, se tornou relevante em termos internacionais a partir do final dessa década e é uma escola que está hoje em vias de se perder porque Portugal deixou de construir barragens, pelo menos no nosso território.
Independentemente de se lembrar que a escola portuguesa de barragens foi criada a partir do zero quando houve necessidade de construir barragens e não cinco, dez ou quinze anos antes e que não foi isso que impediu que se tornasse notável, convenhamos que a ideia de apadrinhar o nuclear para que os engenheiros portugueses se mantenham informados sobre o tema é algo peregrina.
No fim ficou-se sem perceber o que realmente pretendem. Acossados pelas avassaladoras evidências de insegurança e de falta de viabilidade económica que os oponentes do nuclear apresentaram, em vez de as negarem, defenderam-se com a 4.ª geração de reactores que estará a ser estudada nos Estados Unidos e na África do Sul para implementação sabe-se lá quando. Pois se essa 4.ª geração, alegadamente mais segura e mais sustentável (como se sabe no nuclear a segurança é uma das componentes que mais afecta a sustentabilidade económica da aplicação dessa tecnologia) ainda está a ser estudada, qual é o objecto do debate?
Sobretudo quando o Bastonário da Ordem dos Engenheiros pretende um debate objectivo.
Se o "concreto" é o descalabro que se sabe com os acidentes a sucederem-se por todo o lado, que espécie de "debate" se pretende "relançar", qual o enquadramento possível da inclusão do tema na agenda política do actual Governo?
Ok, deixem vir o futuro, deixem vir a tal quarta geração e depois logo se verá.
Mas neste momento há algo mais objectivo do que concluir de forma desapaixonada "Nuclear não, obrigado"?
É que podemos comer muitos cogumelos mas bsta um cogumelo venenoso para nos dar cabo do canastro.

sábado, julho 26, 2008 

O regresso da rolha

Não sei porque carga de água o blogger instituiu um controle de acessos ao Jumento.
Mas quem é que se arroga o direito de "avisar" previamente os potenciais frequentadores sobre a potencial natureza "ofensiva" de um blog de comentário político e social?
O que é mais alarmante é que isto é apresentado como uma espécie de censura democrática, quando se trata da mais pura das arbitrariedades.
Aparentemente alguém queixa-se ao blogger, e este, solícito introduz o controle prévio.
Tudo "transparente"?
Não,
Inqualificável.

quarta-feira, julho 23, 2008 

me quedan las palabras

"... e chegou um momento em que éramos apenas cinco a caminhar sem rumo pelas ruas da Cidade do México, talvez no mais completo silêncio, num silêncio poundiano, embora o mestre esteja bem longe do silêncio, não é verdade?, as suas palavras são as palavras da tribo que não cessa de indagar, de investigar, de referir todas as histórias. Apesar de essas palavras estarem circundadas pelo silêncio, minuto a minuto corroídas pelo silêncio, não é verdade?"
Roberto Bolaño, Os Detectives Selvagens, Teorema, 2008, pág. 172.

 

Motorcycle dairies

Na parte de trás da mala da imponente Varadero estava um autocolante do Che.
Longe, os tempos da poderosa.

 

O último refúgio

Apanharam o Karadzic.
Mais um que dava conferências sobre medicinas alternativas.

sexta-feira, julho 18, 2008 

Dados (ir)relevantes

Há informações e informações...
Quem as prodigaliza parece por vezes actuar mecanicamente, já que não se vislumbra qual o seu enquadramento ou interesse.
É comum lerem-se nos jornais notícias que subentendem uma posição crítica relativamente à dificuldade de Portugal se integrar no espaço comum. Culpa do "povo"? Culpa do "Governo"?
O que interessa é que somos "a mesma nódoa de sempre".
Moral: lá estamos outra vez a caminho da cauda da Europa, a sermos comidos pelos de Leste.
Uma notícia de hoje da Al Jazeera, dá mais dicas sobre a maravilha da integração da Bulgária:
Quem diria, lendo a notícia anterior?
Mas não é Portugal onde "se bateu no fundo", o país "da corrupção", da "vergonha" contínua?
Alguém que faça uma síntese disto tudo... se puder.

 

O que está por detrás?

É uma mini teoria da conspiração que quanto a mim tem pouco espaço para andar.
Admitindo que o governo se sirva desta questão para desviar atenções, o estratagema só funcionará se se entender o tema como realmente "fracturante".
Ora entendê-lo como "fracturante" será de esquerda?

Se a esquerda entender esta questão como uma questão básica de direitos cívicos, "secundária" no sentido em que é uma solução óbvia a adoptar numa sociedade livre, aberta, laica e republicana e seguir em frente, tira o tapete à tal estratégia desviacionista e pode concentrar-se nas questões mais prementes da política económica.

Se a esquerda se deixar arrastar pela direita conservadora que afecta desprezar a questão como "fracturante" e "secundária" (apesar de a direita conservadora ser notória pela sua hipocrisia quanto a matérias de costumes e de muitos direitistas e conservadores beneficiarem do alargamento dos direitos das uniões de facto) mas tentará centrar a discussão política em moralismos da idade da pedra e convertê-la efectivamente numa questão importante (iludindo também a questão económica que pelos vistos até nem tem lhe convém discutir a fundo), então sim, a esquerda andará duplamente a reboque da direita:

- Em primeiro lugar porque adopta uma agenda conservadora;

- Em segundo lugar porque morde a isca que o Governo estende com a cumplicidade da Direita para dividir as opiniões e desviar as atenções.

Infelizmente, como se comprova da leitura de vários dos comentários ao post, o problema não está na questão em si e no seu significado político nesta fase do campeonato. O problema está na virulenta homofobia de muita gente de "esquerda".

quinta-feira, julho 17, 2008 

Acontecimento

Finalmente que a Teorema publicou os Detectives Selvagens do Bolaño.
Já ando embrenhado na aventura de Ulisses Lima e Arturo Belano.

domingo, julho 13, 2008 

Tic tac

Eu gostaria de entender a psique de alguns dos políticos ocidentais.
Ficaram preocupados com os exercícios militares recentemente levados a cabo pelos iranianos.
Se Israel e os Estados Unidos não escondem que tencionam atacar o Irão, o que se espera que faça o Irão? Que desarme muito depressa para ser atacado com maior comodidade pelos seus inimigos? Exactamente o que aconteceu com o Iraque?
É claro que não dá descanso a ninguém que os ayatollahs tenham a bomba.
Mas como obrigar os ayatollahs e os restantes muçulmanos a viver descansados sabendo que há um inimigo que os pode bombardear impunemente com ou sem recurso ao nuclear, enquanto que trata com total arrogância os que vivem sob o seu jugo?
Porque é que Israel há-de ter armamento nuclear, em cima da esmagadora superioridade militar que detém sobre os seus vizinhos, e estes serem proibidos de o ter?
Não há aqui parecenças nenhumas com a situação que levou à 2.ª Guerra Mundial.
As analogias com essa situação só escondem a incapacidade de os Estados Unidos, Israel e a coitada da Europa de fazerem alguma diplomacia.
A diplomacia requer um mínimo de vontade de dialogar e um mínimo de credibilidade "moral", e não apenas militar. Infelizmente, ao tornarem-se em títeres dos israelitas, os americanos ficaram incapazes de fazer diplomacia, mesmo que o quizessem.
Resta a via mais fácil, a da analogia disparatada com a 2.ª Guerra, caminho directo para a guerra.

 

E falávamos da Guerra Colonial...

A Al-JAzeera fala de um ataque numa província "do Sul" do Afeganistão mas o mapa mostra que foi bem no coração do país.
Entretanto os Estados Unidos sofreram mais nove baixas de uma só assentada.
Mais uma confusão em que o "Ocidente" se meteu e para a qual não há solução à vista.

segunda-feira, julho 07, 2008 

Se já são eles que o dizem...

Alguns pastores da opinião pública têm deitado água na fervura...
"Olhe que não" ronronam, "a subida do preço dos cereais nada tem a ver com os biocombustíveis".
Por muito estranho que às vezes pareça, não é só no universo PC que existem as famosas "correias de transmissão".
Pois se o governo dos EUA garante que os biocombustíveis só incrementam o tal preço em 3%, quem são os tais carneiros lusitanos de serviço para borregar?
A lógica, a Leste como a Oeste é sempre a mesma: A Linha Geral das seitas, quer sejam a neoconservadora ou a "socialista" é para ser aplicada.
Revolta no Zoo ou não, surge agora o insuspeito (?) Banco Mundial com um relatório confidencial que atribui aos ditos combustíveis bio a responsabilidade de 75% no aumento dos preços.
E parece que os tortuosos british têm um outro relatório na manga em que dizem praticamente o mesmo.
E agora?
Que fazer?
Fidelidade aos guardiões do Templo ou ao Grande Pai Branco de Washington?
O Director do Público vai garantir que o que é preciso é liberalizar qualquer coisa como condição essencial para a salvação da humanidade; citar Popper e Hayek, etc..., isso temos como certo.
Mas qual vai ser a escolha dos nossos "economistas" ? Cara ou coroa?
Aguardam-se desenvolvimentos.

sábado, julho 05, 2008 

Há que ver as coisas em concreto...

"Isso não pode ser visto assim"... é a triste cantilena a que parece condenado o PC quando confrontado com os problemas de direitos humanos básicos em países do terceiro mundo ou socialistas.
Um rapaz do PC que guarda cautelosas distâncias relativamente à loucura demencial do grande Pai dos Povos, dizia-me outro dia, sem pestanejar, que "no tempo de Estaline, um trabalhador não podia ser despedido sem justa causa"...
Sortudo trabalhador... na Rússia do Estaline em que os meios de produção estavam, pelo menos "formalmente", "nas mãos" dos trabalhadores.
O que acontece é que o governo colombiano, com a ajuda dos americanos e dos israelitas, libertou finalmente e alegadamente sem disparar qualquer tiro, Ingrid Bettancourt, que só o primarismo dos líderes das FARC insistia em manter num cativeiro ilegítimo e a cegueira política ou a total ausência de mero cálculo de custos benefícios obstava a que libertassem incondicionalmente.
Pois ao que parece, o PCP votou no Parlamento contra um voto de regozijo por este facto.
Não se entende porquê. A libertação de Ingrid Bettancourt alivia a esquerda e o PCP da consciência pesada relativamente a uma questão que já metia nojo.
Por essa razão, em vez de emitir um caquético comunicado lapalissiano que deixa qualquer um estupefacto pelo tom de assunção de derrota que o atravessa linha a linha, o PCP deveria ser o primeiro a manifestar regozijo.
Não, a tomada de reféns inocentes não ajuda nada à luta pela democracia na sociedade colombiana.
Antes pelo contrário, como se provou, quem tem a ganhar com estas rábulas é o governo do sinistro sr. Uribe.

 

Caminho traçado

A cumplicidade de Tabo Mbeki na palhaçada de Mugabe, só quer dizer uma coisa:
Que a África do Sul vai acabar como o Zimbabwe.