terça-feira, janeiro 31, 2006 

Diz o crocodilo para o Hipopótamo



Estava a discussão sobre o "compadrio" ainda quente, quando aconteceram os factos relatados neste post do Acidental.

segunda-feira, janeiro 30, 2006 

Contra os texugos parasitas ( e seus parasitas)

É o título do próximo post do Pacheco Pereira, early in the morning, reagindo à presença de Pulido Valente na blogosfera.
"Não sei se m'espante, não sei se m'avergonhe. Eles escrevem crónicas nos jornais, eles publicam livros e para cúmulo investem sobre um espaço de cidadania conservado até hoje praticamente incólume da contaminação dos media convencionais e dos políticos. ", desabafa o prolixo blogger, já late in the evening.

 

Sempre a melhorar

A blogosfera.
Um post como deve ser, um portento de escárnio para deixar o pagode à beira da crise de histeria .
Um distraído ficará a pensar que quando ele foi eleito deputado era um pato bravo recentemente chegado da província ao engano, uma espécie de Tino de Rans, apenas um pouco menos loquaz.
Mas os comentários ao post é que ficarão para a história do século XIX.
Uma boa salada à base de "parabéns", "regabofe", "impostos delapidados", nem falta um para concluir que "o Homem é como o vinho do Porto..."(sic). Só falta mesmo um a dizer "Bem haja!".
Um anónimo, anuncia triunfante um link com a devida vénia para o seu fantástico blog cujo título é "desgovernos", era fatal.
nota: Tinha lá um link para outro que é o "É fartar vilanagem"
É "o País" que tem a culpa disto?
Não, a culpa da crise não é só do governo, dos deputados, dos partidos e do peso excessivo do Estado.

domingo, janeiro 29, 2006 

Medo ao susto

A capa do Mil-Folhas desta semana traz uma foto de um projecto do Siza Vieira no Brasil.
Coitados dos brasileiros.

 

Qual dilema?

Muito estranho o dilema de Manuel Alegre e de alguns dos seus apoiantes sobre "o que fazer ao milhão de votos".
O milhão de cidadãos que votou no cidadão Manuel Alegre, fê-lo, tal qual os restantes milhões que votaram nos restantes candidatos, pelas mais diversas razões e no pleno uso dos seus direitos de cidadania.
A especificidade dos movimentos de cidadania são o de romper a lógica do jogo partidário e unir pessoas de diferentes quadrantes políticos em torno de objectivos concretos.
Tentar eleger Alegre como Presidente poderá ter sido um desses casos.
Para lá da sua trajectória política, ligada em grande parte ao Partido Socialista, não se vislumbra qualquer especificidade no programa da sua candidatura, nenhum traço de união positivo que distinga o tal milhão dos restantes em matéria de cidadania, que não uma cruzinha num determinado quadradinho num determinado dia, nada que permita a alguém no seu perfeito juizo afirmar que decorridas as eleições se trata de um "movimento" que esteja "em marcha" numa qualquer direcção.
Persistir com "dilemas" pode dar algum afago ao ego pelo tempo de antena conseguido a curto prazo mas acabará inevitavelmente por descambar em mais um espectáculo patético nada benéfico para a democracia e para a própria cidadania.
Uma coisa é positiva, saber-se que Alegre está disponível para encabeçar ou associar-se a cidadãos, estes que votaram nele agora, ou outros porventura, em determinados movimentos concretos, autónomos relativamente aos condicionalismos impostos pela lógica de disputa pelo poder pelos partidos.
Outra coisa é ele seguir os seus apoiantes mais entusiásticos e ter a tentação absurda de aparecer como o paladino dos "movimentos de cidadãos".

 

Nave dos loucos


Esta guarita num vértice da muralha do castelo de Juromenha parece a figura de proa da nave dos loucos arremetendo sobre a planície da Extremadura Espanhola à procura de Europa.

sábado, janeiro 28, 2006 

Nó cego

A vitória esmagadora do Hamas nas eleições palestinianas é mais um acontecimento político terrivel para juntar ao caos do Médio Oriente.
Há quem arranje paliativos anódinos do tipo "reacção contra a corrupção da Fatah", como se para reagir contra a corrupção da Fatah, um movimento armado largamente apoiado como o Hamas necessitasse de eleições.
Estas eleições desmontam isso sim a teoria de que os militantes islâmicos não têem apoio político, são uma minoria de privilegiados que nada têm a ver com as massas árabes, e que a rejeição da ocupação israelita pelos palestinianos é um "facto politico" inventado pelos media esquerdistas.
Quem ganhou foi quem se mostrou mais inabalável na prossecução de objectivos que os palestinianos continuam a sentir como seus apesar dos sofrimentos infligidos.
Tal como sucede frequentemente com povos acossados, os palestinianos esmagados pela ajuda militar norte americana maciça a Israel, entalados entre os apelos militantes à resistência e a hipocrisia na hora da acção pelos restantes países árabes, à mercê dos seus inimigos, humilhados repetidamente, desprovidos de tudo, fizeram nas ultimas décadas uma trajectória política do nacionalismo laico até ao "incorruptível" e irredutivel fundamentalismo, neste caso, religioso.
Na ausência de um estado, a ajuda que entretanto lhes chegou foi essencialmente de carácter humanitário a partir de instituições ocidentais e dissipou-se em larga medida pelos vasos comunicantes da corrupção, ou assumiu a forma dos sistemas de solidariedade "comunitária" montados habitualmente pelas organizações islâmicas.
Para os palestinianos vai ser a continuação da tragédia: quer o Hamas entre numa fuga para a frente provocando as inevitáveis represálias, quer o Hamas adopte uma atitude ambígua para consumo externo enquanto reforça a islamização interna, não se vislumbra a possibilidade de se darem passos importantes na direcção do progresso político, económico, social.
Como noutros locais, as militantes laicas que durante anos deram a cara na luta contra a ocupação, vão ser obrigá-las a escondê-las pela obtusa opressão religiosa.
Do outro lado, vamos ver o que vai dizer o pessoal que “não negoceia com terroristas” a um Hamas eleito “democraticamente”. A conclusão lógica que vão tirar disto é que todos os palestinianos são terroristas, o estado palestiniano incipiente é um “estado terrorista” do “eixo do mal” e pode legitimamente ser arrasado.
Sem repararem que é este exactamente o raciocínio dos terroristas fundamentalistas.

 

O regresso da RDA

Quinze anos depois, nunca mais acaba esta história triste de resultados desportivos viciados por atletas da RDA dopados .

sexta-feira, janeiro 27, 2006 

Seriedade tracejante

No tomar partido, o Jorge Ferreira acha que os palestinianos optaram pelo hamas "essencialmente" como reacção ... contra a corrupção da Fatah de Arafat (é obra conseguir esta teoria para o que se passou...), e inquere "as esquerdas" sobre o muito dinheiro (e algum certamente até directamente do Jorge) injectado na ajuda aos palestinianos, que nunca chegou "às pessoas e às suas necessidades".
Ele tem razão, nisso os israelitas foram bem mais sérios. As toneladas de armas que foram recebendo dos aliados americanos sempre chegaram em boas condições e ainda quentes às pessoas e às suas necessidades.
Tudo bem que o Arafat não fosse um mimo de seriedade, mas porque é que neste caso não se argumenta que ele ao guardar algum papel para si "salvou vidas" e até que "criou riqueza"? E afinal, quantas reformas douradas há aí de virtuosos críticos do "despesismo do Estado", que para as receber nunca tiveram de passar um décimo dos desconfortos do reduto de Ramallah?

quarta-feira, janeiro 25, 2006 

Chamuscar os neurónios

O que mais me admira nisto tudo é como o Pedro Mexia arranjou tempo para pegar num livro do José Rodrigues dos Santos.
Talvez tenha sido por um feliz acaso se contribuir para cortar cerce uma carreira medíocre de escritor de entediantes romances "esotéricos" e fizer assumir um ousado autor de literatura de cordel, capaz de fazer reviver a tradição de delírios rascas na linha do enorme Roussado Pinto (Ross Pynn).
A propósito deste, para quando uma reedição dos policiais marados do tipo "O caso da mulher cega", ou uma integral dos textos "Um na multidão" publicados no Jornal do Incrível?

 

A viagem maravilhosa de um graxista através da América

Há fretes que acabam por compensar... por "atacar o anti-americanismo" e "defender o idealismo dos neocons" (hoje em dia praticamente as duas faces da mesma tarefa) o Bernard-Henry Levy tem direito à designação de "agent provocateur" em francês, que é mais tolerável do que o normal "provocador", e ainda arranjou um subsidio (my, my, onde param os escrúpulos anti-subsídio por causa do absentismo e da falta de produtividade...) para andar um ano a viajar pela América e a escrever umas intermináveis inconsequentes e intragáveis artigalhadas na Atlantic Monthly.
A ideia parece que era revisitar Tocqueville mas, sabe-se lá como, estas coisas são como são, imprevisíveis como o caraças, é um mundo da porra que não conhece um pintelho de determinismo histórico ou o que seja, e a moral da história acabou mesmo por ser "atacar o anti-americanismo" e "defender o idealismo dos neocons".
Como bem diz a Zazie num comentário ao post do Queijo que referia as inesperadas conclusões a que chegou o Benny, ele "Não é ingrato, sabe que há que agradecer".

 

O dilúvio

A interpretação de Medeiros Ferreira de que só os setecentos mil votos de Soares parecem sólidos em termos de defesa do regime democrático representativo, é não só selvagem como absurda.
Levada a sério significa apenas que NÃO vivemos já num regime democrático representativo, uma pretensão que me parece que em nada contribui para defender esse regime. Por esta lógica até podem mandar vir a aberração monárquica ou as Testemunhas de Jeová, o povinho está por tudo...
É uma tirada de sabor “maximalista” que deveria estar reservada para blogs como o Bidão Vil, mais javardos e anónimos e sobretudo com muito menores responsabilidades políticas do que o “Bicho”.
Se é verdade que pela candidatura de Alegre passou uma certa aragem de messianismo populista anti-partidos a coberto da “cidadania”, e com Cavaco se amontoaram os ressentimentos pessoais de meia dúzia de ex-militares e apêndices do PRD (não foi por acaso o episódio de Grândola), é meter a cabeça na areia pensarmos que é possível aos partidos continuar a suportar enroscados nas suas hierarquias personagens envolvidos em casos como o Eurominas e a Iberdrola ( e falo destes agora porque estamos a falar do PS), mesmo na ausência de ilegalidades formais, sem sofrer por isso quaisquer penalizações por parte da opinião pública.
Num regime onde existe uma imprensa livre e plural, não se pretende um sistema casto à Savonarola,( e o PS na oposição não deixou de se colar a casos de menor importância como o caso da cunha da filha de um ex-MNE, ou da meia dúzia de metros quadrados a mais construídos por outro ex-Ministro num Parque Natural ) mas apenas um mínimo de decência.
Os oportunistas têem dois caminhos: ou acham que o essencial a preservar é a credibilidade do sistema democrático e acabam com a promiscuidade entre os seus negócios e o serviço público, o que convenhamos é um oximoro, ou acham que devem continuar a comportar-se com a impunidade habitual e sofremos todos as consequências.
Alguém, os dirigentes partidários sérios, tem a responsabilidade ética e politica de metê-los na ordem. É antes demais da absoluta responsabilidade dos órgãos dos partidos dar asas ou não às tentações populistas. Os partidos é que devem dar o sinal.
Mas não tenhamos demasiadas esperanças: a candidatura de Mário Soares fez sentido porque:

1- A actual direcção do PS não teve a firmeza e clarividência necessárias para tomar uma posição firme quando começou a tomar forma a candidatura de Alegre ( o que aliás já se verificara no disparate Carrilho). (1)
2- Não se vislumbrou UM personagem da área do PS com visibilidade pública, credibilidade e vontade, capaz de começar desde cedo a dar sinais de querer disputar a eleição. Nem um Medeiros Ferreira. E eu não vejo muitas possibilidades, num determinado momento ainda pensei em Helena Roseta mas esta sofre do handicap Alegre e não sei se é particularmente estimada na cúpula do PS.


O clientelismo e a promiscuidade entre políticos e interesses privados que habitualmente julgamos apanágio do PSD e do PP contaminou em elevado grau o PS, impede a renovação do Partido e fragiliza a democracia.
Este sim é que é o “dilúvio” e o perigo para a democracia, não é nem a escassa votação de Mário Soares, nem a reacção dos eleitores.


(1) Isto não é nenhum “apelo” para questionar a direcção actual do PS . Visto de fora parece que não tem hoje qualquer alternativa, mas não tenho como é evidente, nada com isso.

terça-feira, janeiro 24, 2006 

Praga

Já o Blue Lounge fala da "simpatia" do Jerónimo...

 

Boi aos berros à solta

Numa delicada "Nota solta" Francis C. Afonso do Berra-boi, informa-nos que Pacheco Pereira já fez um apanhado das desculpas que se começam a arranjar ( pela vitória de Cavaco ao que parece).
Como não? Pacheco Pereira é um especialista em auto-análise.
Francis, às voltas como um alcatruz para não ficar atrás do esforço patriótico do José, supera-se para encontrar uma classificação original e depreciativa para a esquerda.
Tira o esqueleto do armário e sacude o pó ao saudoso adjectivo "jacobinos".
Como nos tempos que correm, tudo vale, é mais um brilharete.

 

Sangue fresco

Um dia destes a tua template começa a deitar sangue. Pelo nariz.

 

Para que siga a ronda

Uma pequena síntese para não falar mais sobre as presidenciais.
Chega de lamúrias nos blogs de esquerda sobre a "impossibilidade" de viver com Cavaco.
Cavaco ganhou, o povo gosta dele, aturem-no agora, mas isto não é propriamente o fascismo. Daqui a cinco anos há mais. Pensem nas angústias por que a direita passou, coitadinha, décadas a fio sob presidentes perigosamente esquerdistas.
Há desforço de alguns cavaquistas mais obtusos? Estão no seu direito e limitam-se a mostrar a "classe" de que são feitos, por isso são cavaquistas não?
A caravana passa.
Quanto aos outros:
O Alegre para a próxima vez que fique em casa e deixe sair a Helena Roseta.
Sejamos práticos por uma vez na vida, é a candidata para as próximas eleições.
Soares quiz fazer aquilo de que gosta, política, e fê-lo. A ralé discute a "oportunidade" de uma coisa destas para uma "carreira política" tão preenchida, e isso diz tudo do nível da ralé, e do que a ralé pensa para que serve a política.
Jerónimo e Louçã expuseram as suas ideias para governar o país e mais não lhes era pedido.
Comentadores e candidatos desprezam Garcia Pereira com uma arrogância pouco democrática. Não pelas suas ideias mas por ter poucos votos. É a política no congelador.

 

Motivação

Amanhece. Toca a arrancar para o blog.

 

Fashion TV

Um dos icones desta campanha eleitoral foi sem dúvida Jerónimo de Sousa.
Alguém se lembrou de dizer que ele "é simpático".
Foi o que bastou para que o rastilho ateasse fogo à pradaria.
Em qualquer buraco onde se entre, que seja habitado por um sujeito de meia idade entendido em política e gramamos com a pastilha: "o Jerónimo de Sousa é um gajo muito simpático".
Claro que ninguém sabe mais nada do sujeito.
Tanto que não sabem que toda a gente garante, baseada em não sei que estudos, que teve mais votos do que os que seria possível ao seu partido, o PCP, obter...
É capaz de ter sido isto mesmo o que substituiu a política.

 

A atracção do vazio

Uma das coisas certas para que Mário Soares chamou a atenção nesta campanha foi para a importância da política.
Mas os sábios comentadores que com espírito de merceeiros se têem entretido a "lamentar" o prejuízo que Soares causou à sua própria carreira política, garantem com ar inteligente que "ele não percebeu", a política "já não é o essencial numa campanha eleitoral".
Depois fazem um ar estúpido e não conseguem explicar bem o que é que a susbtituiu.

 

A vingança de Zeca Afonso

O apoio do Presidente da Câmara de Grândola a Cavaco fez furor na campanha eleitoral, por se tratar de um independente eleito nas listas do PS.
Chegou-se às raias do sururu quando num dos momentos mais discutidos da campanha eleitoral, o dinâmico autarca conseguiu pôr o hirto professor a fazer um atroz karaoke do "Grândola vila morena" para chock and awe de alguns melómanos mais sensíveis.
Como a política já não é o que foi, a expressiva independência do autarca foi recompensada pelo governo PS a uma semana das eleições, com a presença do Primeiro Ministro, os ministros do ambiente e da economia e o Secretário de Estado do Turismo numa herdade em Melides, para apresentação de dois projectos turísticos para a zona.
O Presidente da Câmara fez então as honras da casa e recebeu rasgados elogios do líder do PS.
Tendo Carlos Beato conquistado com facilidade o segundo mandato autárquico, apoiado em pleno pelo PS e com uma oposição do PSD do tipo "quem cala consente", dir-se-ia que Cavaco tinha assegurada uma vitória tranquila em Grândola.

Se o próprio Presidente da Câmara se virava para ele, que outro indício mais forte se esperaria da vontade do eleitorado em "castigar o governo"? Era só malhar enquanto o ferro estava quente.
Por outro lado, o Presidente da Câmara, ao apostar no cavalo certo enquanto deixava que se afundassem os candidatos da área do partido que o apoiou nas autárquicas, sairia reforçado e livre de impor mais condições ao escolher o sponsor de uma futura recandidatura.
Tiraram-se lições inolvidáveis:
Atingido por um pontapé nos tomates pelo fantasma do Zeca, Cavaco teve em Grândola uma das suas poucas derrotas e Jerónimo e o PC tiveram a satisfação de vencer na vila morena.
Carlos ficou certamente encavacado ao perceber que o PS é de longe a força mais forte no concelho, com Beato ou sem Beato.

segunda-feira, janeiro 23, 2006 

Tire-se-lhes o chapéu

A Direita portuguesa demonstrou mais uma vez um comportamento adulto e objectivo relativamente às questões políticas e do poder, algo que infelizmente está ainda muito fora do alcance da Esquerda.
Cavaco nada tem a ver com o PP, que ajudou a lançar para o limbo ao juntar a sua voz ao clamor que pedia o despedimento de Portas e Santana.
Cavaco nada tem a ver com a extrema direita "liberal" ansiosa por fazer evaporar o estado.
Cavaco pouco tem a ver com o PSD populista que há poucos meses exigia a sua expulsão do partido e se lhe referia como "o Sr. Silva".
No entanto, todos estes grupos souberam ser pragmáticos, moderar o ímpeto de vingança (apenas Lopes foi voz dissonante, dando talvez o tiro definitivo no pé), vencer o asco que lhes provoca um Presidente decididamente estatista, ou mesmo suportarem galhardamente a vergonha de uma primeira dama pimbalhosa.
O Cavaco na Presidência é o garante de que eles também têem um pézinho lá na porta, todos eles "ganharam" um bocadinho.
O Presidente é "normal", é "inútil", não tem "verdadeiros poderes", mas eles uniram-se no essencial: mantiveram aberta a porta da legitimidade natural que pensam que lhes assiste de partilharem o poder apesar de perderem eleições, e os próximos meses serão uma zoada constante de "escândalos" procurando demonstrar a Cavaco a necessidade de dissolver a Assembleia da República "em nome da estabilidade".
Já à esquerda, é o espectáculo de uma luta fratricida, as diferentes candidaturas assegurando "estabilidade" enquanto prometiam ser "interventivas", não perderam sequer tempo a trocarem entre si as acusações que os cavaquistas produziram a respeito de todos.
Temos afinal o resultado que merecemos, devemos estar satisfeitíssimos.
O "povo", que "está farto de políticas", que ontem votou socialista esperando reduzir os problemas a pó de uma penada, que hoje vota Cavaco para "pôr ordem nisto", e amanhã rezará à Santa da Ladeira pedindo o milagre, tem também o que merece e está de parabéns.

 

Um todo coerente

No café, ao pequeno almoço, Marco Paulo actuava num programa de televisão.
Arrebatado, como sempre.
Um zapping oportuno do empregado, e surgiu Cavaco, um "cavaco de afectos" na expressão saborosa de um qualquer jornalista, acenava igualmente arrebatado a uma multidão arrebatada.

sexta-feira, janeiro 20, 2006 

Índice inteligente

Chegaram finalmente os calhamaços que encomendei há dias.
Vieram cada um na sua caixa de cartão cinzento exibindo inesperados carimbos dos correios alemães.
Tal como a sua versão electrónica, parece que os packets de snailmail percorrem caminhos inesperados desde a origem até ao destino.
A edição da New Directions dos Cantos, parece que é a clássica. Embora em paperback, o livro é um objecto sólido, compacto, com uma encadernação feita para resistir a longas leituras, para atravessar períodos de deambulações e aventuras.
Capa preta, letras brancas, um grafismo espartano. Homenagem subliminar?
O momento mais estranho sucedeu quando peguei no "auxiliar de leitura", o igualmente volumoso guia do Terrell.
Distraído comecei a percorrer o índice à procura de certos nomes... Marx, Portugal, .... levei uns minutos até me aperceber que lia a referência das páginas no Terrell, e abria a respectiva página nos Cantos...

 

A vida é curta demais


É uma constatação dolorosa mesmo sabendo que a esperança média de vida é hoje substancialmente maior do que há cerca de meio século atrás.
É também o título do post em que Knut Frostad descreve detalhadamente a última grande contrariedade que o Brasil1 sofreu, ao ficar sem o mastro principal a cerca de 1400 milhas da costa australiana.

quinta-feira, janeiro 19, 2006 

Quem manda na democracia?

Não consigo ler alguns comunicados de organizações ambientalistas, posts e comentários em blogs como o Estrago da Nação e o a-sul ( blogs de leitura diária obrigatória, sobretudo o último) sobre a aprovação dos projectos imobiliários no Litoral Alentejano sem ficar perplexo.
Sobretudo numa época em que por todo o lado se critica a “invasão do betão” e um modelo de desenvolvimento de “cariz neoliberal”.
A aprovação dos projectos em causa, se alguma crítica poderá merecer, será precisamente dos "ultra liberais", pois é o ponto culminante de um processo que percorreu várias etapas sempre sob controle estreito da administração pública central e local sob gestões de pelo menos três forças políticas representativas da nossa democracia parlamentar e ao longo de quase dezoito anos, quatro, se contarmos que os governos liderados pelo PSD de Barroso e Lopes eram em coligação com o PP.
Um processo que foi iniciado por um plano regional de ordenamento do território (PROTALI) destinado a promover regras de ocupação do território que permitissem um desenvolvimento sustentável acautelando expressamente a defesa dos valores ambientais e visando EXPRESSAMENTE impedir os tão criticados e badalados crimes urbanisticos e ambientais perpretados no Algarve e noutras periferias.
O PROTALI ( quem manda bitaites e o leu?) foi lançado durante um governo Cavaco, o PDM de Grândola ( quem manda bitaites e o leu?) que seguindo o previsto no Protali delimitou as famosas áreas de desenvolvimento turístico(ADTs) foi aprovado por uma autarquia sob gestão CDU, e aprovado em Resolução de Conselho de Ministros do Governo Guterres.
O Plano de Pormenor das Fontaínhas ( quem manda bitaites e o leu?) que aplica as regras do Protali e do PDM a uma escala de maior detalhe, foi aprovado por uma gestão CDU, foi "adoptado" pela gestão PS que entretanto foi eleita e ratificado em concelho de Ministros do Governo Durão Barroso. A defesa do reconhecimento de interesse público foi depois defendida ao longo dos governos Durão Barroso, Santana Lopes e José Sócrates por uma autarquia sob gestão PS.
O Protali, o PDM, o PP e os Estudos de Impacto Ambiental, não foram vistos “separadamente” como dizem alguns inteligentes. Basta ler esses documentos para perceber que todos FORAM VISTOS NUMA PERSPECTIVA DE VISÃO DE CONJUNTO. E não foram programados por proprietários à solta, foram analisados, avalizados e aprovados em todos os níveis de apreciação por técnicos do Estado, e até submetidos por diversas vezes a sessões de consultas públicas às populações. Os proprietários tiveram de adequar neste caso, as suas expectativas e interesses às prioridades e regras definidas pela administração pública.
Quer isto dizer, que ou acreditamos que estamos numa democracia, ou então torna-se difícil contestar algo que sim senhor, são projectos privados e destinados a dar muito, muito lucro, mas que só foram viabilizados após um extenso e detalhado processo de análise e controle por governos eleitos pelos portugueses, autarquias locais eleitas livremente pelos portugueses e técnicos do estado pertencentes a uma administração central que emana da democracia.
A insistência na discussão sobre as “localizações alternativas”, a “pressão humana”, os "impactos cumulativos" a “armeria rouyana” , o paleio degradante das “queixas a Bruxelas” e o diabo a sete, nesta altura do campeonato, após dezoito anos de trabalho de muitos funcionários públicos e privados, é assim um insulto ao mínimo de bom senso.
E revelam tanbém uma tentação perigosa.
Um grupo de indivíduos que se representa a si próprio arroga-se o direito não apenas de opinar, o que está no seu direito, mas de querer impor contra tudo e contra todos as suas perspectivas, sem limite temporal.
Se Bruxelas agora os mandar à fava que é o mais natural acontecer, a quem vão fazer queixas? À ONU? A Washington?
Que circunstâncias precisam então de estar reunidas para que um determinado projecto (imobiliário, turístico, ou não) avance, se não são suficientes anos e anos de planificação em organismos do estado, aprovações de governos e autarquias de várias cores politicas, populações consultadas sobre o assunto específico com anos de intervalo ?
Que conclusões politicas se pode extrair deste tipo de arbitrariedade?
Ao contrário do que pode parecer à primeira vista, e por paradoxal que pareça, o "rigor" que nada permite decidir ( sim ou não) ao longo de anos e anos por parte do estado e dos seus organismos com jurisdição nestas matérias e o incansável encarniçamento de um grupo privado de indivíduos não eleitos, trazem tatuada na testa a frase "O ESTADO NÃO TEM PODER NEM LEGITIMIDADE PARA INTERFERIR NESTAS QUESTÕES ", afinal a obsessão ultra liberal que abre o caminho à "Lei da Selva". No urbanismo e não só.
Fica-se perplexo também porque se as organizações ambientalistas hostilizam desta forma projectos com tais caracteristicas que se diriam projectados por e para ambientalistas, o que fazem AOS OUTROS inúmeros projectos que vemos avançarem discreta e diariamente tranquilos sem um pio ambiental? Destroem-nos à bomba?

quarta-feira, janeiro 18, 2006 

Modelo a martelo

No a-sul, a propósito da polémica acerca dos empreendimentos na costa alentejana, o ponto verde diz que "Sem alterar a estrutura económica, a teia de interesses e a economia paralela não contabilizada no OGE ou no PIB não saímos desta triste sina, e hoje vêm notícias estatisticas que nos põem atrás da Republica Checa, o segundo dos ultimos países a aderir à UE a passar-nos à frente.Vêm por aí é certo projectos salvadores como a fábrica da IKEA... nós aqui pelo Sul o que parece é que continuamos a dar de barato aquilo que temos de único e de valor (ambiente e paisagem) não a projectos sustentáveis, mas ao insustentável xicoespertismo... é que pode até nem ser, mas na Dysney da Moita e nos projectos para a Costa Alentejana... pode ser que sim...mas...".
Ora o problema está aqui. A Republica Checa já era um país industrializado desde o princípio do século passado que pelos caprichos da história ficou paralizada no tempo durante quatro décadas enquanto Portugal sempre foi um país atrasado.
Como muito bem demonstra o exemplo da República checa, os "modelos" não se impõem por decreto. Por muito que se combatam as teias de interesses e as economias paralelas, e embora a administração pública e os governos tenham um papel importante a desempenhar nessas matérias, são as pessoas quem em última análise cria o "modelo".
Onde estão os investidores portugueses em áreas relacionadas com tecnologias de vanguarda?
Onde estão as empresas portuguesas a revolucionar as tecnologias relacionadas com as energias alternativas?
Bem podemos clamar contra o modelo, mas de que vale isso se não temos os meios materiais e humanos para executar planos de mudança?
Ou está-se à espera de capitalistas iluminados que interpretem os "nossos" anseios, abdicando do seu papel de capitalistas? Tipo eles têem o dinheiro e nós dizemos-lhes o que fazer... será isto "sustentável" intelectual, política e economicamente?
Quando o ponto verde pede projectos sustentáveis de que fala?
De umas casinhas de turismo rural?
Muitas?
Poucas?
Espalhadas na paisagem? Concentradas nalguma vila?
De lojinhas de artesanato rural?
De preferência que não impliquem a construção de novos espaços?
Que continuem a dar trabalho a baixo custo a uma população envelhecida e desqualificada?
Em que é que isto tem capacidade para como ele diz ( e bem) "alterar o tecido económico"?
O tom algo irónico com que digo isto não pretende hostilizar ou menosprezar o ponto verde que tem feito um trabalho fantástico no seu blog nem as pessoas que falam do desenvolvimento sustentável.
Bem pelo contrário, apenas acho que é bom que comecemos a explicar concretamente o que entendemos por esses conceitos.

terça-feira, janeiro 17, 2006 

Combate ambiental

Segundo a TSF, um julgamento no Tribunal de Lamego foi interropido pelos advogados "em protesto contra o frio".

 

Mondo bizarro

É sabido como outros povos, com singular evidência para os britânicos, sublimam as agruras de um percurso escolar onde os castigos corporais são comuns, extraindo dessas circunstâncias uma fonte - que a alguns de nós parece bizarra - de inesgotável gozo sexual para condimentar a sua vida adulta.
O português, modesto, retira das bárbaras sevícias sofridas na infância, a luz de um caminho de vida, sem esperar qualquer retribuição terrena.
Olha as reguadas e outros castigos corporais suportados em criança na escola ou em casa com uma nostalgia casta que nos desarma e envergonha pelo seu desprendimento o mais empedernido masoquista inglês para quem o sofrimento é apenas veículo de uma busca egoísta do prazer.
Hoje, pela enésima vez, quando seguia atrasado para um almoço hedonista com uns patuscos convenientemente adestrados para a pontualidade britânica por infâncias devidamente polvilhadas de asperezas e pequenas crueldades feitas "por bem", apanhei mais um taxista abençoando as reguadas com que uma professora primária à moda antiga lhe encheu nos bons velhos tempos o lombo.
"Um dia deu-me doze reguadas em cada mão para perfazer vinte e quatro que foram as palavras que eu falhei no primeiro ditado que fiz quando entrei para a segunda classe.
Como eu fiquei com as mãos todas inchadas chamou a minha Mãe para a avisar de que eu ficava dispensado de fazer os trabalhos de casa nesse dia. Que grande mulher!"

 

Está muito arduo falar de política

Há alguma confusão sobre se o Babilônia é o blog mais português do Brasil ou o mais brasileiro de Portugal.
Seja como seja, ( eu acho que ele é as duas coisas e mais algumas) o que interessa é que faz faíscar alegria e espírito crítico apesar de algum desencanto natural depois de alguns baldes de água fria que a esquerda brasileira tem apanhado nos últimos tempos com os meandros dessa história deprimente do mensalão que numa dada altura ainda ameaçou extravasar para o lado de cá do Atlântico.
O grande Renato Motta não pára porém e se a política e o futebol estão em baixo, há que recarregar as baterias na melhor tradição babilonesca, ou seja o Carnaval.
Ficamos à espera das reportagens multimedia do arrasador bloco Eles&Elas, e espero que o Renato não me leve a mal por lhe ter roubado a frase que titula este post.

 

Trabalho "independente"

Esta vitória vai também criar postos de trabalho.
Para a miríade de fachos e mercenários que durante os próximos anos terão emprego assegurado (a recibo verde ou mesmo por debaixo do tapete que seja) nas dezenas de think tanks, fundações e institutos "independentes" que nos próximos anos vão investir muitos dos milhões que não pagam em impostos a tentar desestabilizar o governo de Bachelet.

 

Viva!

Grande vitória de Michelle Bachelet.
Talvez agora seja possível enterrar definitivamente a era Pinochet.
O facto de ser a primeira mulher presidente na América Latina ( e uma das primeiras do mundo) é também muito importante.

domingo, janeiro 15, 2006 

Extremos

Para se ter uma ideia das condições em que decorre a regata de circun-navegação de que falei aqui, veja-se este pequeno filme realizado a bordo do barco que lidera a competição, velejando a cerca de 20 nós propulsionado pelos roaring forties.
Só uns poucos minutos porque a duração desta etapa da regata é de cerca de vinte dias.

 

Código Secreto

Um amigo meu, lagarto fanático, "vê" os jogos da equipe na Sport TV, sem ter a respectiva assinatura.
- É o que se chama futebol em código, explicou-me.

sexta-feira, janeiro 13, 2006 

Dentro da nossa casinha...

Um post do Pópulo sobre o caso das escutas (reparou agora o povo na bandalheira em que se transformou desde há anos a questão) intrigou-me porque a digitalização da capa do 24 horas que o acompanhava trazia uma referência a um tal Karyakas, um jogador do Benfica em quem eu nunca tinha ouvido falar.
Segundo o jornal, o rapaz cometeu um crime de tal forma grave que apanhou com um processo disciplinar e está proibido de entrar no local de trabalho.
Imaginei logo o crime: chegou uma semana atrasado ao trabalho ou agrediu um companheiro de equipe nos treinos, como tem acontecido esta época em grandes clubes, se calhar agrediu um colega de trabalho de outra equipe, como é banal em qualquer desporto de competição.
Não, frio, muitissimo mais grave do que isso.
O malfrate deu uma entrevista onde com ou sem razão se queixou de não jogar ( outra coisa banal nos noticiários desportivos) e, mais grave ainda, beliscou o nosso brio nacional. Tssss....!
"N'o país" em que qualquer saloio das hortas se queixa da "miséria de País", ai de qualquer outsider que exprima a menor crítica, mesmo que esta quase se limite a uma constatação que qualquer pacato Pai de família com crianças em idade escolar, sem carro e sem residir num condomínio privado subscreverá espontaneamente, talvez até de maneira mais eloquente :

"Portugal é um país atrasado", declarou. "Acredito que Lisboa está cerca de 20 anos atrás (de Moscou). É uma grande vila. Não há lugar para as crianças brincarem"
Não será isto uma bela metáfora do nosso provincianismo?

quinta-feira, janeiro 12, 2006 

Dementia


Decidi no final do ano passado que até ao fim de 2006 tenho de ler Os Cantos de Ezra Pound finalmente editados em português pela Assírio & Alvim.
Ainda não tinha percorrido duas páginas e já estava a encomendar on line dois indispensáveis auxiliares de leitura. A edição dos Cantos da New Directions e o guia enciclopédico de Carroll Terrell.
Ainda não sei se vou acabar por ler em inglês ou em português ( há uns bocados para os quais é necesário aprender um pouco de chinês). Vai ser difícil é andar com os três calhamaços na mochila.

quarta-feira, janeiro 11, 2006 

Pensar duas vezes antes de emigrar

Podemos estar na cauda.
Mas em que outra capital da Europa se pode nos primeiros dias de Janeiro e por seis euros e meio, fazer uma refeição completa com este panorama, esta luz.

 

Para quê discutir mais?

O sempre avisado Economist mostra a sua capaciade de apreensão da realidade portuguesa "...if it fails, says Portugal's president, José Socrates, Portugal will take up the task ..."

The Economist January 7th 2006 pág 31 "Back from the dead".

 

Complexo nacional

Uma senhora no café:
"isto é uma vergonha, só neste país é que fazem um anúncio com o hino nacional".

 

Um país agitado

Não passa um dia sem um tremor de terra

segunda-feira, janeiro 09, 2006 

Geração Rasca

Apesar da minha intenção de parcimónia nos links, junto o Geração Rasca à coluna da direita.
Do Geração Rasca só tenho a dizer bem.
Para ser honesto acho o conteúdo mais politizado um bocado eclético demais para o meu gosto.
Penso que são pessoas à procura de uma "orientação", com a ideia que é possível sedimentar um posicionamento político através de uma escolha puramente racional, escolhendo um caminho pela consulta de informação, exceptuando talvez o André Carvalho que eu já conhecia de comentários noutras paragens.
O que não lhes falta porém é simpatia e fair play blogger, qualidades importantes na blogosfera e que transcendem de certo modo o mero posicionamento político.
Por duas vezes lá deixei comentários críticos e ao invés das habituais ( e talvez naturais) reacções ríspidas responderam de forma conciliatória.
Ainda por cima a Sabine, um dos autores do blog, visitou aqui o bidão infecto e comentou.
Culminaram dando-me a "bofetada de luva branca" de me linkarem.
Espero vir a ter com eles duelos musculados, diálogos instrutivos e uma boa amizade blogger.

domingo, janeiro 08, 2006 

Quem não chora...

Os indicadores globais referem a nossa fraca produtividade como o factor fundamental do nosso atraso.
É esse o resultado da performance global média dos agentes económicos, das empresas, dos empresários, dos trabalhadores...
Porém, nesse mesmo contexto ( competição com outras economias sujeita às regras de concorrência internacional e aos mecanismos que em Portugal regulam a actividade económica), existem em Portugal pessoas e empresas que se tornam referências internacionais pela sua qualidade.
Os principais produtores de queixumes e lágrimas de crocodilo quanto à nossa economia e às suas regras, os bancos, algumas grandes empresas, apresentam sistematicamente, no final dos seus exercícios anuais, lucros record, o que se reflecte em áreas onde não existem avaliações idealistas das actividades das empresas como nas bolsas.
O que quer dizer que os governos e os políticos têem um papel importante mas limitado em tudo isto. Não é o alegre, o cavaco, o soares, o louçã ou o jerónimo que por si farão "andar as coisas para a frente".
Quem faz andar as coisas para a frente, são os agentes económicos, o conjunto da sociedade.
Nós.
Continuar a fazer diagnósticos centrados na actuação de um numero ínfimo de profissionais, os políticos, é meter a cabeça na areia.
Ou tarefa profissional dos opinion makers saídos ou mesmo integrando os quadros das grandes empresas, mais ou menos comprometidos com as máquinas partidárias.

 

A picada do escorpião

Fiquei com curiosidade de ler o tal editorial do Publico de 30 de Dezembro que refere o jpt do Ma-chamba.
Tentar perceber como será inevitável que a ajuda publica ao desenvolvimento tenha de desembocar forçosamente na corrupção generalizada e seja um factor de paralização de um país.
Afinal de contas entrámos na Europa integrados num grupo de países que tiveram, tal como nós, ajudas generosas. Mas somos nós quem continua na "cauda", prestes a sermos ultrapassados pela revoada seguinte de países que tal como nós tiveram acesso às generosas subvenções provenientes dos motores da europa e se preparam para nos ultrapassar em beleza.
Embora seja um caso um pouco diferente, a Noruega era até há poucas décadas um país atrasado. Ainda hoje passam por serem os grunhos des escandinavos. Até que lhes coube em sorte o totoloto do petróleo. Qualquer ignorante pode comparar as transformações que isso provovou na sociedade norueguesa com os resultados obtidos em Angola e na Nigéria por exemplo.
Admitamos que por hipóteses o outro negro começava a jorrar de repente num qualquer ponto do nosso território. Não é difícil vaticinar que seria uma catástrofe, excepto para meia dúzia (ou menos) de oligarcas que tirariam proveito da situação.
O que quero dizer é que o problema não são as ajudas.. etc.
O problema somos nós.
Nós portugueses.
Nós que mandamos bitaites da geral.
E as dezenas de opinosos que ou já participaram do poder sem quaisquer resultados positivos mas que acham ser seu dever lá voltar, ou pertencem à engrenagem da produção de opinião que são os media espectáculo e sua promiscuidade com os agentes políticos e empresariais, que diariamente, como se se tratasse de uma tarefa tão imperiosa como inútil, debitam "análises", "diagnósticos" esmagadores sobre a situação política e os seus vícios.
Aliás, começo a convencer-me que essa "indústria da caracterização da crise", faz parte do "vício", do sistema de corrupção.
E não saem (saimos) disto.

sábado, janeiro 07, 2006 

Estranho Navio









Lisboa de noite também pode parecer, por vezes, um "estranho navio".

 

Contratempo

"Saltou a tampa" ao Brasil1.
Quando seguia embalado prestes a tomar a liderança da segunda "perna" da regata transoceânica de circun-navegação para veleiros monocasco, a Volvo Ocean Race, a decorrer entre a Cidade do Cabo e Melbourne, o barco brasileiro Brasil1, cujo skipper é Torben Grael, um dos maiores velejadores olímpicos de sempre, acusou danos estruturais no convés.
O azar obrigou o barco a mudar subitamente de rumo e a dirigir-se ao porto sul-africano mais próximo, Port Elizabeth onde está a ser reparado pela equipe de terra dirigida pelo Alan Adler.
A prova do Brasil1, uma equipa com orçamento relativamente reduzido, comparada com a maior parte das restantes, tem sido empolgante, permitindo-lhe manter até ontem, pelo menos, o segundo lugar da classificação geral.
Espero que as reparações sejam rápidas e que o veleiro volte ao mar a tempo de ainda fazer um brilharete nesta segunda e dificílima etapa.
Aproveito para juntar à lista de links, o blog onde a tripulação vai relatando as peripécias a bordo na primeira pessoa. Cada post tem centenas de comentários de uma multidão de fãns entusiásticos, entre incentivos, "flames" típicas de entusiastas do futebol e "treinadores de bancada" e discussões de carácter técnico entre especialistas da vela onde por vezes participam pessoas ligadas ao projecto.
O decurso da prova pode ser acompanhado mais de perto, fazendo o download do software Virtual Spectator, uma espécie de "Google Earth" onde podemos seguir as trajectórias e posições relativas dos modelos virtuais dos barcos concorrentes a partir de amostragens de GPS feitas de 10 em 10 minutos, e outras funcionalidades.

sexta-feira, janeiro 06, 2006 

Derivas blogosféricas

O Bidão que se preza encosta-se a um canto e vê o espectáculo passar.
Uma regra que é seguida com cuidado mesmo por um contentor vil e apagado como este que faz do "low profile" uma regra.
Postar? Na calma, quando apetece, o mais das vezes o que dá gozo é vagabundear por outros blogs e ocasionalmente deixar comentários.
Por essa razão, porque não interessa andar à cata de links para nomes sonantes, não tenho pressa em elaborar uma lista infindável de blogs e referências , só porque é uma regra não escrita da blogosfera. Esses links irão aparecendo ao longo tempo, naturalmente, ao sabor do "acaso" e tendo como regra geral preterir os mais famosos, não por não gostar de alguns deles mas porque me parece que a blogosfera é tão vasta que não valem a pena os engarrafamentos.
Hoje, aproveitando uma lacuna de inspiração, aproveitei para incluir os seguintes:

a-Sul

Um blog ambientalista sui generis. Ao que parece sediado no Seixal, utiliza a fotografia aérea e o Google Earth como arma de combate contra o que considera os abusos da especulação imobiliária e do desenvolvimento insustentável. O facto de as câmaras da margem sul serem maioritariamente comunistas leva a a um posicionamento politico do blog muito adverso a essa força política, o que provoca discussões acaloradas na caixa dos comentários, onde por vezes se debatem aspectos interessantes e as contradições da política autárquica e da política ambiental...Sigo quase diariamente.

Ponto Media
É um blog de um profissional, sintético nas opiniões e com interessantes sugestões de links na área do ciberjornalismo e não só.

Prozacland

Um blog boa onda com textos inteligentes e diversificados que tenho vindo a seguir com atenção.

Portugal Contemporâneo

Um excelente blog de direita, com textos interessantes e inteligentes. Gosto do estilo porque é mais pedagógico do que panfletário e porque tem poucos traços da arrogância e proselitismo que é habitual, se não a imagem de marca, dos bloggers da mesma área política. Sigo com regularidade.

Weblog updated

Quem quiser abrir o computador e ter num relance um panorama das últimas actualizações nos blogs portugueses que se publicam na plataforma weblog, vem aqui. Já reabriram as inscrições para novos blogs, e eu próprio pondero a migração para essa plataforma quando achar que me apetece mudar de ares. Quanto mais não fosse tem a vantagem de ser gerido por portugueses (desculpem o deslize paroquial) e tem (pelo menos) um rosto.

Bruce Sterling
Este é quase do tipo "palavras para quê?", uma referência do cyberjornalismo desde há uma década pelo menos, e um portavoz do liberalismo norte-americano que me agrada e pouco tem a ver com a "outra"( pronto... já abri o jogo para o Zúquete). Por vezes utiliza um calão que é difícil seguir fora dos circulos de "neófitos". Checkar com regularidade.

quinta-feira, janeiro 05, 2006 

Ao crava

No Portugal Contemporâneo, uma referência cheia de candura ao processo em curso de refundação da Direita, que nem o mais delirante adepto do Bloco de Esquerda se atreveria a "propalar":

"(...)Depois, no seguimento disto, começaram a surgir alguns indícios dessa eventual renovação: uma fundação que aglutinaria liberais, conservadores e democratas-cristãos com Paulo Portas, patrocinada (paga) por dinheiros provenientes de instituições ligadas ao Partido Republicano dos EUA; uma revista (a Atlântico) que se propunha representar uma nova geração de gente de direita que pensaria para além da política do dia-a-dia; uma intensa actividade blogosférica, com algumas extrapolações públicas, concretizadas em meia dúzia de conferências e debates(...)" (bolds e sublinhados meus)

Descansem que não vou já desatar a incomodar com o "partido do Bush", etc...
O que acho divertido neste texto é comprovar que a teoria de que "não há almoços grátis", é só para "inglês ver". A não ser que para almoçar umas côdeas do partido republicano americano, a direita portuguesa refundida, garante da dignidade e da independência nacionais e sobretudo a verdadeira defensora dos interesse dos "mais necessitados", esteja disposta a pagar o que seja necessário.
Por menos do que isto seria o Partido Comunista certamente acusado de "alta traição" ao procurar no tempo da ditadura apoio do PCUS, tal facto converteria imediatamente os seus dirigentes em "espiões soviéticos".
É evidente que os direitistas da refundação o farão com alguma dose de inocência (enfim...). Acreditam tanto num sistema que identificam com "a verdade" e "a liberdade", que nem concebem que outros teriam esperado o mesmo tipo de apoio apenas em função do "internacionalismo proletário" e não exactamente para "prejudicar o país".
Em termos de táctica política, os protagonistas da refundação reproduzem com um seguidismo impressionante (com um século de atraso) as técnicas leninistas "da revista". Neste caso a Atlântico. Fazendo parte de "uma estratégia", para chegar a um sítio qualquer...
Mas o que me deixa mesmo deveras desesperançado, é constatar que descontando o episódio irrisório da revista, a nossa direita mais "liberal", voluntariosa, inundando as colunas de opinião com "receitas de sucesso", como se estas estivessem acessíveis "a qualquer um" disposto a trabalhar "ao virar da esquina", não conceba sair do buraco em que se encontra sem ser ao crava dos americanos, caramba.
Arranjem kermesses, vendam o corpo, metam-se no imobiliário, vão para as obras, vendam badges, façam bolos para fora, mas tentem pelo menos, tentem sair da crise vendendo o paleio que tentam impingir como solução para os problemas do país.

 

A exaltação do efémero

Lê-se com incredulidade que o Afixe vai acabar.
Porquê? Porque os seus autores se fartaram.
Após o primeiro choque e o desapontamento, entende-se que é a explicação mais séria e coerente, aquela que melhor demonstra a liberdade que ainda é possível na blogosfera.
Durante dois anos o Afixe construiu um estilo de intervenção muito próprio, acutilante e transversal às opiniões diversificadas dos seus muitos autores. Isso deveu-se à personalidade do Rogério e ao esforço e dedicação quase profissionais de todos os restantes autores (o "quase" deve-se apenas ao facto de não ser uma actividade remunerada, quantos "consultores" da treta andam por aí que muito teriam a aprender com a qualidade da escrita e o talento gráfico deste projecto...), os da actual equipe e todos aqueles que por lá passaram.
Incluindo, arriscaria eu, os leitores e comentadores.
Como evitar, embora correndo o risco de ser injusto para os outros, referir os que para mim foram os personagens mais "emblemáticos" ?
O Gibel que fecha(?) com chave (e número) de ouro com uma espectacular exortação ao "novo blogger", o Bernardo, o sharkinho e a Émiele, a Madge a cujo fantástico talento se deve a imagem gráfica do blog e... "last but not least", o inevitável Rogério.
Que esse esforço, de que resultou um trabalho colectivo com tanta qualidade, possa parar de repente porque sim, porque se quer partir para outros projectos, e não hajam divergências políticas, cláusulas jurídicas, acertos de contas, considerações quanto a "responsabilidades" e "compromissos" vários, considerações quanto a "expectativas racionais", distribuição de lucros, e outras chatices que tanto azedam o final de tantos outros projectos é digno de homens.
Um luxo, terminar assim, porque sim, no topo.
Os segredos? Não sei se as tendências esotéricas do Gibel ou os arquivos do Priorado de Sião mantidos pelo Bernardo nos deixarão alguma pista, mas apetece-me ser mais prosaico e apostar na amizade e no gosto pela liberdade.
Vamo-nos vendo por aí.

 

Coisas que eu não entendo

O artigo linkado abaixo, foi publicado na Scientific American em Maio de 2003.
Tal como o artigo de Robert Sapolsky que referi abaixo, também originalmente publicado na Scientific American, integra o livro "The best american science and nature writing 2004" editado por Steven Pinker e publicado pela Houghton Mifflin Company, que se encontra por vezes à venda na Tema nos Restauradores.
A versão publicada no livro está editada para a aligeirar de algum formalismo matemático e torná-la mais acessivel a leigos como eu. Por outro lado, o artigo publicado na Scientific American beneficia de fantásticas ilustrações que ajudam o comum dos mortais a "visualizar" alguns dos conceitos discutidos.
O que me faz confusão é isto:
Apesar de este artigo, bem como o do Sapolsky se encontrarem integralmente disponíveis na internet, apenas são acessíveis no site onde foram publicados originalmente a quem os comprar.
O que ganham a Scientific American e outros jornais e revistas com uma política editorial idêntica, com isto?

 

Dá para todos

Max Tegmark, um Professor Associado do MIT, já fez a sua previsão quanto ao resultado das eleições presidenciais portuguesas.
Todos vão ganhar.

quarta-feira, janeiro 04, 2006 

O fim da picada

Num post com o titulo dramático, "O fim da República", o Eleito encosta a República à parede.
É a propósito de um tema bem actual, o TGV...
" Se o objectivo do regime em vigor em Portugal é promover a criação de vias de comunicação que benefeciarão em primeiro lugar a estratégia expansionista económica da vizinha Espanha, então esse regime, a República, não serve Portugal. "
Ora aí está para o que servem as vias de comunicação entre Portugal e Espanha. Para beneficiar a estratégia expansionista da Espanha...
Ora isso, não o poderemos permitir, mandem depressa fechar as fronteiras, deitem abaixo as pontes sobre o Guadiana e o Minho. Que nem mais um só expansionista espanhol atravesse a nossa fronteira.
Temos os nossos saveiros, temos as nossas faluas, que chegam e sobram para assegurar a NOSSA expansão sem passar por Espanha.
Em caso de urgência sempre poderemos ir a salto.
Quem assina o post é o Afonso Henriques.
Em breve o Conquistador. Num cinema perto de si.

 

Molho eleitoral

"Sócrates escolheu Soares para poder governar com Cavaco"
Paquete de Oliveira
Jornal de Notícias, 31-12-05

Durante uma campanha eleitoral é natural que as teorias nasçam como cogumelos.
Que a mais idiota de todas elas seja repetida à saciedade por todo e qualquer "analista" que se queira armar em chico esperto à mesa do restaurante, no post do blog, ou na página do jornal, é que se torna mais difícil compreender.
Parece que um dos responsáveis por este belo exemplo da escola do maquiavelismo-de-trazer-por-casa que devemos ao buliçoso Marcelo, foi o Francisco Louçã; sobre ela acorreu em atropelo como um bando de agitados papagaios, parte significativa do coro cavaquista e os restantes treinadores de banca de todos os bordos.
Louçã e os treinadores de bancada não se dão conta da inconsistência entre tal exemplo de rebuscado cálculo político e a "tese" de outras ocasiões que apresenta Sócrates como "só fachada" e "de plástico".
Os cavaquistas (aqueles dispostos a acreditar em patranhas) esquecem que sendo assim, uma vitória de Cavaco seria também mais uma vitória do mesmo Sócrates de quem eles dizem cobras e lagartos e que enterrou o PSD sob o peso de uma humilhante maioria absoluta, o que tornaria o seu devoto apoio ao homem que melhor faria "pendant" com o tenebroso lider dos boys socialistas, num mero ímpeto suicidário.

 

Os filhos pródigos

O aspecto mais intrigante desta nova "hola cavaquista" é ser constituída em grande parte por aqueles que há quinze anos tinham como desporto o tiro ao alvo ao Cavaco.
A "geração rasca", que um dia lhe mostrou o rabo, vem hoje comer-lhe à mão.
Imagino as colecções de "Kapas" e de "Independentes" dos bons velhos tempos que andam por aí a ser engolidas à mistura com os vermes do papel, em cantinhos de bibliotecas privadas.

 

Macaquinhos no sótão

Uma das coisas mais perturbantes que li nos últimos tempos foi este artigo de Robert Sapolsky, Bugs in the Brain, publicado na Scientific American em Março de 2003.
De acordo com esta passagem,

"... some parasites actually alter the function of the nervous system itself. Sometimes they achieve this change indirectly, by manipulating hormones that affect the nervous system.
There are barnacles (Sacculina granifera), a form of crustacean, found in Australia that attach to male sand crabs and secrete a feminizing hormone that induces maternal behavior. The zombified crabs then migrate out to sea with brooding females and make depressions in the sand ideal for dispersing larvae. The males, naturally, won’t be releasing any. But the barnacles will. And if a barnacle infects a female crab, it induces the same behavior—after atrophying the female’s ovaries, a practice called parasitic castration..."


Ou seja, existem seres que se instalam no corpo das suas vítimas e aí, actuando sobre os canais apropriados, induzem comportamentos que lhes são favoráveis.
E não só, existem seres, normalmente virus, que se instalam no cérebro das suas vítimas cujo comportamento passam a "comandar", de forma a facilitar a sua transmissão para outro portador. No artigo, Sapolsky dá o exemplo simultaneamente assustador e maravilhoso do triângulo fatal gato-rato-virus da toxicoplasmose.
Um rato infectado com esse virus, perde uma das caracteristicas fulcrais do comportamento do rato, vital para a sua sobrevivência, o mecanismo de alarme relativamente ao seu predador, o gato, tornando-se presa fácil. Ao comê-lo, o gato fica por sua vez infectado e pronto a iniciar novo ciclo de propagação do virus, normalmente através das fezes.

Enfim, algo que desde há milénios ocupa a mente de destacados políticos, estrategas e publicitários que só conseguiram até agora obter resultados por meios indirectos ( os famosos memes?) como o nacionalismo, a religião, a ideologia, a publicidade, o controle dos meios de comunicação, etc...
A teoria de Sapolsky é que a imagem que a nossa espécie tem de si mesma como a mais avançada do universo deve ser encarada com alguma ponderação.
Felizmente....

 

No céu

O homem cambaleou pelo corredor do eléctrico até se encostar a um canto da plataforma posterior do eléctrico.
O violento cheiro a urina que dele se desprendia criou uma clareira à sua volta.
Chegaram os fiscais e detectaram uma irregularidade qualquer com o seu título de transporte.
A polícia foi chamada sem se perceber a razão.
Talvez o seu sorriso beatífico tenha perturbado os fiscais.

 

Intelligent Design

Em doze peúgas que coloquei em cima de uma mesa hoje de manhã, não consegui formar um par.
Quais as probabilidades de isto acontecer por acaso?

terça-feira, janeiro 03, 2006 

O senhor da Agonia

Quando acedi ao Portugal Contemporâneo, um dos vários blogs de direita que gosto de acompanhar, para linkar um post ao meu post anterior, deparei-me com um texto do leitor João Casabranca sobre o problema do sistema de ensino em Portugal.
O texto não é muito claro:
Começa por referir a influência "tentacular" de um certo "partido de extrema esquerda"(?) que procura caracterizar sociologicamente "tant bien que mal" e sem se perceber bem como, nem o a propósito salta para uma enunciação dos defeitos do ensino em Portugal.
O ensino público é para João Casabranca a fonte de todos os males.
Como sempre acontece é fácil concordar com alguns dos aspectos da sua crítica, mais do que batidos e rebatidos. Com outros nem por isso: a verdadeira paranóia de os professores não saberem onde iriam dar aulas no ano seguinte foi substituida pela garantia de manutenção no mesmo estabelecimento de ensino durante três anos. Para o João, isso é um evidente resquício do Estado Soviético no nosso sistema de ensino.
O que demonstra que a solução (milagrosa?) dos problemas do ensino em Portugal não passa por ataques ideológicos ao ensino público, é que o sector privado, nalguns casos de pendor marcadamente religioso, não obtém nas estatísticas de classificação das escolas uma diferença significativa de resultados, pelo menos uma diferença que justifique os preços praticados que o põem a salvo das "tendências niveladoras" que tanto aborrecem o João .
Apesar de tudo, continuei a leitura do artigo esperando ser confrontado com argumentos, propostas de medidas concretas que me fizessem pensar, um pouco como me acontece com alguma frequência quando leio outros posts do Portugal Contemporâneo.
Eis senão quando, de repente, o João aponta a bússula para o que no fundo, no fundo, verdadeiramente o preocupa: a recente ordem de retirada dos crucifixos das escolas públicas.
Fiquei desapontado.
Não é por se retirarem os crucifixos das escolas que o ensino vai melhorar nem me parece possível comprovar que estava melhor com eles pendurados nas salas ( o João defende que estava horrendo). Para quê então o alarme ?
O que é verdade é que a ordem foi dada sem dramatismos e os crucifixos desaparecerão das saulas de aula sem sobressaltos de maior, prova da nossa maturidade democrática.
Não se vislumbra é o que isto tenha que ver com "agonia laicista"...

 

Tiranicídio?

Um choque para todos aqueles para quem a propriedade privada é um "direito absoluto".
Um tribunal francês acaba de mandar em paz um grupo de activistas que destruiram colheitas de cereais transgénicos.
Há uma coisa que ainda não percebi no meio disto tudo.
Se existe uma ofensiva generalizada contra os fumadores baseada quer na necessidade de proteger os direitos individuais dos não fumadores que são voluntariamente expostos ao fumo e aos seus potenciais efeitos nocivos, quer para reduzir os custos de saúde associados ao consumo do tabaco, porquê se hesita ainda em impedir a disseminação comercial de tecnologias potencialmente muito mais devastadoras?

segunda-feira, janeiro 02, 2006 

Blogs de Lisboa


É fundamental alargar a comunidade blogosférica de Lisboa.
Para já acrescento à lista de links o blog Cidadania LX com informações de várias frentes e uma lista de blogs sobre Lisboa, incluindo dois que eu já conhecia, o Olissipo e o De Lisboa.

 

Adding insult to injury

Quando se pensa no valor do terreno no centro de uma grande cidade, o caso do Terreiro do Paço pode fazer crer que somos um país riquíssimo.
Só um país com uma abundância de património tal que o seu valor seja nulo, se pode dar ao luxo de ocupar o centro da sua capital com uma lixeira . Há demasiados anos que dura o chavascal que a incúria a incompetência, a irresponsabilidade política e a venalidade instalaram na mais simbólica e imponente de todas as praças do país, bilhete de identidade não só de Lisboa mas também de Portugal.
O Cais das Colunas jaz sob um monte de detritos de obras inacabadas, um caos provavelmente a pagar preços europeus de "manutenção de estaleiro".
A "etiqueta verde" que ostenta com desplante, é apenas mais uma piscadela de olho sardónica que todos, donos de obra, empreiteiros, "técnicos ambientais" que assinam tais "certificados", dão aos cidadãos de quem troçam diariamente: adding insult to injury.

 

Franchising

Muito se tem discutido sobre o "anti-americanismo" mas poucos conseguiram situar o problema com tanta precisão como o José Pedro Zúquete no artigo "A américa do nosso descontentamento" publicado na Revista Atlântico.
"Se há algo que um antiamericano não gosta que lhe chamem é de ser antiamericano. Reage indignado, "eu?". Rapidamente somos bombardeados com uma litania de razões pelas quais o anti-americano tenta demonstrar que, não obstante a "honesta divergência em algumas questões de carácter político", o rótulo antiamericano não se aplica ao seu caso."
( Repare-se no detalhe, na boca de um anti-americano, qualquer enumeração de factos da cultura, da história e da sociedade americana a destacar pela positiva, são uma "litania"... faz lembrar, estranhamente, a "ladainha", mais ao gosto dos detestados Jerónimo de Sousa/Carlos Carvalhas ).
Tirando uma pequena simplificação, está aqui quase tudo.
O bom-senso diria que pode definir-se alguém como anti-americano se esse alguém se assumir como "anti-americano".
Zúquete, porém, incumbido por não sei que Comissão Contra as Actividades Anti-Americanas, não se fica por superficialidades dessas para nossa ilustração e divertimento.
Essa classe de anti-americanos que dizem que o são, existe sim senhora, mas quem são eles? Onde estão? Bah! Dá muito trabalho procurar, é assunto que nem sequer dá luta. Para isso servem os valorosos GIs espiolhando as ruelas de Sadr City ou as encostas desoladas da "North-West Frontier".
A Zúquete interessam "os outros" anti-americanos, a saber, aqueles que negam sê-lo.
Para desencorajar algum vivaço que pretenda eximir-se ao vergonhoso labéu com uma esquiva ligeira , o José Pedro dá-se ao trabalho de elencar uma série de possíveis defesas que ele desarma com estonteante facilidade.
Os exemplos que escolhe e a forma como os "desmonta" dizem mais sobre os gostos particulares do(a) amigo(a) em quem ele estava a pensar quando escreveu a redacção.
Imaginemos então um caramelo que se descuide a dizer que gosta do Ezra Pound, pouco suspeito de esquerdismos, enquanto cai na asneira de revelar ao José Pedro que não acha a invasão do Iraque uma das decisões politicas mais corajosas da história da humanidade desde a criação da escola de Sagres? Logo se vê que o tal sujeito é suspeito de simpatizar com proponentes de soluções anti-democráticas, e portanto "anti-americano". Foi topado.
Gosta do Frank Sinatra ( e desgraçadamente acha Dick Chenney um escroque), é do género mafioso. Mafioso, e ... (adivinharam) anti-americano.
Lembre-se um qualquer patusco de inadvertidamente engraçar com o trepidante "Assalto ao Arranha Céus" e o seu protagonista, o indefectível republicano Bruce Willis, esquecendo-se de ligar em simultâneo para o Help Desk de Zúquete declarando expressamente que considera que Noam Chomsky é a sexta ou a sétima reincarnação da Besta. Sai chamuscado, não passa de mais um ANTI-AMERICANO. Primário.
A gestão do anti-americanismo funciona assim como um franchising.
Uma pessoa não é anti-americana por dizer que é ou sequer por negá-lo. Não lhe cabe definir-se, não tem esse direito, que é posse inalienável do Zúquete.
Tal como, reza a história, o "Baron de Lima", um vagabundo da mítica Paris dos anos sessenta, passava soberbos diplomas de "free man" a quem estivesse disposto a desembolsar uns francos, José Pedro Zúquete "certifica" o "anti-americanismo" de todo o tipo.
Mas neste caso de borla e sem o visado ser ouvido nem achado.
É pândego porque vivemos na Europa e em democracia.
É pândego porque é com artiguecos deste tipo que a direita ( ou parte dela) pretende lançar "debates ideológicos".

 

Circunstância atenuante

Na primeira crónica inspirada de 2006, um João César das Neves amante dos paradoxos confessa que não é de esquerda por razões de esquerda.
Se as posições habituais de João César das Neves são a consequência natural de uma atitude de esquerda, pode imaginar-se o que seria se o colorido "opinion maker" se baseasse em princípios genuinamente de direita.

 

Andando

Sem pressas.
A template começa a tomar forma.
Apenas o que considero serem as funcionalidades básicas de um blog.
Aspecto gráfico ainda não satisfatório.
Tenho de arranjar um outro fundo, alterar cores, controlar melhor como aparecem as imagens etc... sem que isso se torne numa obsessão. Tal como está, para postar já serve e este blog não pretende ser um manifesto estético.
Iniciei a lista dos links que dividi em duas partes.
Blogosfera e outros. Estes "outros" poderão vir a subdividir-se.
Procurarei ir justificando a inclusão de novos links, em especial os blogosféricos.
Para já, um escolhido ao calhas pelo título despretensioso.
Nos "outros", inauguro com a Storm, por ser uma revista portuguesa on line de referência.
Nos próximos dias procurarei afinar alguns detalhes.
Se conseguir atingir um todo que me agrade, talvez comece a postar com maior frequência, ou aproveitar o que aprendi para apagar este teste e iniciar um novo blog.
Logo se verá.

 

zig zag


lapping to my top