terça-feira, fevereiro 27, 2007 

Nuclear aos molhos

A vida na Terra, tal como a conhecemos, encontra-se sob uma ameaça que ganha terreno todos os dias: a invasão dos organismos ditos transgénicos, produtos da engenharia genética.
Aparecem sob a capa de produtos desenhados para ultrapassar algumas “limitações da natureza” e propagam-se sob o pretexto de salvar a humanidade da fome e até, resolver problemas energéticos.
Enquanto que a energia nuclear está queimada porque existem exemplos práticos do que pode acontecer em caso de acidente e porque a sua implantação exige a concentração de tremendos investimentos financeiros e de grande impacto visual no território, a invasão dos transgénicos progride de forma muito mais insidiosa, pouco a pouco, sem grande visibilidade mediática e impactos na paisagem.
Hoje um talhão aqui, amanhã um campo acolá, uma autêntica estratégia da aranha... eles têm todo o tempo do mundo e muito dinheiro.
Em nome da “liberdade de escolha“, da “produtividade” e da "defesa do consumidor", é fácil à meia dúzia de grandes empresas que desenham, fabricam e comercializam estes produtos, aliciar pessoas, em geral agricultores ou empresários ansiosos por investir sob uma auréola de pioneirismo, para o seu cultivo sem pensar nas consequências que daí poderão advir.
É muito provável que todos nós, directa ou indirectamente tenhamos já ingerido organismos transgénicos ou seus derivados.
O facto de até agora nenhum acidente grave ter sido detectado, não significa que a nossa espécie não porte já disseminada pelos seus indivíduos, nós, uma catástrofe potencial comparável à ameaça nuclear que poderá mesmo por em causa a sua existência .
Até ao dia, provavelmente tarde de mais, em que nos descobrirmos a nós e às nossas famílias, dependentes ou à mercê de uma tragédia irreversível ainda que anunciada.
Para além dos possíveis efeitos nos nossos organismos, matéria que na ausência de um desastre e apesar de indícios inquietantes se mantém na esfera da filosofia, há outros aspectos que devem merecer a nossa atenção:
1- a “liberdade de escolha”:
Uma vez que as experiências de cultivo se vão efectuando um pouco por todo o lado na “natureza”, existe um perigo mais do que potencial, um perigo real de contaminação dos organismos biológicos. O que quer dizer que a “liberdade” de uns “experimentarem“ colide frontalmente com a liberdade que nos deve assitir de podermos manter uma reserva biológica livre de contaminações pelos organismos transgénicos.
2- O fim da agricultura
Cessará a liberdade de cada um usar livremente os produtos da terra, de usar a sua fertilidade para os armazenar e reproduzir à sua maneira.
O cenário que se avizinha, e que já foi tentado pôr em prática, é o de impor a agricultura como “serviço”.
No modelo que se configura, tal como hoje somos obrigados a fazer diariamente o download das últimas actualizações de anti-virus no nosso computador, quem explora directamente a terra dependerá de um contrato celebrado com uma de entre meia dúzia de grandes empresas monopolistas mediante o qual receberá periodicamente a "última versão" do software, isto é, a "semente" a lançar na terra. "Semente" essa que que será uma entidade patenteada sujeita a condições rigorosas de aplicação. O "agricultor" perderá a sua autonomia.
Não está em causa o facto de a agricultura ser hoje já em grande parte uma prática industrial e o resultado do acumular de experiências, selecções e melhoramentos que tiveram lugar ao longo dos últimos dez mil anos. O que está em causa é a probabilidade cada vez mais elevada, à medida que esta praga se propaga e penetra nos nossos campos e prateleiras de supermercado, de um grupo de grandes empresas erradicar a possibilidade de se continuar a praticar qualquer tipo de agricultura.

A “liberdade de escolha” proposta pelos propagandistas e vendedores de transgénicos, pode bem ser traduzida pela fórmula “Live and Let Die”.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007 

Em resumo

Do post abaixo podemos resumir o pensamento da direita sobre as questões ambientais:
1. não há aquecimento global.
2. o aquecimento global não resulta da acção do homem.
3. o problema do aquecimento global é uma questão que apenas interessa a uma minoria de histéricos anti-capitalistas.
4. o problema do aquecimento global, a existir só pode ser resolvido com o recurso maciço à energia nuclear.
5. embora não existindo aquecimento global, ou se eventualmente existir não se dever à acção do homem, deve recorrer-se maciçamente à energia nuclear (excepto em países islâmicos ou por iniciativa de um qualquer estado)

domingo, fevereiro 25, 2007 

O milagre do vinho

Os autoproclamados "pessimistas" transmutam-se em optimistas inveterados quando confrontados com a percepção crescente dos horizontes de exaustão de alguns dos recursos naturais insubstituíveis que sustentam o nosso modelo de desenvolvimento económico.
É, como em muitas outras coisas da vida, haja a suficiente "flexibilidade intelectual" (ou mais vulgarmente, "lata"), uma questão de oportunidade...
A propósito do aquecimento global, a direita tem em geral três opiniões:
1. não há aquecimento global
2. o aquecimento global não resulta da acção do homem.
3. é uma questão que apenas interessa a uma minoria de histéricos anti-capitalistas.

Recentemente porém, novos dados vieram baralhar este esquema.
Sem satisfações a dar aos seus veneradores atentos e obrigados escribas de serviço, os empresários, com a sua costumeira "visão", adaptam-se aos novos tempos.
Um exemplo é Patrick Monteiro de Barros. Na entrevista à revista Prémio que já referi ali em baixo, revela-se um ambientalista atento a Al Gore e ao problema das emissões de CO2 .
Como seria de prever, não é um tipo de ambientalista qualquer; é, deduz-se das suas palavras, um "ambientalista sério" e "sem agenda política", o que traduzido por miúdos no linguarejar da seita, significa que "aposta no nuclear".
Isto lança alguma confusão na direita mais obtusamente anti-ambientalista.
Até aqui, qualquer manifestação de "ambientalismo" era "histérico" e uma causa que apenas poderia arrebanhar a escumalha anti-capitalista mais básica.
Mas eis que agora surgem capitalistas ambientalistas.
Ora bem... o aparente nó górdio é ultrapassado muito facilmente com uma pirueta já por demais conhecida de todos aqueles em contacto directo com o "além": transformando a água em vinho.
Os "anti-ambientalistas" de ontem, transformam-se por um passe de mágica, nos "verdadeiros ambientalistas" de hoje.
É assim que se compreende que um rapaz habitualmente preocupado com estas matérias da "poluição etc. e tal", possa interpelar os "falsos ambientalistas" que não percebem a necessidade "do uso maciço da energia nuclear".
Não é bom pensarmos que o mundo se constrói e move em função das nossas paranóias?

sábado, fevereiro 24, 2007 

Dor de corno

Como é saudável, vários blogs de direita reagiram com diversos graus de acrimónia à comemoração de uma efeméride qualquer sobre o Zeca Afonso.
Variaram desde a piadola inócua à denúncia quixotesca (no sentido mais lunático) da “idolatração do totalitarismo, passando pela crítica política embora reconhecendo mérito estético ao cantor de intervenção.
A razão pela qual muita gente ainda admira o Zeca Afonso, tem pouco a ver com o facto de os meios de comunicação serem ou não dominados pela “esquerda”, nem com o partido de quem ele esteve próximo, ou sequer com a sua “ideologia”.
Independentemente dos seus méritos artísticos e da expressão musical tão ligada ao “ar do tempo”, Zeca representou para uma geração o “modelo” de oposicionista pragmático em busca da “unidade” fora do aparelho, que apesar de nada ter de super-homem, apesar das dificuldades materiais, das dificuldades de visão, apesar das suas fobias, estava sempre disposto a deslocar-se para actuar, mesmo sob a ameaça física dos esbirros da ditadura (parece lugar comum, e quase calúnia para os “liberais”, mas existiam efectivamente esbirros da ditadura), lá onde havia gente que resistia e a quem a sua música dava alento. Simpatizante de uma causa pela qual militava de uma forma que pouco tinha a ver com a imagem tradicional do resistente e se fundiu no imaginário colectivo, em parte por equívoco, com outros modelos comportamentais que despontaram nos anos sessenta com a explosão da influência da música e dos media anglo-americanos.
Enquanto os burocratas de um regime asfixiante hoje idolatrados como "democratas" por alguns revisionistas liberais se acomodavam ao regime nas suas vidinhas relativamente confortáveis, o “idealista” procurava o apoio fraterno (outra palavra do politicamente correcto) das pessoas reais que passavam fome e miséria. E isso, pasme-se, era bem visto naquela época. E, pior, deixou memória...
Para além disso, mesmo esteticamente, a esmagadora maioria das alternativas da época ligadas ao regime ou por ele toleradas, eram de uma pimbalhice também ela asfixiante.
Hoje, apesar do tom catastrofista de estertores do Juizo Final com que alguns à esquerda e à direita descrevem o nosso País, e apesar da necessidade de intervenção cívica por maior liberdade política e económica e pela melhoria das condições de vida das pessoas, dificilmente haveria lugar para um José Afonso.
Pelo contrário, parece-me até grotesco e um erro político um certo espírito meio religioso meio ultra-nostálgico com que alguns manifestam uma saudade atroz pela inexistência de um seu equivalente na actualidade.
Zeca é uma referência quase utópica, tanto mais fácil de reconhecer para alguns quanto já não está entre nós a tomar posições políticas e a tomar partido.
Os direitistas indignados ou ressaibiados com estas manifestações de apreço poderiam tentar perceber que as pessoas apreciam anti-heróis assim, homens comuns com suficiente dose de coragem para viver uma vida material difícil, para desprezar a “obrigação de procurar a sua felicidade”. Pessoas idealistas.
E o problema é que por maior que seja a maré de verborreia imbecil que produzam sobre o “totalitarismo” a propósito do Zeca Afonso e outros, quem exercia a ditadura e estava mais próximo do totalitarismo em Portugal antes do 25 de Abril era a direita, e ingénuos ou não, era à esquerda que viviam os idealistas preocupados com a liberdade.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007 

Duas palas

Estas e outras levam-me a crer que os "liberais" já decidiram que posição monolítica "sem fundamentalismos" vão adoptar no novo debate do nuclear que se anuncia.
Há uns anos atrás quando se tratou de discutir o Iraque fizeram frente unida contra o "anti-americanismo". Agora vai ser contra os "ambientalistas com agenda".

 

Vapor de água

Um post do Causa Liberal ridiculariza o que chama de "histerismo ambiental" porque num programa de televisão sobre o tema, o autor descobriu que o fumo suspeito que saía das torres de arrefecimento de uma central nuclear não era ácido sulfúrico, escape de camionetas ou Antrax em pó, mas simplesmente vapor de água.
Um alívio .
É que tal manifestação de ignorância tem o mérito de autorizar que se pense que o que opõe os ambientalistas ao nuclear é o problema do... "vapor de água"...

quarta-feira, fevereiro 21, 2007 

Ponham-se à tabela

"Claro que não sou contra a energia eólica, mas sim ao que ela incomoda no projecto nuclear"
Patrick Monteiro de Barros, entrevista à revista Prémio, Sábado, 16 de Fevereiro de 2007

 

Olhó noggat

Então que dados novos, que novas discussões nos trazem os proponentes do nuclear?
Vamos sabê-lo muito em breve.
Na sua entrevista à Prémio, Monteiro de Barros adianta duas novidades interessantes:
1.º- Vai apresentar um estudo recente elaborado pela ENUPOR ( cujo administrador é providencialmente para garantia de isenção no "debate", Pedro de Sampaio Nunes... ), em que participam muitos cientistas, e que apesar de ainda não estar finalizado, já é possível prever qual o resultado, dado que foi encomendado por ele próprio e sabe-se como são previsíveis os estudos independentes encomendados por entidades privadas a entidades privadas lideradas pelos sócios de projectos cuja valia se pretende investigar. É um novo conceito holistico de independência e quase se pode chamar o Pacheco e pedir-lhe emprestado o "Quod Erat Demonstrandum", uma autêntica Bíblia dos estudos cujo "prognóstico" se conhece antes do final do jogo.
2º - Factor positivo, os cientistas que elaboraram o estudo demonstram, no mínimo, conhecer bem os portugueses e Pedro Sampaio Nunes dá a boa nova antecipadamente: haverá para o município (ou municípios, uma vez que serão duas centrais?) a cujo(s) presidente(s) saia a taluda do nuclear, benefícios fiscais da ordem dos 10o milhões de euros em dez anos. Foi mais uma vez coincidência, mas é o valor do jackpot mais recente do euromilhões!
É o maná!
Isto significa que famílias de Presidentes de Câmara um pouco por todo o País vão fazer bicha desde as quatro da manhã do dia anterior à abertura das inscrições, e provavelmente acabará tudo à pancada. Quem é o estúpido que resiste a uma coisa destas?
Nem o Presidente da Câmara de Lisboa deve perder a esperança, ainda para mais estando as coisas como estão, explosivas, na gestão da capital... pois não defende um tal John Gittus da Universidade de Plymouth citado pela Prémio que "a central nuclear até poderia ficar instalada em Lisboa, já que é isenta de acidentes, não compromete a saúde pública e não contribui para o fenómeno do aquecimento global"?
Isto, quer dizer... o debate, promete.

 

Uma praga nunca vem só.

Um dos musts da saison tem sido o lugar comum:
"é preciso debater o nuclear".
Curiosamente, e apesar de toda a gente poder debater o nuclear e tudo o resto a qualquer momento do ano ou da década, o "debate" do nuclear tem os seus timings próprios.
O ano passado o empresário Patrick Monteiro de Barros apareceu com uma proposta de uma refinaria e de uma central nuclear.
Coincidência ou não, calhou que para além das conversas de bastidores - sempre as mais importantes e acerca das quais nada sabemos- se seguissem uma série de debates nas rádios, nas televisões, nos jornais, nos blogs.
Tudo culminou num mega debate promovido pela Ordem dos Engenheiros com a presença de reputados especialistas mundiais em que se exibiu mesmo, vindo do Jardim Zoológico, um ecologista francês pró-nuclear.
Depois duns meses de debates, o resultado foi que ficaram por demonstrar as vantagens mirambolantes do nuclear e ficaram à vista alguns dos problemas graves que lhe estão associados. Nem se quer se chegou a esboçar uma ideia de localização para a central.
O debate acalmou por uns meses mas "eis senão quando", Patrick Monteiro de Barros volta à carga propondo numa extensa entrevista à revista Prémio, agora não já uma, mas duas centrais, duas. É o toque a rebate, e regressam (por coincidência) as vozes pedindo um debate "apaixonado mas sem fundamentalismos". Uma frase com muita mensagem...
Debates, debates, debates... a primeira questão que se põe, uma questão leve, é o que tem andado a fazer pelo menos de há um ano para cá pelos media o sócio de Patrick Monteiro de Barros, Pedro de Sampaio Nunes?
Não foi a debater o nuclear? Então foi a fazer o quê?
Ficamos com ideia do que é "o debate" quando nos apercebemos que já houve uma aldeia gaulesa onde se debateu o nuclear "comme il faut": no CDS/PP, que aprovou incondicionalmente a teoria das vantagens do nuclear.
"É a Quercus que manda no País, e por isso é que o poder político tem medo de optar pelo nuclear", declarou Pedro Sampaio Nunes numa reunião do simpático partido do qual é, aliás, vice-Presidente. Uma frase nitidamente para inflamar a assistência "popular", recheada de ecologistas "verdadeiros", mas cadê o debate?

 

A catástrofe tranquila

Enquanto alguns se atropelam à volta de Cavaco na esperança de levantar o "tabu" sobre a promulgação ou não da lei do aborto, um espectro silencioso chamado Nemátodo da Madeira do Pinheiro ameaça de destruição total uma vastíssima área florestal do nosso País.
Vinda dos Estados Unidos onde dá pelo nome de Pine Wilt Nematode, essa espécie de lombriga microscópica que se alimenta das vias circulatórias das plantas resinosas, em particular o pinheiro bravo, destruindo-as em pouco tempo, entrou na Europa com um carregamento de madeira contaminada chegado ao porto de Setúbal em 1998, nos bons tempos da Expo.
Propagada por um escaravelho de nome Monochamus galloprovincialis, tem-se espalhado silenciosamente no Distrito de Setúbal pelos concelhos de Alcácer, Grândola, Santiago do Cacém e Sines, transformando milhares de árvores em madeira morta e inaproveitável a não ser para queimar.
Para os proprietários é a ruína, e para o ambiente, uma catástrofe, mas como infelizmente o bicho não lança labaredas nem emite CO2 que se veja, e como quem passa de carro a caminho das praias não vê nenhum caruncho gigante a perturbar a bucólica paisagem do litoral alentejano, não se assiste a nenhum alarme dos "amigos do ambiente" ou dos meios de comunicação.
A procissão vai no adro mas em crescendo. Porém, como a tragédia ainda não é muito visível pois milhares de árvores mortas se mantêm ainda de pé e a paisagem não se encontra completamente desfigurada, as campanhas de sensibilização e os programas de circunscrição e combate até agora lançados pelo governo têm tido pouco eco e eficácia reduzida.
Antes o bicho deitasse fumo e fizesse labaredas...
Ou o Governo encara este "incêndio sem chamas" como uma catástrofe que realmente é, e todos os intervenientes se consciencializam da gravidade da situação, ou dentro de poucos anos grandes áreas de pinhais transformar-se-ão em deserto sem necessidade de urbanizações, alterações climáticas ou buracos do ozono, havendo o risco potencial de a praga se espalhar por outras zonas do país.
E se isso acontecer, os bombeiros podem ir de férias porque as florestas que escaparam ao fogo vão desaparecer por muito tempo, a não ser que os espanhóis ou a Europa imponham medidas drásticas de contenção.

terça-feira, fevereiro 20, 2007 

Lapalissadas estéreis

O texto de Rui Ramos publicado no Público em 14 de Fevereiro passado, que encontrei no Cocanha (não linko directamente para o post da Zazie, e por isso peço desculpas, porque do sítio onde estou a postar, o irritante "controle Activex" estoira-me o Internet Explorer), escrito "a quente" como reacção ao comentário de Francisco Louçã ao resultado do referendo, merece um breve comentário de um sujeito que não percebe nada de história.
O artigo constata uma persistente divisão política e cultural no mapa político português.
Não pode é uma testemunha empenhada num dos lados da discussão mascarar que essa divisão exprime tendências bem distintas face ao que se convencionou chamar de "modernidade".
Ou então, rejeita-se tout court essa discussão.
O facto de duas concepções "culturais" se manifestarem no mesmo tempo histórico não impede que uma seja identificável como mais "moderna" do que a outra.
É o que fazem, pela mesma ordem de razões, e sem hesitações, os cronistas do espectro político do autor, quando afirmam, por exemplo, que o Islão "é retrógrado".
Não é por essas duas tendências de fundo se virem a manifestar politicamente de uma forma mais clara numa oposição que tem dividido Portugal nos últimos dois séculos que se pode negar que tem havido uma clara evolução, pelo menos no que respeita aos costumes.
E neste caso do referendo, cujo resultado Rui Ramos parece tomar e bem como uma grande sondagem, é inegável que a habitual fronteira política recuou para limites mínimos, eu quase diria nunca vistos, apesar de ser uma questão sensível em que a Igreja, embora de forma, a meu ver, equilibrada, tomou uma posição clara.
O facto de dificilmente se poder acreditar na possibilidade de um resultado tão nítido numa votação mais "política", limita drasticamente as possibilidades de se concordar com o texto.
Pelo contrário, de uma forma ainda mais interessante e surpreendente do que o sugerido no artigo, existe uma fronteira política e cultural que tendencialmente divide Portugal a meio, mas o seu "centro de gravidade" tem evoluído inequívocamente para a modernidade, independentemente da natural persistência de uma diferenciação política, que de resto se tem vindo a atenuar, como o provam as votações contraditórias no outrora monolítico "cavaquistão" e na progressiva perda de poder dos comunistas no Alentejo.
A teoria encontra também dificuldades na forma como no artigo se tiram ilações dos números: compara-se Braga, com um universo de votantes efectivos no referendo da ordem dos 300 mil com Beja, com um universo de votantes de 55 mil, mas esquece o expoente máximo da macrocefalia urbana e do dinamismo económico do País, Lisboa, com mais de 850 mil votantes em que a diferença percentual da vantagem do Sim foi bem superior à da média nacional e se cifrou em mais de 350 mil votos, mais do que a totalidade dos que votaram em Braga, o epicentro do Não.
Pode ser muito bonito dissertar sobre a pluralidade das atitudes culturais "no campo", mas no horror da selva urbana que inexoravelmente determina a evolução das tendências culturais, não há margem para grandes "interpretações".

segunda-feira, fevereiro 19, 2007 

Ainda o referendo...

O referendo já passou, ganhou com grande vantagem relativa o Sim.
Não pode esquecer-se por muito que nos desagrade, que o seu resultado não é vinculativo.
Na prática, foi um exagero legalista.
O seu resultado apenas dá um "sinal" ao governo, apoiado nesta matéria pela maioria da Assembleia da República, incluindo a grande maioria do PS, a totalidade do PC e BE, e parte do PSD, para legislar em paz de consciência.
Um passo importante foi dado mas a história não vai acabar aqui, e o núcleo duro do Não vai estrebuchar, bloquear, boicotar, entravar de várias formas, apelando ao Cavaco, ao Tribunal Constitucional, à Europa, o costume, apesar de alguns dos seus apoiantes considerarem esta uma "questão secundária" quando "há tanta gente a morrer à fome" .
Por razões de trabalho andei afastado da blogosfera no período de discussão do referendo pela despenalização do aborto.
Também era discussão que não me interessava particularmente, encarando-a eu como um problema cuja solução consensual é há demasiadas décadas protelada contra o sentir e a prática da maioria da população portuguesa pelas jogadas de um pequeno grupo de personagens, incluindo um notório abuso de confiança política do líder do partido do governo em 1998.
Surpreendeu-me ainda que o Governo recorresse ao formalismo do referendo quando dispunha de uma maioria absoluta confortável para legislar sobre a matéria, e quando a anterior decisão de manter o pântano fora tomada por um Guterres aliviado face a um referendo que não era de todo vinculativo.
A única e duvidosa vantagem do anterior referendo foi, aliás, e da forma mais inesperada, o de reforçar a coesão nacional, dando aos ilhéus da Madeira e dos Açores a satisfação duvidosa de, por uma vez, fazer valer com a sua votação uma opção que fora minoritária no Continente.
Nesta breve radiografia, o mais intrigante não foi a votação no "não", mas o elenco de razões que levaram muitas pessoas naturalmente nos antípodas dos partidários "duros" a votarem "não" ou a absterem-se.
Convocando cada vez mais, à medida do amadurecimento progressivo de uma certa geração, a noção de "responsabilidade", o sucessivo adiar foi auxiliado pela tibieza de muitos dos porta vozes naturais da despenalização, assaltados por remorsos e problemas de consciência que os foram obrigando a demarcar-se mais dos seus putativos colegas de intenção do que dos seus adversários naturais.
A crónica de Pulido Valente no Público de 2 de Fevereiro, pensei eu, enganado, ao balizar com tanta clareza como a que é possível os contornos do que estava em jogo no Referendo, punha uma pedra na questão.
Pelo que tive oportunidade de constatar quando "regressei", foi chover no molhado.
Aceito que haja pessoas que achem "um luxo" a despenalização do aborto face a outras questões mais importantes. Sou até capaz de concordar... no entanto, como esquecer que a questão só assume esta importância de assunto a necessitar de referendo porque um grupo de partidários do Não insistem em levar a penalização até as últimas consequências, e ainda por cima votar neles?
Aceito que as pessoas queiram reagir ao fecho de serviços de saúde importantes para quem vive fora dos grandes centros urbanos, por questões de contabilidade mais mesquinha.
Mas se isso vai agravar a assistência às populações, em que é que a penalização minora o problema? Votar "não" não é precisamente "justificar" o desmantelamento dos serviços de saúde? O que conta mais? Manter uma penalização que impende sobre pessoas essencialmente inocentes, ou infligir uma derrota política passageira a um Governo que mal ou bem, mercê da normal alternância democrática acabará por ser substituído?
Aceito que alguns dos personagens da campanha do "sim" sejam extremamente irritantes, mas não é isso inevitável? O que tem isso a ver com a pergunta em questão?
Aceito que ao contrário da imagem que ficou na campanha, há também "muitos sins", inclusivamente aqueles que o "não" caricaturou como maioritários. Se há gente capaz de fazer piercings de toda a espécie, a tatuar-se, a escarificar-se, adepta da automutilação a la "Crash", porque não haverá num universo de milhões de pessoas a probabilidade pelo menos teórica de existir um número ínfimo de adeptos ou adeptas do aborto pelo aborto? Manter uma despenalização a pensar nesta ínfima probabilidade equivaleria a proibir a construção de auto estradas para evitar os choques em cadeia, as entradas em contramão ou as corridas selvagens, proibir os aviões por causa da probabilidade de ocorrência de acidentes pessoais causados pelas diferenças de pressão, ou impor recolher obrigatório porque algumas ruas são mal frequentadas à noite.
Já me confundem mais aqueles, mais sofisticados, que rejeitam o facto de o Estado "se arrogar" o direito de interferir na vida privada das pessoas..., pois o Estado não se tem arrogado o direito de punir quem abortar? Porquê então optar pela opção mais abusivamente "estatista"?
Independentemente do referendo em causa, é interessante verificar como numa votação livre sobre uma questão relativamente simples à qual não repugna particularmente responder Sim ou Não, se formam "tendências" ou "sub-tendências" de voto, se geram consensos, por vezes os mais espúrios e como evoluem os movimentos de opinião em democracia.
Exprimem talvez, a necessidade de cada um procurar formas de se individualizar e recusar a diluição na massa anónima de pessoas igualmente votantes, provavelmente com os mesmos dilemas.
Porém, o que é certo e perturbador, é que meia dúzia de ferramentas conceptuais, utilizando a linguagem "fria" das matemáticas, consegue prever através das sondagens a tendência geral dos votos, independentemente das razões mais estapafúrdias com que procuremos fundamentar o nosso Sim, e o nosso Não. E isto a propósito de quase todos os assuntos.

domingo, fevereiro 18, 2007 

Longa Vida

LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL!

sábado, fevereiro 17, 2007 

Sapo (dos gordos)

E doeu-lhes mesmo tendo sido uma ridícula "eleição" a feijões.
Se calhar quem deveria organizar todas as eleições era o sujeito de cujo IP saíram centenas de votos no Soares para "o pior...".
Mas é bom ler estes remoques caso hajam dúvidas sobre a isenção "desapaixonada" com que estes democratas de gema pretendem reabilitar a ditadura.

 

A Bítima do sistema

Há que prestar algum tributo ao recente interesse televisivo no nativo de Santa Combadão. Tanta votação e documentário panegírico humanizaram-no.
Juntando-se à tendência, O Corcunda, um dos mais celebrados representantes da extrema direita blogosférica, lança uma luz reconfortante sobre o retrato da saudosa vítima de uma cadeira subversiva a soldo de Moscovo.
Salazar nem era anti-democrata, garante.
"O seu desejo era ter circunstâncias que lhe permitissem de melhor forma adequar o país a um ideal comunitário, universalista e Cristão.
Houvesse povo para essa tarefa e Salazar seria democrata
"
Talvez não seja abusivo imaginar que com as ondas certas, na praia certa e a pita loira certa observando impassível da duna as suas evoluções, Salazar teria sido surfista.
Com a música certa e o Carlos Tê certo (talvez o cardeal Cerejeira), teria sido um rocker badalado.
Se tudo tivesse corrido bem, com o povo a compreender e aderir e a vibrar, ter-se-ia vivido uma espécie de versão pré-PREC da "disciplina livremente consentida".
Talvez a vivessemos ainda, (oh deleite) e nesse caso nem seria necessário ( ou sequer possível) estarmos para aqui a falar.
O povo português, lá nisso é um bocado casmurro, mas o Salazar, para seu grande mérito, tentou convencê-lo das mais variadas maneiras, disso não restam muitas dúvidas. Alguns nem sobreviveram à cura.
O Corcunda seria certamente o primeiro elemento do povo cujo exemplo ajudaria Salazar a encarrilar no caminho da (sua) democracia.
Há e houve outros. Poucos, para nossa eterna mortificação.
O pior foi acabar de convencer o resto antes que emigrasse.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007 

Seca

Os testículos do Jardim já só produzem bacoradas.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007 

Marte, Vénus

Tanta controvérsia acerca das diferenças entre Marte (os Estados Unidos), e Vénus ( a Europa), para afinal se descobrir que pelo menos onze países da União Europeia (incluindo, claro está, Portugal) estão envolvidos na história dos voos da CIA.
Tanta choradeira auto-vitimizadora, tantas vozes críticas da "passividade" da Europa, quando afinal estamos "todos" do mesmo lado...
Prova-se que os lamentos da direita belicista têm motivos mais ideológicos do que políticos.
Para eles, a Europa não pode limitar-se a ir a reboque dos Estados Unidos nas questões de Defesa, mau grado um ou outro arrufo para entreter a petizada, é necessário que se torne num seu clone no que diz respeito à sociedade civil e seu proxy para efeitos de policiamento do mundo.

 

Fatal

No rescaldo do último referendo, passa na televisão o espectáculo cruel da imbecilidade dos jornalistas enviados assediar Cavaco à procura de "factos políticos":
- Vai vetar a lei? - pergunta uma voz do meio da molhada que inexplicavelmente se forma como se realmente se esperasse uma Revelação .
Será possível responder dentro dos limites do decoro a esta mescla de estupidez pura e espírito de mexeriquice...?
- Quando houver uma lei para promulgar logo se vê...
balbucia o Presidente disfarçando com os seus esgares habituais a náusea que naturalmente lhe provocam estas rábulas.

 

Sabedoria popular

Hoje no café:
"Ó senhor Jorge, você que é uma pessoa inteligente, diga-me lá: onde é que é o stand da Peugeot aqui mais perto?"

quarta-feira, fevereiro 14, 2007 

Os cómicos

O Papagaio Morto aproveita uma cretinice relativamente anódina como o dia de São Valentim, algo que se não tivesse sido importado a pimbalhice nacional triunfante se encarregaria de inventar, para ironizar sobre as "importações tenebrosas" vindas dos Estados Unidos.
Infelizmente tudo indica que lhe falta o sentido de humor para apreciar devidamente outras exportações menos inócuas desse grande país, começando pela esplêndida construção de uma nação, em curso no Iraque.

 

Déficit

Satisfazendo talvez uma reinvindicação, o Dia dos Namorados coincide com o Dia Europeu da Disfunção Eréctil.

 

Chinês

Ali em baixo elogiei o aspecto gráfico de um blog.
O blog em questão é publicado na "plataforma" (não sei exactamente o que é que isto quer dizer em termos técnicos) Wordpress.
Circulando pela blogosfera percebe-se que é o que "está a dar" neste momento. Veja-se por exemplo este outro.
Todos os blogs Wordpress têm um bom aspecto gráfico, a que não é alheia a ausência da barrinha no topo da página a publicitar o serviço como geralmente acontece.
O site está cheio de tutorials explicando tintim por tintim todos os aspectos envolvidos na construção e gestão de um blog.
Como não tenho tempo neste momento para estudar detalhes técnicos, vou manter-me para já no blogger sem fazer grandes ondas.
Há que proceder com cuidado e ter presente a "tragédia" do Weblog.
O Paulo Querido popularizou o serviço e foi um boom de transferências de blogs para lá.
Foi aliás, o primeiro lugar onde pensei instalar o Bidão.
Mas passado algum tempo, o serviço passou para outras mãos e começaram os problemas, as desilusões e as deserções.
A mim, já me bastaram os calafrios por que passei na recente "migração" da plataforma a que fui obrigado pelo Blogger. Como a minha template foi "martelada" estava com receio de perder algumas das configurações. Felizmente, talvez por eu não ter aderido logo às versões beta e o Bidão não ter grandes requintes técnicos, parece que ficou tudo a funcionar sem diferenças visíveis.
Mas quem quiser começar a blogar e pode investir num bocadinho de tempo de estudo, vale a pena investigar o Wordpress.

terça-feira, fevereiro 13, 2007 

Próximo de mais

No centro de uma cidade que se convencionou classificar como "feia", no centro de uma região notável, existe uma praça deliciosa rodeada de edifícios simples mas belos.
Está a caminho da total decadência.

As condições seriam ideais para criar ali, por exemplo, um centro hoteleiro de óptima qualidade, bastaria recuperar os edifícios. Infelizmente, o que provavelmente se prepara é a sua mumificação às mãos transitórias de um ou outro serviço até se decidir num qualquer Plano de Pormenor a sua destruição total para depois os substituir por um qualquer mamarracho "moderno" muito cúbico e culto, empanturrado de "referências" e premiado, arrastando consigo a descaracterização da praça e da cidade .

Não é que estejamos perante um acervo de património transcendente.

Mas para quê tanta pressa em desfazer-nos das coisas simples e quase perfeitas?

 

Darás graxa antes da Terceira Noite

Digam que é uma cedência a um dos defeitos mais irritantes da blogosfera, mas achei que tinha de referir aqui quanto me agrada o aspecto gráfico deste blog .
(uma confissão... sou um daqueles fanáticos com duas palas à frente dos olhos incapaz de apreciar o aspecto gráfico de um blog cujo conteúdo me repugne)

 

Razões para um atraso estrutural

Estão todas aqui, em meia dúzia de palavras.

 

Ficção

Uma rapariga saindo detrás de uma estante na FNAC Chiado:
"Yeah! Right! O cachecol era porreiro", acompanhando a frase com a mímica do "Duh" simpsoniano.
"So what!?" respondeu um rapaz.
"So what!?" concluiu a rapariga.

 

Vesgo

Um papel caiu no chão do café ao lado de um cesto de papéis.
O homem sentado na mesa mais próxima levantou-se.
Pensei instintivamente: vai apanhar o papel e pô-lo no lixo.
O homem dobrou-se, apanhou do cesto um desses jornais grátis e começou imediatamente a ler em cima da mesa cumprindo assim o dever cívico de se informar.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007 

Consequência

Numa estante da Livraria Bertrand, estão, de um lado, "Os amores de Salazar" de Felícia Cabrita, e do outro, "As mulheres de Hitler"de François Delpla.
Entalado entre os dois, apenas poderia estar, (e está) "O Livro Negro da Condição Feminina" de Christine Ockrent.

 

Reconciliação

É o espectáculo prazeroso de um País que se reconcilia, pondo por momentos de lado as suas (naturais) diferenças ideológicas e de classe.
A esquerda, magnânima, elogia os católicos ( o nazi do cónego Melo aos coices no além- túmulo, coitadinho...);
Ministros admitem com sinceridade um diagnóstico que desmente grande parte dos argumentos pelas "reformas" pelas quais a canzoada de serviço tem latido nas colunas de opinião nos últimos dez anos: ao contrário do que seria levado a crer quem ouvisse apenas a canzoada, confirma-se que somos um País onde se trabalha muito, onde os salários são baixissimos, onde o triunfo do ultraliberalismo é patente no urbanismo caótico e nos lucros astronómicos dos bancos e onde tudo isto passa incólume sem a mais leve sombra de "perturbação social". Um País bom para investir, portanto.
Os críticos habituais dos desperdícios "do nosso dinheiro" quando se trata de atacar a Segurança Social, o Rendimento Mínimo e outros esquemas de protecção social, enfim tudo o que obrigue a um nível mínimo de redistribuição de riqueza, estão agora preocupadissimos com "as filas de espera" ( um refrão que devem ter aprendido nas vésperas da campanha), têm o coração mole e os cordões das bolsas generosos para "proteger as famílias". Não há limites para os orçamentos que propõem para acompanhar toda a gente de forma a assegurar que... a produtividade será máxima.

 

O maior Hipócrates

O Dr. Gentil Martins.
Preocupado com "a vida", determinado em acabar com os abortos, sim senhor, mas não deixou de apontar a "solução" das clínicas privadas ( sem médicos, de preferência) como inevitável "e provavelmente mais baratas para o Estado".
Ora bem!... we're talking business now, my friend...
Quando o despeito toma conta do coração dos "humanistas", "depois de mim o dilúvio" é o conforto moral ao alcance do mais sensível estetoscópio.

 

O grande vencedor

Marcelo Rebelo de Sousa.
Mercê dos seus esquemas, conseguiu manter um País inteiro refém de uma posição minoritária por mais de duas décadas.

 

A coerência

Dos adeptos do não, a começar pelo Dr. Malta:
um referendo, fizeram questão de notar, em que votaram menos de cinquenta por cento dos portugueses, não pode ser vinculativo.

 

Weird

Francisco Louçã afirmou que a vitória do "sim" trouxe Portugal para o século XXI e para a Europa, "onde queremos estar"...
Terei ouvido bem?

 

Síntese

Jerónimo de Sousa fez a afirmação mais certa da noite passada.
" A vitória do sim põe termo a um prolongado processo dilatório".
Uf!. É verdade. E pensar que há mais de vinte anos que tudo isto podia estar resolvido...

domingo, fevereiro 11, 2007 

Panos quentes

A taxa de abstenção foi mais uma vez arrasadora.
Depois das discussões das últimas semanas, não vale a pena agora vir dizer que foi muito menor do que em 1998.
Se da outra vez a abstenção foi da ordem dos 70%, agora foi da ordem dos 60% ... .
Grande avaria.
E isto é quando está em causa uma questão dita " fracturante"...
Os analistas, brilhantes... já começaram a explicar a baixa participação com "as condições atmosféricas".
Há sete anos era a praia, agora foi a chuva... e o nevoeiro... (ui!).
O que é claro é que o pessoal, não havendo dinheiro assim imediatamente em discussão, tem mais que fazer.
Há shopings, há passeatas inadiáveis...
Se calhar quem tem razão são os adeptos da campanha pela Vid(inh)a.