Do blog "Da Rússia", extraio esta passagem do post "Quem vai ganhar com um confronto entre os Estados Unidos e a Rússia":
O facto de achar que a Geórgia foi longe demais e que se compreende a reacção dos russos no contexto da luta entre as superpotências pelo controle de territórios e de acesso a matérias primas, parece que me coloca num putativo campo "pró-russo".
Quando o fumo assentar talvez se perceba melhor o que motivou a acção disparatada do Presidente Georgiano Saakashvili. Bombardeiam uma pequena cidade de dez mil habitantes, matam mais de mil civis e depois pedem um cessar fogo quando percebem que se enganaram nas contas e que a história não fica por aqui.
Passada a guerra fria, regressa a guerra quente. Numa lógica puramente Imperial a Rússia intervém agora na Ossétia do Sul.O Sol desta semana traz um artigo sobre "o nuclear" (palavra que resume o verdadeiro conteúdo do debate, a saber, se se considera oportuno neste momento considerar a construção de centrais nucleares em Portugal) focando um dos aspectos que mais tem contribuido para legitimar o debate sobre o tema: a questão económica.
Curiosamente, a questão económica, apesar de aparecer como a justificação principal para que se discuta a questão, foi referida no debate do "Expresso da Meia Noite" de 25 de Julho pelo Bastonário da Ordem dos Engenheiros como uma espécie de "desculpa de última hora" dos opositores ao nuclear.
Mas afinal, o que é na realidade a independência energética? Qual é o impacto económico que as questões de segurança têm hoje, não já na produção de energia nuclear mas em qualquer obra de construção civil ou exploração florestal?
Qual o impacto futuro, em todas as suas vertentes, da escassez do recurso urânio, o combustível nuclear?
O grande problema é que feitas as contas, o que se verifica é que nenhum dos argumentos económicos pró-central se revelam sólidos, quando se têm de considerar todos os factores envolvidos, incluindo obviamente os da segurança.
E a realidade mostra que numa situação concreta de duplicação num ano do preço do petróleo até se verificou uma relação inversa entre o número de centrais e o preço pela produção de energia, isto é, sem se considerarem outros factores que contribuem para o preço final ao consumidor, como subsídios do governo ou impostos.
As contas apresentadas pelo Sol incidem sobre a evolução dos preços em países europeus. Mas será por acaso que uma discreta notícia do Público referisse que no discurso de tomada de posse o novo primeiro ministro japonês indicou como um dos principais factores da crise económica no Japão, um dos países do mundo com maior número de centrais nucleares, o aumento dos preços dos combustíveis no último ano?
Então afinal o Japão, um país plenamente dotado de recursos "inesgotáveis" também é vulnerável à crise energética?
Por outro lado, os defensores do nuclear com uma obsessão por "cosmopolitismo" que chega a ser caricata, parece julgarem que na Europa existem hoje fronteiras à circulação de energia e que é necessário que em Portugal existam obrigatoriamente centrais nucleares para que num sistema de mercado ibérico e europeu de energia alguma da energia produzida pelas "benéficas" centrais nucleares seja utilizada em Portugal.